Concentrados na superintendência do Banco do Brasil em Belém, bancários e bancárias, em greve, abriram o 14º dia de paralisação com muito barulho e descontração. Nessa segunda-feira (19), o mapa de greve no Pará aponta 415 agências de bancos públicos e privados paradas, o que representa uma adesão ao movimento de 84% do total de unidades bancárias em todo o estado. Nacionalmente, até a última sexta-feira (16), 12.277 agências bancárias estão em greve no país.
“Queremos relembrar aos que furam a greve e também à população em geral que nossa paralisação segue firme por tempo indeterminado; e que se ainda não voltamos ao trabalho a culpa é única e exclusivamente dos banqueiros que seguem em silêncio. Queremos respeito, valorização e um reajuste digno, coisas que a Fenaban tem como atender, mas não o faz por pura intransigência. Conclamamos aqueles que ainda não aderiram a paralisação que o façam, pois não vai ser furando a greve e indo contra os colegas mobilizados, que melhores salários e condições de trabalho virão”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará e funcionária do BB, Rosalina Amorim.
“Categoria unida e mobilizada é sinônimo de greve forte. Greve forte incomoda o patrão que não vê alternativa a não ser acatar o pedido dos trabalhadores e trabalhadoras. Mas para que isso de fato ocorra quanto mais bancários e bancárias saírem de suas cadeiras e virem para luta, maior é a nossa pressão contra essa proposta vergonhosa que nos ofereceram”, ratifica o diretor do Sindicato e funcionário do BB, Gilmar Santos.
Motivos não faltam!
Taxas e tarifas elevadas – O setor bancário, mesmo com a crise, é o que mais lucra no país graças, principalmente ao empenho da categoria, e também à cobrança de taxas e tarifas.
No primeiro semestre desse ano, BB, Caixa, HSBC, Itaú, Bradesco e Santander arrecadaram juntos R$ 56,7 bilhões com tarifas e conseguem quitar, com folgas, toda a folha de pagamento só com a receita advinda dessas taxas. Em contrapartida oferece apenas 5,5% de reajuste (que não repõe sequer a inflação) e R$ 2.500,00 de abono.
Assédio – Pelos lucros, os banqueiros são capazes de qualquer coisa a ponto de pressionar ao extremo os trabalhadores pelo cumprimento de metas cada vez maiores e abusivas.
O resultado: cada vez mais bancários doentes, vítimas de transtornos mentais e de Ler/Dort. Segundo o INSS, a categoria é a que mais se afasta em função de problemas psicológicos.
Além do assédio moral, este ano os bancários denunciam também o aumento de casos de assédio sexual. Segundo a consulta realizada com trabalhadores de todo o Brasil, 12% disseram já ter sido vítimas desse crime.
Demissões – Apesar dos lucros, as demissões no setor somaram mais de 5 mil postos de trabalho extintos em 2014, e os admitidos ganharam 58% menos que os desligados (de janeiro a junho de 2015).
Discriminação – Negros, mulheres, pessoas com deficiência (PCDs), LGBTs encontram dificuldades para progredir na carreira nos bancos, independentemente de mérito e esforço pessoal.
As mulheres, 52,3% da categoria, recebem em média 68% da remuneração dos homens. Os negros representam 24,7% dos trabalhadores dos bancos e raramente estão nas funções de chefia. PCDs são 3,6%, quando a lei determina a proporção de 5%.
Além disso, discriminam clientes, obrigando bancários a fazer barreiras de acesso às agências: só entra quem tem dinheiro.
“E aí vai continuar reclamando de tudo isso e mais um pouco pelos corredores até quando? A hora de avançar nas conquistas é agora na greve, ou então você é um forte candidato, se ainda não foi, a ser vítima do assédio, da discriminação ou de outros problemas do nosso setor. Pense nisso, reflita e lute. Exploração não tem perdão!”, finaliza o dirigente sindical, Gilmar Santos.
Principais reivindicações da categoria:
Reajuste salarial de 16% (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real);
PLR: 3 salários mais R$7.246,82;
Piso: R$3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último);
Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional);
Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários;
Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas;
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários;
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós;
Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários;
Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Fonte: Bancários PA