“A vida o que quer da gente é coragem”, foi com esse pequeno trecho de ‘Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa’ publicado em 1956, que no dia 24 de novembro de 2023, nos 90 anos do Sindicato dos Bancários do Pará, que a presidenta reeleita, Tatiana Oliveira, junto com a primeira diretoria paritária em toda história da entidade sindical; começou o discurso também da posse da gestão ‘Unidade pra Avançar’.
“E o que o Sindicato e toda a categoria têm demonstrado ao longo de 90 anos é coragem; coragem para se organizar, coragem para fazer o enfrentamento quando é necessário, coragem para recuar também, porque é preciso coragem para recuar quando não dá pra avançar, coragem para organizar a categoria nacionalmente, se desafiar a construir um modelo de organização e negociação inédito para classe trabalhadora brasileira. Então é essa coragem que a gente tem que ter para amar, para lutar, para enfrentar os desafios”, continua a terceira mulher presidenta do Sindicato, por dois mandatos consecutivos.
Antes dela, as mulheres presidentas que a antecederam falaram um pouco da missão que foi ajudar a construir parte dessa história de 9 décadas que chegou em um capítulo tão almejado e desejado que é o da paridade de gênero na direção de uma entidade que por anos foi composta somente por homens. “Foram anos de luta, conversa, debates e convites para chegarmos aqui, até esse palco, diante de pessoas que também ajudaram e ajudam a escrever esses 90 anos de história, com uma diretoria que tem a mesma quantidade de homens e mulheres dirigentes, com novas diretorias, como uma somente de Mulheres, além de Juventude, do Ramo Financeiro e Meio Ambiente. Temos quatro ano pela frente para fortalecermos ainda mais a nossa base e avançarmos nas conquistas que é claro, só virão com muita unidade”, afirma a diretora do Sindicato, Rosalina Amorim, que foi a segunda mulher presidenta da entidade e até hoje a única representante da Região Norte a fazer parte de um secretariado da Contraf-CUT.
Para a primeira mulher presidenta do Sindicato, Vera Paoloni, atual vice, “a política, ela é dura, mas a gente pode fazer ela com amor, com generosidade, com solidariedade ativa e principalmente com muita alegria. Viva a classe trabalhadora, viva o Sindicato dos Bancários, viva a luta e a resistência da categoria bancária”, destaca.
Todos esses sentimentos, e principalmente a resistência, podem muito bem definir o que foram os dois mandatos de Vera Paoloni, especialmente lá em 1998, no úlitmo ano da gestão ‘Cidadania e Luta’, na atual sede do Sindicato, diante de um público menor do que na última sexta-feira (24).
Eram cerca de 300 bancários e bancárias do Banpará, reunidos em assembleia. Vera Paoloni, que também é bancária do Banco do Estado do Pará, que aliás foi o primeiro e único emprego dela até hoje no ramo financeiro; teve que propor, que durante 11 meses, trabalhadores e trabalhadoras do banco abrissem mão de 20% do próprio salário para que a instituição financeira equilibrasse receita e despesa; e saísse da mira da privatização ou liquidação na época. Onze anos antes, o Banpará já tinha enfrentado intervenção do Banco Central.
“Não foi fácil, não é fácil; a gente luta, o movimento sindical e a categoria lutam para ter melhor salário, para ter melhor condição de trabalho. Tu imaginas, tu seres daquele banco, presidir o Sindicato e ter que propor ‘vocês vão abrir mão de 20% do salário de vocês’. Foi difícil, não foi fácil, mas a gente atravessou, essa eu diria assim que foi a super tempestade, foi o bug, do período foi esse. Mas quero dizer que foi muito, foi muito bonita a forma como a categoria ficou, se ombreou com o Sindicato”, lembrou a dirigente sindical durante entrevista concedida no dia 5 de maio deste ano.
Dedicação e esforço coletivos da diretoria do Sindicato que se perpetuam até hoje no melhor Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da categoria bancária em todo o país, e das demais categorias filiadas à maior Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CUT; e por dois Acordos consecutivos (2020/2022 e 2022/2024).
Acordos esses frutos do trabalho sindical da bancária do Banpará com maior tempo de sindicalizada e atual diretora da CUT-PA, Odinea Lopes. “Muito me emociona essa homenagem que representa toda minha vida dedicada a defender nossos interesses da categoria bancária, e mesmo hoje, como bancária aposentada, continuarei contribuindo com este Sindicato que tanto me representa e por vários anos fiz parte da direção”, conta.
O que foi vivido até aqui estava registrado em texto e imagens numa linha do tempo de 10m x 2,70m. Os próximos capítulos já começaram a ser redigidos por também quem assume a direção de uma entidade sindical pela primeira vez em uma pasta inédita, a de Juventude.
“Foi pra fazer o nosso Sindicato estar mais presente nessas localidades, como a de São Sebastião da Boa Vista, última cidade que trabalhei como bancária da base do Banpará, que eu aceitei o convite e me sinto pronta para a gestão que vai continuar essa história com muita Unidade pra Avançar os desafios que virão”, garante a diretora, Fabianny Cardoso.
Fonte: Bancários PA