Aqueles que não fazem parte do grupo de risco não pararam, principalmente os do atendimento. Se deixaram de ir ao local de trabalho por um motivo, que não fossem as férias, foi porque testaram positivo ao novo coronavírus ou tiveram sintomas e sequer conseguiram testar.
“Vale ressaltar que as entidades conseguiram deixar em casa, em teletrabalho, os grupos de risco, desde o início da pandemia aqui no estado, em março. E segue mantendo, com garantia dos salários e demais verbas, graças a muitas reuniões e debates. Em alguns casos precisamos acionar a justiça, pois a vida dos nossos colegas está em primeiro lugar”, destaca o presidente do Sindicato dos Bancários do Pará e bancário do Banco do Brasil, Gilmar Santos.
A gerente de carteira PF, da agência Museu da Caixa, em Belém, Verena Souza, parou por apenas 15 dias, nessa pandemia, mas admite que toda a rotina dela no trabalho mudou.
“Nosso fluxo de clientes, por conta da demanda do auxílio emergencial aumentou absurdamente. Como estamos com atendimento presencial contigenciado, as demandadas mudaram bastante. Adaptamo-nos ao atendimento remoto aos clientes (isso não era forte na Caixa), porém a grande diferença mesmo que eu percebo é que o foco mudou de ‘metas para atendimento’. Hoje nossa meta passou a ser ‘conseguir atender o máximo de beneficiários do auxílio’, fazer com que não houvesse mais filas e tumulto na porta das agências também tem sido um direcionamento muito forte. Nunca imaginei vivenciar essa realidade no banco”, conta.
Em abril, Verena teve que se isolar por duas semanas após o marido dela testar positivo e ela apresentar sintomas leves. Mas os cuidados de prevenção e proteção do casal nunca deram pausa.
“Estamos vivendo uma situação onde há sim muita insegurança, o vírus é algo novo, letal demais, não tem como não ter receio, mas acredito que a empresa adotou medidas importantes. Afastar de imediato o grupo de risco e adotar o home office, acredito que tenha sido muito bom”, avalia.
Quem teve a rotina de trabalho totalmente mudada foi o assistente executivo sênior da Caixa, Alan Rodrigues, que está em home office há pouco mais de dois meses. “O lado bom é de poder ficar mais perto da família, não perder tempo no trânsito para ter de ir e voltar do trabalho, mas acabamos trabalhando um pouco mais”, comenta.
Na semana retrasada, a Contraf-CUT assinou um Protocolo de Intenções com o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Federal e a Caixa Econômica Federal para a adoção de práticas na prevenção de contaminação da covid-19 no acesso aos serviços bancários.
Entre as ações estão a promoção do “atendimento remoto ao público para o esclarecimento de dúvidas, disponibilizando números de telefone de acesso gratuito; afastamento, ou colocação em trabalho remoto, de empregados e terceirizados, sem prejuízos de vencimentos, que estejam entre o denominado grupo de risco, como pessoas idosas, obesas, com problemas respiratórios crônicos, problemas renais crônicos e outras comorbidades que agravem os riscos decorrentes da covid-19”.
Denison Santos, que conversou com a gente na série ‘Vencemos o coronavírus’, também faz parte do grupo que não parou. Ele trabalha na Gerência de Saúde e Segurança do Trabalho (GESAT), na matriz do Banpará.
Denison ‘só’ parou por duas semanas quando teve os sintomas, leves. “Tive infecção nos pulmões, dores de cabeça e no corpo, perda do olfato e paladar e febre. Mas não testei, me isolei por 14 dias até os sintomas passarem. Esses dias foram tensos pelo momento de incerteza e a angústia de sentir os sintomas”, contou na época.
Atualmente, o bancário já retornou às atividades e segue todas as medidas de prevenção. O afastamento faz parte do protocolo firmado no acordo emergencial, entre o Sindicato e o Banpará, de afastar a equipe de trabalho quando um bancário ou bancária testar positivo para a covid-19, sendo esta condição comprovada por teste ou avaliação médica; através de atestado com CID B34.2 ou U07.1 ou U07.2.
Dirigentes do Sindicato também se arriscaram, o diretor do Sindicato que também é bancário da Caixa, Rafael Mesquita, foi para as ruas, com carro som, fazer o serviço que deveria ser da Caixa, de esclarecer a população sobre como receber o auxílio emergencial, no mês de abril.
As filas eram quilométricas, muita aglomeração, vários clientes e usuários sem máscara, na época o uso dela ainda não era obrigatório na Região Metropolitana de Belém.
“Quando chegamos, por volta de 9h, a fila já estava na Travessa Castelo Branco e as pessoas não leram os dois avisos afixados na porta sobre o atendimento suspenso temporariamente. Colocamos carros de som nas ruas para orientar a população quantos aos serviços, numa tentativa de diminuir a fila. Mas a população só se convenceu de que a unidade não iria realmente abrir depois que um dirigente nosso que é bancário da Caixa, o Rafael Mesquita, pegou o microfone e explicou para as centenas de pessoas que ali estavam, idosos, mães com criança de colo e, na medida do possível, foi tirando dúvida de cada pessoa. A Caixa deveria, no mínimo, ter feito o aviso nos veículos de comunicação, única forma mais rápida de alcance de uma mensagem que precisa ser veiculada urgentemente”, lembra a diretora do Sindicato, Rosalina Amorim.
Rosalina testou positivo para Covid-19, teve vários sintomas leves, mas já está bem. Além dela, outros dirigentes sindicais também tiveram os sintomas e testaram positivo, como o diretor de esportes, José Marcos Araújo (Marcão) e o diretor de bancos privados, Saulo Araújo. Todos já estão totalmente recuperados.
O Sindicato dos Bancários do Pará também acompanha de perto os casos positivos, suspeitos, conforme tem conhecimento, assim como as mortes. Levantamento feito pela entidade, até o dia 8 de junho, apontou que 18 bancários e bancárias morreram, vítimas da covid-19 em todo o Pará, sendo 3 mulheres e 15 homens, 8 da ativa e 10 aposentados.
“Lamentamos e sentimos muito por todas as perdas nesses dias, nos solidarizamos com amigos e familiares enlutados. E seguimos garantindo o isolamento social dos grupos de risco, home office e a proteção daqueles que precisam ir ao local de trabalho, com a manutenção dos salários e demais verbas, de todos e todas. E reforçamos que qualquer denúncia, informem a gente, só assim poderemos tomar providências para casos pontuais”, orienta a vice-presidenta da entidade e bancária da Caixa, Tatiana Oliveira.
O Sindicato está disponível pelo site bancariospa.org.br – aba CONTATO, pelos e-mails presidenciabancarios@gmail.com e juridicobancariospa@gmail.com, ou pelo Whatsapp Bancário (91) 98426-1399.
Fonte: Bancários PA