Fenae
Em meio à maior crise sanitária desta geração, o governo federal insiste na agenda ultraliberal e tenta passar a boiada da privatização. E a Caixa continua no alvo, com a venda de partes da instituição na bolsa de valores. A primeira área a ser privatizada, segundo a direção do banco, deve ser a Caixa Seguridade.
Reportagem publicada no Valor Econômico desta terça-feira, 30, mostra que a intenção da equipe econômica não se alterou com o trabalho do banco público nesta pandemia, pois a direção da Caixa continua avaliando as condições de mercado e enxerga "uma janela de oportunidade para a realização da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade” ainda este ano.
A Caixa demonstrou ser imprescindível no socorro à população, com o pagamento do auxílio emergencial; e à economia, com a concessão de empréstimos ao setor produtivo. Ainda assim, o presidente do Banco, Pedro Guimarães, voltou a reforçar os planos de privatização da Caixa.
Ao Valor Econômico, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, informou que a série de privatizações terá início pelas operações do braço da seguridade, para depois tratar da questão de cartões.
Para Sérgio Takemoto, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), a Caixa mostrou, em especial durante essa pandemia, seu papel imprescindível para os brasileiros e para a economia do País.
"Diante da omissão do governo e dos bancos privados, a Caixa assumiu, sozinha, a sua função social e realizou o pagamento do auxílio emergencial para mais de 64 milhões de brasileiros. E manteve, de pé, os outros programas que ajudam a população a enfrentar a crise”, ressaltou o presidente da Fenae.
Além do pagamento do auxílio emergencial, agora a Caixa vai focar na oferta de crédito para as micro e pequenas empresas. Para o presidente da Fenae, é mais uma prova da fundamental contribuição da Caixa para fazer a economia do País voltar a girar.
Passar a boiada - A Caixa Seguridade entrou no dia 21 de fevereiro de 2020 com pedido de abertura de capital para a realização de IPO. No início de março, no entanto, decidiu adiar a operação, que seria precificada até o início de abril, diante da instabilidade no mercado. À época, interlocutores informaram que o banco não teria pressa para levar a operação – estimada em R$ 15 bilhões - à bolsa. De acordo com o prospecto da época, até 40% das ações objeto da oferta serão destinadas a investidores do varejo.
Resistência no Congresso Nacional - Para tentar segurar o ímpeto do Governo de entregar o país com as privatizações, tramita na Câmara dos Deputados o PL 2715/2020, que propõe a suspensão das privatizações até um ano após o fim do estado de calamidade pública. Na prática, os processos de desestatização e desinvestimentos só poderão ser retomados em 2022.
Para o deputado Enio Verri (PT/PR), um dos autores do projeto, além de vender barato por conta da desvalorização das empresas diante da pandemia, a privatização dos setores anunciados por Guimarães também vai prejudicar a população.
“Privatizar setores essenciais como o de cartões, loterias e o de seguros é um equívoco, dentro do princípio de reduzir a desigualdade regional e social no país. Se a Caixa fica menor ou mais frágil, sua capacidade de negociação ficará reduzida. Isso fará com que o banco passe a intervir menos na economia e na vida das pessoas mais pobres”, alerta.
As deputadas Fernanda Melchionna (Psol/RS), Joênia Wapichana (Rede/RR) e Perpétua Almeida (PCdoB/AC) também são autoras do PL, que recebeu 93% de apoio popular. Neste link é possível dar sua opinião e votar na enquete da Câmara: