Enquanto a maioria dos bancos está adotando medidas de proteção aos seus funcionários, colocando mais de 51% da categoria (230 mil bancários) em regime de home office, ou inclusive antecipando o pagamento da primeira parcela do 13º salário para dar um “fôlego” financeiro aos empregados em virtude da pandemia de coronavírus (como anunciou ontem, 2/4, o Bradesco), o Santander em Rondônia parece mesmo disposto a correr em direção contrária e, com o nítido propósito de não ter perdas nas suas margens de lucro, continua desrespeitando as decisões judiciais.
Na última terça-feira, 31/3, após mais uma ação do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO) para tentar barrar a sanha do banco em obter lucros até mesmo sacrificando a saúde e a vida dos seus funcionários e clientes, a Justiça do Trabalho aumentou o valor da multa por descumprimento, de R$ 10 mil para R$ 100 mil, por dia, ao Santander, que mesmo após liminar – com força de mandado – do dia 23/3, continuou desrespeitando as determinações que servem, sobretudo, para salvar as vidas.
Mas nem mesmo a majoração da multa, em dez vezes mais do valor inicial, foi capaz de sensibilizar a superintendência do banco em Rondônia. Nesta semana os funcionários que são pais de crianças com até 12 anos de idade (incluídos no grupo de risco) e que tinham sido liberados para trabalhar em casa e cuidar de sua saúde e de suas famílias, receberam ligação da superintendência do Santander em Rondônia, determinando que eles retornassem ao trabalho porque, supostamente, o banco teria conseguido decisão favorável que derrubava as liminares obtidas pelo Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO) que, por sua vez, até o fechamento desta matéria, não tinha ciência de nenhuma manifestação oficial neste sentido.
O desrespeito com a vida humana é tanto que a superintendente do banco no Estado determinou férias compulsórias a alguns funcionários – que não deveriam ter férias agora – só para manter o cronograma de rodízio de bancários, imposto pelo banco, em perfeito funcionamento.
E isso se confirma ainda mais com as sucessivas tentativas do jurídico do Santander local (com mandado de segurança e embargos de declaração, todos devidamente derrubados) contra as liminares obtidas pelo Sindicato em favor dos trabalhadores.
“Mesmo com a majoração da multa e com o risco de serem processados criminalmente, os gestores e representantes do banco continuam a descumprir as determinações judiciais. Essa postura de teimosia do banco em querer, a todo custo, que os funcionários que fazem parte do grupo de risco continuem trabalhando dentro das agências confirma que o banco continua colocando os lucros acima da vida humana. Não podemos admitir, jamais, que os trabalhadores sejam expostos ao risco iminente de contaminação, pois se isso acontecer, sabemos que essa contaminação vai se espalhar ainda mais entre os familiares desses trabalhadores e, consequentemente, para toda a população. Portanto, essa postura do Santander é muito mais que apenas irresponsável”, disparou José Pinheiro, presidente do Sindicato.
O dirigente informou ainda que os chamados EPI’s (equipamento de proteção individual, como máscaras, luvas e álcool em gel), obrigatórios para essa crise de covid-19, continuam escassos não estão sendo fornecidos pelo banco.
GRUPOS DE RISCO
Veja abaixo as determinações da liminar – com força de mandado – expedida no dia 23 de março pela Juíza do Trabalho Substituta Cândida Maria Ferreira Xavier, da 6ª Vara do Trabalho de Porto Velho (TRT 14), sobre o atendimento no Santander em Rondônia:
4. Adotar medidas a fim de reduzir a aglomeração de pessoas nas áreas de caixa eletrônico, inclusive com a utilização de reforço policial, caso necessário.