Economia solidária, oportunidade, oficina, aprendizado, acolhimento, reencontros; a 3ª edição da Feira Feminista Solidária teve de um tudo; mas o que não faltou mesmo foi afeto. “Eu me considero artesã; significa tudo ‘pra’ mim porque é uma terapia, a gente ganha dinheiro, mas eu considero como uma terapia”, conta Cristina Silva, funcionária pública por opção, e artesã por vocação que por coincidência ou não, foi passada para a sobrinha autista que pinta as bolsas que a tia costura.
Assim como Cristina Silva, a bancária aposentada da Caixa, Patrícia Almeida, encontrou na arte o sinônimo de terapia. “Ano passado a minha mãe ‘tava’ pintando guardanapos e eu fui tentar e gostei, e comecei a descobrir novas técnicas e formas e acabou que hoje em dia não é só uma terapia, mas uma forma que eu me encontrei de organizar os pensamentos que estão na minha cabeça, e por coincidência virou uma fonte de renda”, explica.
Mas diferente de Cristina, que começou o artesanato por opção, Patrícia Almeida buscou a pintura como parte do tratamento contra depressão. “Em 2016 eu passei por algumas situações na agência em que eu trabalhava, fiquei transtornada, procurei psiquiatra, aí fui diagnosticada com depressão grave, ao dar continuidade ao tratamento, veio o diagnóstico do transtorno bipolar. As psicólogas me orientaram a buscar terapias, e hoje eu consigo me enxergar da forma que as pessoas me enxergam que é como artista. E isso pra mim depois de ter passado o que eu passei no banco é algo totalmente surpreendente”, lembra emocionada.
Patrícia ministrou uma oficina de pintura em tecido na Feira Feminista, no último sábado (26), na sede do Sindicato em Belém. “Essa foi a minha primeira oficina, foi incrível, essa noite não consegui dormir. Como tenho transtorno bipolar então eu fico ou muito deprimida ou muito eufórica, e com a aproximação da oficina eu fiquei muito eufórica, então eu não consegui dormir, com medo das pessoas não gostarem ou que não viessem”, diz.
Mas ao final da experiência, a euforia deu lugar à outra sensação. “Eu ‘tô’ em êxtase, muito feliz vendo que as pessoas chegaram aqui achando que não conseguiriam pintar e saíram daqui super felizes com os desenhos e eu quero fazer isso de novo”, afirma.
Além do Dia Internacional da Mulher, no mês de março é celebrado também o Dia do Artesão, no dia 19.
Logo após a oficina de pintura, as expositoras tiveram também a oportunidade não só de vender seus produtos, mas também de aprender a como dar uma alavancada nas vendas através do marketing digital para mulheres empreendedoras. “Vivemos uma conjuntura com mais de 14 milhões de brasileiras e brasileiros desempregados, e com a pandemia, as mulheres foram as mais afetadas com a perda de empregos no mercado formal, logo, mais sujeitas à subocupação, dadas principalmente pelas demandas domésticas e de cuidados. E o empreendedorismo foi uma forma de ter o próprio negócio. Nessa perspectiva, compreender minimamente como ter presença digital, as ajudará muito a vender mais nas plataformas digitais bastante usadas e exploradas na pandemia quando o mundo precisou ficar em casa”, comenta a jornalista do Sindicato, Daiane Coelho.
E antes de bater o ponto no sistema do banco, a bancária do Itaú, Karina Potiguar, foi a primeira cliente da Feira Feminista. “Eu agradeço e dou os parabéns ao Sindicato dos Bancários por ‘tá’ dando essa oportunidade para as mulheres, ‘tá’ muito bom mesmo o evento. É importante a gente divulgar, a gente conhecer o trabalho das mulheres empreendedoras, é muito importante nesse momento que elas tenham a própria renda”, reconhece.
Além de ter sido uma programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher, a 3ª Feira Feminista Solidária foi uma forma de incentivar, promover e fazer girar a economia feminina, tão afetada e prejudicada nessa pandemia: quase 8,5 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho no terceiro trimestre do ano passado, e sua participação caiu a 45,8%, o nível mais baixo em três décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A necessidade fez com que elas buscassem alternativas para custear as despesas básicas da família, as mulheres que chefiam seus lares somam mais de 11,5 milhões no Brasil, o empreendedorismo foi uma das opções encontradas.
“A nossa Feira é um espaço de acolhimento, interação e também de oportunidades. Como nas edições anteriores, nos juntamos com a Marcha Mundial das Mulheres-Pará e a Rede de Economia Solidária e Feminista. Todo o evento, desde a organização até a comercialização dos produtos, cheios de afeto, sabor e muita cor, foi feito por nós mulheres e conseguimos reunir mais de 15 expositoras. A Feira só foi possível porque as diretoras do Sindicato abraçaram a ideia e nossas funcionárias e funcionários também. O encerramento da atividade foi maravilhoso, com o lindo show de Rosa Cor, com repertório de MPB, e sorteio de brindes para quem garantiu suas compras”, comemora a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.
Fonte: Bancários PA