Sem justa causa, mas por falta de produção, essa foi a alegação apresentada pelo banco. “Estava prestes a completar um ano de banco. Eu estava começando minha rotina laboral, ligando os sistemas e me preparando para atender, foi quando fui chamado e, para minha surpresa, entrei na sala com a carta de demissão pronta para eu assinar!”, desabafa o bancário que preferiu não ser identificado.
Em busca de orientação sobre o que fazer diante de uma notícia dessas “do dia pra noite”, ele procurou o Sindicato. “Sou muito grato pela ajuda que estou recebendo do Sindicado, que de imediato me forneceu ajuda e um consolo neste período difícil”, agradece.
Na manhã de hoje (11), um dia após a demissão do bancário, dirigentes sindicais realizaram o segundo ato, do ano, em protesto contra as dispensas no Santander que ocorrem quase que diariamente em todo o Brasil, mesmo a instituição tendo se comprometido em não demitir nessa pandemia.
“O Santander é o único banco que não vem cumprindo com o prometido, quase toda semana temos notícias de demissões aqui no Pará. Algo insustentável que afeta emocionalmente todos e todas que ficam com receio em serem a próxima vítima”, destaca o diretor de bancos privados do Sindicato, Sandro Mattos.
No primeiro trimestre de 2020 o banco já havia registrado lucro líquido gerencial de R$ 3,85 bilhões, crescimento de 10,5% na comparação com o mesmo período de 2019.
“Só no Brasil, o lucro do Santander foi de 32% do total de seu lucro mundial – R$ 5,989. O valor é 10,5% maior do que o obtido no mesmo período de 2019. Ou seja, as demissões ocorrem em virtude da ganância do banco”, avalia o diretor da Fetec-CT/CN e empregado do Santander, Márcio Saldanha.
O Sindicato ajuizou, no dia 14 de julho, Ação Civil Pública (ACP) contra o banco. Distribuída para a 19ª Vara do Trabalho de Belém, a ACP destaca as demissões arbitrárias, sem justa causa, em meio à pandemia.
Conseguir o emprego de bancário foi a realização de um sonho. “Com ele eu conseguia tirar o sustendo de minha família e ajudar meus pais. Desde o início sempre lutei para conseguir este emprego, fiz minha certificação CPA 10 e investi nisso em um curto prazo para me mostrar apto”, lembra o bancário.
Mas o sonho continua. “Penso em voltar sim. No momento não tenho opções, penso em tirar um sustento sendo motorista de aplicativos ou procurar outra forma de pagar meu aluguel e tirar o sustento de minha família. Para ser sincero ainda não estou acreditando na minha demissão”, conta.
Uma comissão foi tirada pelo Sindicato para acompanhar de perto as demissões no Pará e os encaminhamentos necessários para garantir a execução do compromisso do banco de não demitir funcionários durante a pandemia. Uma das iniciativas já tomadas pela comissão foi de articulações com os parlamentares do estado.
O deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL/PA), em sessão da Câmara dos Deputados, no dia 29 de junho, solidarizou-se com os bancários e bancárias do Santander. “Quero pedir aos órgãos de fiscalização que coíbam uma instituição tão lucrativa de destruir empregos e demitir tanta gente. No Pará, já se contabilizam nove demissões”, alertou o parlamentar paraense.
O Sindicato também, por meio de ofício endereçado ao presidente da Assembleia Legislativa do Pará, deputado Daniel Barbosa, pediu aos parlamentares da Casa, entre eles os deputados Bordalo e Dirceu Ten Caten, a adoção de “medidas que visem a coibir a conduta assumida pela empresa no meio da crise instaurada em nosso país”, diz no documento.
O senador Paulo Rocha também foi procurado pela comissão.
Caso o bancário ou bancária seja surpreendido com uma carta de demissão, o Sindicato orienta que o trabalhador e trabalhadora procure a entidade sindical para comunicar o fato para medidas cabíveis e orientações necessárias.
Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT