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28 de Janeiro de 2021 às 07:00

Há 3 anos sem aumento acima da inflação, custo de vida do trabalhador aumentou em Campo Grande


O custo de vida em Campo Grande teve uma alta significativa nos últimos anos, é o que aponta o estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) referente ao ano de 2020.

Os dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada pelo DIEESE indicam que, em 2020, os preços do conjunto de alimentos básicos, necessários para as refeições de uma pessoa adulta aumentaram em todas as capitais. As maiores altas foram registradas em Salvador (32,89%) e Aracaju (28,75%), seguidas por Campo Grande com alta de 28,08%.

Segundo a economista e supervisora técnica do escritório regional do Dieese/MS, Andreia Ferreira, desde 2019, os trabalhadores têm acumulado perdas, pois o salário mínimo não tem sido corrigido pela inflação.

“Quando o Bolsonaro assumiu, a primeira coisa que ele fez foi interromper a política de valorização do salário mínimo e, de lá pra cá, as correções que têm sido feitas no salário mínimo não chegam nem a repor a inflação. Os trabalhadores perdem para uma política que não considera todo o esforço que a classe faz para poder incrementar o PIB, assim, os trabalhadores ajudam a criar uma riqueza, mas não participam mais dessa riqueza”, pontua.

Conforme o relatório, quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (alterado para 7,5% a partir de março de 2020, com a Reforma da Previdência), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em dezembro, na média, 56,57% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em novembro, o percentual foi de 56,33%.

Contexto

De acordo com a economista, três fatores influenciaram para o aumento significativo dos preços da comida do brasileiro. Em 2020, a maior parte dos produtos apresentou elevação de preços em todas as capitais, causada, principalmente, pela desvalorização cambial, pelo alto volume das exportações e por fatores climáticos, em decorrência de longos períodos de estiagem ou de chuvas intensas.

“Considerando a diminuição da área plantada de algumas culturas, como no caso do arroz e feijão, a diminuição de animais para o abate, no caso da carne bovina, que também é um processo que já vem vindo de mais de um ano, ligados ao modo de produção agropecuária já teriam um impacto para o preço ter subido. A pandemia foi o fator a mais para piorar essa situação. Mas como se não bastasse isso tudo, a gente tem um outro complicador que é a omissão do governo federal em relação a Conab”, comenta a supervisora técnica do Dieese/MS.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é uma empresa pública presente em todas as regiões do Brasil. A empresa tem como um de seus objetivos estocar diversos produtos agrícolas e garantir o suprimento alimentar da população. A Conab possui importância estratégica ao oferecer ao Governo Federal informações técnicas para embasar a sua tomada de decisão quanto à elaboração de políticas voltadas à agricultura, de acordo com a própria Companhia.

“A Conab tinha armazéns onde o pequeno e médio produtor ajudava a formar os estoques e, assim, ela exercia a política dos preços mínimos, então se o preço estava subindo, a Conab poderia apertar mais para esse preço diminuir ou garantir que o preço não ficasse tão baixo e prejudicasse o produtor também. Não começou com o governo Bolsonaro, mas piorou quando 39 armazéns foram fechados na região Centro-Oeste. Para resumir, tivemos a contribuição de três fatores: a mudança no padrão de produção, que eles diminuíram a disponibilidade de área e isso naturalmente iria influenciar nos preços, teve a pandemia e tem ainda a omissão do governo federal que está desarticulando todo o sistema da Conab”, destaca a economista.

O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta para o conjunto das capitais, considerando um trabalhador que recebe salário mínimo e trabalha 220 horas por mês, foi, em dezembro, de 115 horas e 08 minutos, maior do que em novembro, quando ficou em 114 horas e 38 minutos. Na capital de Mato Grosso do Sul, o trabalhador precisou ter uma jornada de trabalho de 121 horas e 22 minutos para adquirir uma cesta básica.

A economista afirma ainda que a tendência é que os preços continuem elevados. “Isso tudo para o trabalhador é péssimo e a perda é muito grande. Estamos há três anos sem nem a correção mínima do salário, então a expectativa é que o trabalhador veja cada vez mais o custo de vida aumentar e a qualidade de vida diminuir”, finaliza.

Clique aqui para conferir o estudo na íntegra.

Por: Daiana Porto/Assessora de Comunicação do SEEBCG-MS


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