Notícias

home » notícias

7 de Dezembro de 2022 às 15:47

Diretor do Sindicato de Dourados, João Grandão está no governo de transição do presidente Lula


O diretor de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Bancários de Dourados (MS), João Batista dos Santos, conhecido como João Grandão, ex-deputado estadual e federal pelo Mato Grosso do Sul, foi nomeado para o governo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no Núcleo de Projetos para o Desenvolvimento Agrário.

Um dos fundadores e depois presidente do Sindicato da base da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN), João Grandão é historiador e advogado. Uma das principais lideranças populares do MS, ele foi vereador em Dourados, deputado federal por dois mandatos (1999-2003 e 2003-2007) e deputado estadual entre 2015 e 2019, sempre pelo PT. Foi também delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Mato Grosso do Sul durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff.

Um dos três representantes de MS no governo de transição de Lula, João Grandão deu a entrevista abaixo ao diretor do jornal Folha de Dourados, José Henrique Marques.

Folha de Dourados – Quais os fatores que o credenciaram na indicação no Núcleo Temático de Desenvolvimento Agrário do Gabinete de Transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva?

João Grandão – Acredito que vários fatores influenciaram, por exemplo tive dois mandatos de deputado federal e durante os dois mandatos fui membro da Comissão de Agricultura, participei de vários momentos em termos de ações que envolvia não só a agricultura familiar, a Lei que alterou a forma de aplicação do Fundos Constitucionais, no MS, o FCO, e tive participação ativa nesta comissão pelo Partido dos Trabalhadores. Outro fator que considero importante foi ter sido relator da Lei 10696/2003 do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), que nela foi colocado o artigo 19 que regulamentou o Programa Fome Zero. Também coordenei o Núcleo do Agrário do PT na Câmara Federal por dois anos e tive a oportunidade de representar o Brasil pela Comissão da Agricultura e pelo PT em vários países, como Suíça (Genebra), Colômbia (Bogotá), Costa Rica e México (Cidade do México e Cancun), inclusive em umas dessas oportunidades era atividade da Organização Mundial do Comércio.  Exerci o cargo de delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em MS e sou de origem da agricultura familiar, pois sou filho de pequeno produtor rural e trabalhei na roça até os 17 anos.

O fato de ter coordenado a campanha do presidente Lula em Mato Grosso do Sul, ajudou?

Sim, pois o resultado político foi importante, elegemos dois parlamentares federais e três estaduais.

Suponho que a indicação passou pelo ex-governador e deputado estadual eleito Zeca do PT e o deputado federal reeleito Vander Loubet.

Sem dúvida, teve a articulação. O fato de eu ter sido deputado federal e estadual, contribuiu, mas a indicação partindo do Zeca, que foi duas vezes governador, deputado federal e agora deputado estadual eleito, e com o apoio do Vander, reeleito deputado federal, foi fundamental.

Como sua presença na transição pode colaborar com desenvolvimento agrário de MS?

Pelo fato de ter atuado nesta área, inclusive ter sido delegado federal do MDA, como já citei, tenho conhecimento da realidade agrária do Estado e posso contribuir com muitas informações. E conto, inclusive, com a colaboração de várias entidades do setor que já têm nos procurado e também as representações dos movimentos sociais ligados ao campo.  

E em nível nacional?

Nas políticas mais gerais como as do PAA e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

As reuniões do Núcleo de Transição são online ou presenciais?

As primeiras são hibridas, sendo um grupo participando dos estados e outro grupo na central. Isso está acontecendo nas duas primeiras semanas, até preparar o relatório preliminar que será entregue no dia 30 deste mês para a comissão executiva da transição. Depois será presencial em Brasília.    

Uma vez recriado o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o MDA, você tem expectativa de reassumir a Delegacia em MS?

Neste momento estamos em fase de estudos, não temos nem um organograma pronto com espaços definidos, pois o MDA foi extinto, portanto precisamos começar tudo de novo, por isso não podemos criar nenhuma expectativa.

Em função da repercussão da indicação na equipe do presidente Lula, algumas pessoas tentaram resgatar, nas redes sociais, uma situação delicada ocorrida há mais de 15 anos…

O trabalho que prestei em MS, como deputado federal, na época, atuei em várias áreas, claro com ênfase maior na questão da agricultura familiar e reforma agrária, portanto eram apresentadas emendas em vários setores para inúmeros municípios. Esse caso citado foi na área da saúde, na aquisição de vários veículos, inclusive, ambulâncias, a critério dos municípios. Isso gerou muita polêmica e foi judicializado. Sempre tive certeza de minha inocência, tanto é verdade que depois de mais de 15 anos tem decisão a meu favor por absoluta falta de provas.

E quanto aos caluniadores?

Já tenho ações propostas de danos morais sobre esse assunto, inclusive nestes resgates recentes que tentaram fazer com matérias requentadas sobre o mesmo tema, o tratamento não será diferente: quem acusou terá que responder na Justiça.   

Vamos falar um pouco de política eleitoral. Como foi a experiência de coordenar em todo o Estado uma campanha presidencial?

Foi uma experiência diferente e positiva, pois durante 24 anos eu sempre fui candidato, e agora me vi do outro lado coordenando uma campanha presidencial. Agradeço a Executiva e o Diretório do PT estadual pela confiança da indicação, registrando mais uma vez o apoio dos movimentos sociais e da militância de meu partido.

O presidente Lula teve cerca de 40% dos votos no Estado. Foi uma votação satisfatória?

Dado as características do Estado consideramos satisfatória a votação do presidente Lula, e contribuiu para o resultado político de crescimento do PT em MS. O fato de termos lançado candidatura própria ao Governo e uma candidatura ao Senado com expressão, também contribuiu para o resultado positivo.

Qual sua avaliação sobre o desempenho do PT de Dourados nas eleições 2022?

Na minha avaliação, o PT de Dourados saiu fortalecido, pois temos o primeiro suplente de deputado federal depois de 12 anos, o vereador Elias Ishy, temos a primeira mulher suplente de deputada estadual, a professora Gleice Jane, e uma expressiva votação com um candidato ao Senado de Dourados, o professor Tiago Botelho, mas claro que todas as candidaturas contribuíram no contexto geral.

Com Lula na Presidência, o PT fica fortalecido nas eleições municipais de 2024, na sucessão do prefeito Alan Guedes (PP) e nos demais municípios?

Sem dúvida que o PT ficou fortalecido em Dourados em função do desempenho que já citamos. No Estado, o fato de duplicar a bancada de deputado federal (Vander Loubet e agora com Camila Jara) e ter aumentado em 50% a representação na Assembleia Legislativa, com a presença do ex-governador Zeca do PT, que juntamente com Pedro Kemp e Amarildo Cruz poderão contribuir sobremaneira, indo além de conseguir recursos para os municípios, mas também intensificar as atividades partidárias em todo o Estado.

Você e o ex-prefeito Laerte Tetila já manifestaram a posição de não disputar a Prefeitura. Então, além do vereador Elias Ishy e das novas lideranças que surgiram [o professor Tiago Botelho e a professora Gleice Jane] ainda há espaço para o surgimento de outro nome ou a candidatura ficará entre os três?

Penso que ainda é cedo avaliar esse cenário.

O que você pensa sobre política de alianças em Dourados? O PT deve se limitar ao campo de esquerda?

A tendência do partido é caminhar com o campo de esquerda, mas isso é uma construção. As alianças, independentemente de qual será o formato, terá que passar, necessariamente, por dentro do partido.

Quando deputado federal você foi reconhecido como um dos melhores que MS teve em sua história. Considera a possibilidade de retornar ao Congresso Nacional?

Tudo é uma construção, sempre contribui com o meu nome para disputa eleitoral durante 24 anos. O tempo dirá.

O que espera do novo governo Lula?

Consolidar a democracia, erradicar a fome e resgatar as políticas públicas para promover a inclusão social.  

Acredita na pacificação do Brasil a partir de 2023?

Será um governo de disputas. A pacificação passa necessariamente pela habilidade política do Lula em relação ao Congresso Nacional, e vai contar com credibilidade que ele tem no cenário político internacional. 

 

Fonte: Fetec-CUT/CN, com Folha de Dourados


Notícias Relacionadas