Pesquisa realizada pelo Sindicato para saber como estão as condições de trabalho durante a pandemia e quais são as principais preocupações dos bancários e bancárias apontou a sensibilidade do trabalho bancário nesse contexto. A quase totalidade dos respondentes, 96%, avaliam que a situação de trabalho durante a pandemia é insalubre, e apenas 37% consideram que as condições de trabalho atendem aos desafios que estão colocados. A consulta, realizada em ambiente virtual, teve a participação de 554 bancários e bancárias, cerca de 2% da categoria no DF.
A avaliação da atuação do Sindicato também foi um dos pontos apreciados. Dos participantes, 82% reconheceram como decisiva ou importante a atuação do Sindicato na luta pela implementação de medidas como home office, rodízio, obrigatoriedade de disponibilização pelos bancos de equipamentos de proteção individual aos trabalhadores enquanto medidas de proteção à vida e por melhores condições de trabalho. O uso das EPIs, que foi uma conquista do Sindicato para a categoria, foi reconhecido como imprescindível para 99% dos consultados. No entanto, apenas 50% dos empregadores disponibilizam o material adequadamente.
Por outro lado, graves problemas foram identificados e outros ratificados na pesquisa, como conexões de ações e temas que resultam em somatização e em problemas emocionais e de ordem psíquica. Entre as observações destacadas na pesquisa estão pedidos direto de “Socorro!”, percepções de condições indignas e desumanas, gerentes que não seguem acordos, assédio, entre outros pontos. Muitos se descrevem como expostos ao perigo, como correndo risco, o que por si só já é objeto de vulnerabilidade pessoal e psicológica. A saúde psíquica de 30 pessoas foi relatada como alterada e bastante alterada.
Aproximadamente metade dos respondentes está trabalhando em regime de home office, mas muitos em esquema de rodízio. Então, na verdade, as respostas refletem também a realidade das agências em sua maioria. Alguns destacaram não saber da possibilidade de trabalhar em home office por ter alguém do grupo de risco em casa, o que reflete algum problema de comunicação e estratégia do banco.
Por outro lado, a pesquisa também expõe as desigualdades estruturantes da própria sociedade brasileira. Alguns companheiros e companheiras destacaram que, mesmo alocados para home office, não têm estrutura suficiente para trabalhar em casa (mobiliário, internet com boa conexão, espaço físico).
A jornada de trabalho nem sempre está sendo respeitada, segundo os que participaram da pesquisa. Dos 204 que estão em home office, 49 disseram que não, porque, com a ausência de registro de ponto eletrônico, tem que estar disponíveis durante todo o dia. Esses dados são refletidos, mais uma vez, na saúde, pois, destes, 99 disseram que sua condição psíquica está alterada ou bastante alterada. A conexão ainda é possível com a avaliação das metas. A despeito de reconhecerem que as metas sofreram alteração, mas que ainda continuam impraticáveis.
Por fim, cabe destacar que a abrangência desta pesquisa e o nível de informações disponibilizadas pelos participantes possibilitam identificar novos problemas e dar tratamento aos já apresentados pelo movimento sindical em mesa de negociação com os bancos.
Da Redação