Mais de 30 diretores do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região (SEEBCG-MS) participaram do Curso de Formação Sindical, realizado no Hotel Vale Verde, em Campo Grande, no último final de semana.

Foram dois dias de debate sobre os problemas enfrentados pela categoria bancária, relacionamento com a base sindical, agentes políticos e outros trabalhadores, contexto histórico e desafios da atuação sindical.

O curso contou com a participação dos novos diretores do sindicato que vão assumir a partir do dia 1⁰ de julho. Para a presidenta do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues, a capacitação é importante para melhorar a atuação do sindicato na defesa dos direitos e interesses dos bancários e bancárias.

“Queremos que os diretores novos comecem a gestão entendendo o papel do dirigente sindical e a importância que nós temos na sociedade. É também uma preparação para os encontros estaduais e nacionais para debater questões relacionadas à categoria bancária”, explica Neide Rodrigues.

O presidente da Fetec-CUT/CN, Cleiton dos Santos, afirma que a conjuntura política do país exige uma ação contundente do movimento sindical na defesa dos interesses da categoria e da classe trabalhadora.

“Temos questões da macropolítica como os juros altos, a correção da reforma trabalhista, o debate sobre a reforma previdenciária, portanto, é preciso preparar a categoria, fazer com que ela compreenda qual é o seu papel na defesa do que importa para a classe trabalhadora. Para enfrentar esses problemas, é obrigatório que tenhamos uma formação política consistente”.

Debates

Nos dois dias de curso, os trabalhos foram conduzidos pelo historiador Marcelo Alves, pós-graduado em Economia do Trabalho e Sindicalismo. Entre os temas abordados está o adoecimento da categoria bancária.  

“As pessoas trabalham para ficar bem, para se desenvolver como ser humano. Contudo, o trabalho da forma como está organizado hoje, com foco no lucro, faz com que as pessoas adoeçam, porque há um conjunto enorme de metas para cumprir, uma pressão violenta sobre as pessoas para que elas possam dar cada vez mais lucro para o patrão e isso provoca o adoecimento mental. [...] A psicodinâmica do trabalho bancário leva a um conjunto de psicopatologias muito sério”, explica o historiador.

Na população em geral, as doenças mentais e comportamentais são responsáveis por 12% dos afastamentos, enquanto que na categoria bancária esse índice é de 55%, conforme dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho compilados pelo Dieese.

A incorporação das ideias neoliberais no cotidiano do trabalhador também foi outro assunto discutido. São conceitos e percepções de uma elite dominante usados para reduzir a voz e os direitos da maioria da população.

O historiador explicou, por exemplo, que o conceito que se tem sobre salário em um curso de Administração é custo, enquanto que, para a maioria das pessoas, o salário é a oportunidade de dar qualidade de vida para suas famílias. 

“A realidade é diferente do que é ensinado nas universidades. [...] O neoliberalismo também faz a discussão de que quanto mais desregulado é o trabalho, menos os patrões pagam, menos direitos as pessoas têm. [...] E na visão neoliberal tem que ter muita gente desempregada, porque aí reduz os salários porque tem um monte de gente para trabalhar e poucos empregos. Se produz produtos de valor agregado muito grande porque não é para a massa consumir, a massa tem que sobreviver. Quem consome os produtos de grande valor agregado são as pessoas que têm dinheiro, que tiveram o ‘mérito’ de progredir”, pontua Marcelo Alves.

“O desafio do movimento sindical é ir na contramão desse pensamento que aprofunda desigualdades e lutar por melhores condições de trabalho, justas e saudáveis, para os bancários e trabalhadores em geral”, destaca a presidenta do SEEBCG-MS. Neide Rodrigues ainda comenta que a realização do curso é uma parceria com o Sindicato dos Bancários de São Paulo. "Gostaríamos de agradecer o apoio do sindicato para a realização desta importante capacitação, que nos dará ainda mais bagagem para enfrentar os desafios do sindicalismo", conclui.

Por: Adriana Queiroz/Assessoria de Comunicação do SEEBCG-MS
Fotos: Reginaldo de Oliveira/Martins e Santos Comunicação