O BRB está expandindo a sua rede de agências para o Piauí. Em Parnaíba, no extremo norte do estado, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e o presidente do banco, Paulo Henrique Costa, anunciaram a nova unidade do banco com a presença de autoridades locais, políticas e de entidades de classe, como a Fecomércio.
O discurso é o de que interessa ao banco e à região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) um novo agente econômico-financeiro público e com visão de desenvolvimento. A região vem sendo divulgada como apresentando dinamismo econômico e na qual, entre outros elementos, há várias cidades e polos adquirindo maior densidade de atividades.
Diante desse episódio, o Sindicato e a Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) relembram a anunciada inserção do banco no chamado Consórcio Brasil Central, em que se aventava até aporte de capital de outros estados do Centro-Oeste, só para ficar nas “tentativas” mais recentes em outra gestão.
“Há muito tempo vimos propondo, em harmonia com o potencial estratégico do BRB e de seu corpo profissional, medidas para o seu fortalecimento e crescimento com caráter público. Mas, para qualquer iniciativa nesse sentido, são pressupostos estudos de viabilidade econômica e técnica, somados a planejamento forte e factível, além de articulação política consistente”, diz André Nepomuceno, funcionário do banco e diretor da Fetec-CUT/CN.
Expandir quer dizer ênfase no desenvolvimento como agente de crédito. Quer dizer ampliar a base de pessoa jurídica, mas também com entes empresariais de classe e institucionais, com reciprocidade, sejam ou não ligados a governos estaduais ou municípios, por exemplo. Isso não quer dizer um foco único – pelo contrário, vem ao encontro de manter e ampliar simultaneamente o leque de outros produtos e serviços, com as respectivas clientelas, sejam pessoa física ou jurídica. Outras possibilidades podem advir de experiências do gênero, a depender da escala.
No entanto, por outro lado, é preciso tomar muito cuidado com intenções politiqueiras, que possam vir a demonstrar outros interesses sob um discurso arrazoado. O Sindicato, junto com gerações de dirigentes sindicais e funcionários, além de vários atores da cidade, já viu e atuou em “filmes” assim. Sabemos de experiências no passado que, mesmo quando com boa intenção, muitas vezes levaram a termos que não foram positivos para o banco, mas a que a instituição, dada a sua vocação e capacidade já consolidadas localmente – incluída a própria área de desenvolvimento –, aliadas à dedicação dos funcionários, soube resistir e avançar.
Portanto, a entidade sindical aponta a necessidade de maiores informações e de estudos técnicos aprofundados sobre o grau de sustentabilidade de tal declaração de intenções, e questiona se há um projeto amadurecido que considere aspectos como a previsão de uma política de recursos humanos que viabilize o período de adaptação, quando do deslocamento dos funcionários que atuarão fora do DF.
Uma coisa, contudo, é certa: mais do que o sentido do projeto de expansão (a conferir) – e temos clareza de que o corpo funcional do banco não se furta aos desafios –, o Sindicato alerta à direção do banco de que o modo como isso será conduzido é determinante.
Cabe perguntar quanto ao planejamento de capital, logística, tecnologia, e boas práticas bancárias na concessão de novos créditos, sem os quais a ousadia pode virar aventura.
Por isso, devem ser bastante ponderados esses aspectos. Um elemento a verificar como base é o saldo estratégico das agências do banco já existentes em outros estados.
Lembre-se, vale reforçar, do Consórcio Brasil Central (DF, GO, MT, MS, TO, RO), criado em 2015 e que chegou a ter uma estrutura com cargos diretivos e escritório em uma das dependências do BRB. No entanto, apesar de promissora, tal proposta não prosperou na dimensão do discurso do governo e da gestão anteriores, muito menos para o banco.
“Defendemos toda medida que, com transparência, solidez e viabilidade fortaleça os bancos públicos e a característica insubstituível do BRB, particularmente no momento de ataque privatista e aos direitos dos trabalhadores que vivemos no país. Mas, para isso, o pré-requisito fundamental é o relacionamento com as pessoas, pois sem respeito e valorização de todos os profissionais do banco, os fins não justificam os meios, por melhor que venham embalados”, afirma Kleytton Morais, presidente do Sindicato.
Nesta perspectiva, o Sindicato registra que vem recebendo queixas de funcionários e gestores do banco acerca de posturas autoritárias, seja do presidente, mas também de determinados diretores. Esse tipo de comportamento não é admissível, visto que abala o clima organizacional, elemento tão importante para a saúde do corpo funcional.
Como sempre, se o ponto de partida de qualquer projeto da gestão não se alinhar com os que constroem o banco e os grandes resultados no dia a dia, já haverá uma contradição de início.
Com a palavra, toda a diretoria do BRB, sejam ou não de carreira, e o seu executivo-chefe, Paulo Henrique Costa.
Sindicato dos Bancários de Brasília