Com base no manifesto do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, o Sindicato dos Bancários de Dourados e Região, entidade de classe que defende direitos e conquistas trabalhistas da categoria que representa em sua base territorial, bem como de todos os trabalhadores brasileiros, publica o presente Manifesto Político para se posicionar no contexto das Eleições Municipais 2020, considerando as conjunturas política, econômica e sanitária tão adversas.
Nosso manifesto visa proporcionar a reflexão dos trabalhadores e trabalhadoras da categoria bancária para que compreendam nosso papel político enquanto entidade sindical, desta forma, apresentamos a vocês esse manifesto e, em outros documentos, nos quais vamos tratar dos seguintes temas:
- Qual a importância do seu voto?
- Quais as consequências do seu voto?
- Como deve ser a atuação política de um eleito pelo voto?
- Por que pensamos a política a partir das perspectivas de gênero, etnia e diversidade?
- Por que acreditamos na política a partir da luta de classes?
- O que faz um prefeito?
- O que faz um vereador?
- Como as eleições municipais de 2020 nos conduzem para debates mais amplos até 2022?
O que se pretende com esse documento não é direcionar as trabalhadoras e trabalhadores de sua base de representação para determinadas candidaturas ou para a escolha de um ou outro partido político, mas marcar posição sobre a importância do processo eleitoral para o conjunto da sociedade – e, por que não, para as entidades sindicais –, além de esclarecer sobre a importância do voto, que muda a vida de cada um de nós.
Por que o voto muda nossas vidas?
Porque nos processos eleitorais nós escolhemos os representantes do Executivo (presidente, governadoras e governadores nos estados, prefeitas e prefeitos nos municípios) e do Legislativo (vereadoras e vereadores nos municípios, deputadas e deputados das assembleias legislativas nos estados e parlamentares do Congresso Nacional, seja na Câmara Federal ou no Senado) e essas pessoas eleitas, a partir do momento que assumem seus mandatos, decidem todos os aspectos das nossas vidas.
O papel do Estado, o orçamento, as formas de arrecadação, para quais áreas serão direcionados os investimentos e projetos de lei (que podem ser coisas básicas como asfalto na esquina da sua casa ou até mesmo tratamento adequado de esgoto ou acesso à água, se a agência bancária vai abrir sábado e domingo, quais são os direitos trabalhistas consolidados), entre outros. Os planos de governo decidem sobre o funcionamento de ministérios, das secretarias, facilitam ou não o funcionamento de empresas, promovem o pleno emprego ou a recessão. Sim, nós já perdemos muito nos últimos cinco anos e sentimos essas diferenças.
É por isso, que o Sindicato se dirige à categoria bancária para se posicionar com um manifesto, um documento de conscientização. Que seu voto, de trabalhadora e de trabalhador, deve considerar primeiro de tudo sua condição individual, numa dimensão coletiva: de trabalhador, de empregado, de uma das últimas trincheiras do emprego formal que, em 2020, abrange menos da metade da população em idade economicamente ativa do Brasil.
A partir dessa condição, é preciso buscar propostas de candidaturas adequadas, tanto para a Prefeitura da sua cidade, quanto para a Câmara de Vereadores. Que as escolhas de sua candidata e de seu candidato sejam coerentes com o que se propõe em campanha eleitoral e, ainda, que estejam atreladas com a sua própria visão de mundo, eleitora e eleitor que os escolhem.
O que o Sindicato defende está em conformidade com documento, elaborado a partir da Central Única dos Trabalhadores (CUT) – entidade a qual somos historicamente filiados e compartilhamos calendário de lutas e mobilizações enquanto classe trabalhadora –, chamado “Plataforma CUT para as Eleições Municipais”.
As diretrizes estabelecidas dão conta de questões a partir do olhar e necessidades das trabalhadoras e trabalhadores, mas também na busca de um projeto de país, um projeto de cidade, com justiça social, ancorada nos princípios dos direitos humanos, de respeito ao próximo, de defesa das liberdades individuais e coletivas, da liberdade de expressão, do acesso à informação. Do compromisso das candidaturas em pensar as ações de um futuro mandato a partir das questões de etnia, gênero e diversidade como norteadoras da luta de classes.
Ainda que esse termo, o da luta de classes, possa soar como enfrentamento, ele se refere ao que todos nós construímos e conquistamos nas mobilizações, nas campanhas salariais: melhores condições de vida, emocional, financeira, de saúde e de trabalho. Pensamos esse conceito como condicionante da defesa das pautas dos trabalhadores, e trata-se, se pudermos definir de uma maneira simplista, de agir a partir dos princípios de solidariedade.
É preciso entendermos que votamos em vereadores e vereadoras que no ano que vem vão definir como será a estrutura das nossas escolas públicas municipais, de valorização (ou não) dos profissionais da educação e de saúde pública e dos demais profissionais do serviço público municipal. É pensar que esses vereadores e vereadoras vão definir o valor que será investido nas Unidades Básicas de Saúde de sua cidade – mesmo que você não seja usuário da educação e da saúde pública, são melhores condições básicas para toda a população que tornam nossas vidas melhores como sociedade.
É olhar para os programas de governo propostos para entender o que sua candidata ou candidato pensam sobre o funcionamento da cidade, sobre mobilidade, sobre defesa ambiental, sobre o acesso a transporte como política pública, sobre as possibilidades de acesso à moradia para levar dignidade às populações desassistidas, que se comprometam contra os diversos tipos de violência, especialmente a de gênero, e contra os diversos tipos de preconceito, inclusive os de fé.
É entender o que cada candidatura entende por política pública, que significa o Estado promover acesso à educação, saúde, transporte, moradia, mobilidade, acesso à cidade, lazer, cultura, esporte, segurança, saneamento, alimentação, empregos a partir de uma perspectiva não assistencialista, mas de direito, cidadania e justiça social, em que nossa solidariedade e engajamento junto aos movimentos sociais sejam em prol da busca pelo fim das desigualdades.
Essa preocupação do Sindicato, como entidade de classe, está ancorada em sua atuação como sindicato-cidadão: é lutar para que ações que são necessárias durante os meses de pandemia estejam previstas como políticas públicas universais, fortalecendo o papel do Estado como promotor de investimentos em infraestrutura e políticas sociais.
Este nosso Manifesto Político para as Eleições Municipais 2020, portanto, é para que você vote em candidaturas que representem os interesses das trabalhadoras e dos trabalhadores e que defendam um planejamento de campanha e de governo a partir da perspectiva de gênero, etnia e diversidade para pensar a gestão das cidades.
Dourados, 20 de outubro de 2020
Sindicato dos Bancários de Dourados e Região
A Diretoria