Brasília - Descomissionamento arbitrário, assédio moral e uma política de recursos humanos desumanizada, que não prioriza condições de trabalho adequadas e as necessidades dos empregados da Caixa. Diante desses fatores que levam os bancários ao adoecimento, o movimento sindical lançou nesta quarta-feira (16), em todo o país, uma grande campanha em defesa da saúde dos trabalhadores do banco público, com a distribuição de material informativo, como a cartilha “Gestão pelo medo na Caixa”.
A publicação reitera que a existência do descomissionamento arbitrário traz instabilidade remuneratória e abre espaço ao assédio moral pela ameaça da dispensa. Lembra que repetidas reestruturações reduziram a área de gestão de pessoas da Caixa, banco cujo número de funcionários passou de 100 mil para cerca de 80 mil. Isso tem provocado um efeito avassalador na saúde dos empregados, que estão adoecendo por causa da sobrecarga em suas funções.
Trabalhadores que vivenciam essa situação fazem relatos: “Quando eu estava tentando controlar as pendências, vinham novas atribuições. Eu já estava ansioso por imaginar o que viria no dia seguinte. Deixava de almoçar, era um dos primeiros a entrar e um dos últimos a sair. Tive apagão, esqueci como desempenhar a função. Precisei entregar o cargo comissionado.”
Conforme esclarece a cartilha, a política de GDP da Caixa vem inserindo a lógica do mercado: os empregados são cobrados por resultados e rentabilidade. A ameaça é um método de manter a produção no banco. Em 2018, a direção da empresa insere o GDP aos motivos de descomissionamento no RH 184, institucionalizando a ameaça velada que já existia até então.
Pressão por metas
“Conforme estamos denunciando há tempos, a Caixa iludiu os empregados com o GDP, vendendo a ideia de que o programa seria um instrumento de aprimoramento dos bancários. Na verdade, o método utilizado agrava a comparação entre pessoas da mesma equipe, individualizando um trabalho que é coletivo; estabelece ranking interno, classificando os empregados de acordo com o desempenho individual; e gera alto estresse por conta do assédio, da pressão e da falta de empregados nas unidades”, enumera Fabiana Uehara, secretária-geral do Sindicato e empregada da Caixa.
Ela continua: “Além disso, a negociação entre gestor e empregado, prevista no programa, não acontece. O que há é uma imposição unilateral das metas. É uma gestão por ameaça”.
Assédio moral
Desde 2010 os bancos admitem problemas de organização no trabalho e assédio moral, daí por que foi instituída a cláusula 53 da convenção coletiva de trabalho. A cartilha orienta os trabalhadores: “Se sofrer assédio moral, denuncie ao Sindicato e às entidades representativas”.
Entre os indícios de assédio moral estão enumerados: ameaçar demissão ou descomissionamento; desconsiderar problemas de saúde do empregado; contestar, a todo momento as decisões do empregado; sobrecarregar o empregado com tarefas e metas, sufocando-o; proibir amizades entre colegas, desestabilizando a confiança; e forçar pedido de demissão.
Outra forma de gestão é possível
Além da distribuição de material informativo, as entidades representativas farão ainda este ano rodas de conversa e exibição de vídeos sobre o tema em defesa da saúde dos empregados da Caixa.
Em caso de ameaça de descomissionamento arbitrário, no primeiro MO do GDP, e se você tiver problemas com o médico do trabalho ou o INSS, entre em contato com o Sindicato, por meio da Central de Atendimento (3262-9090 ou centraldeatendimento@bancariosdf.com.br). Sua identidade será preservada.
Mariluce Fernandes
Do Seeb/Brasília