A Contraf-CUT realizou nessa quarta-feira, dia 8 de abril, a primeira Live no Instagram para esclarecer as principais dúvidas dos bancários sobre o trabalho nesse período de pandemia do coronavírus. A transmissão ao vivo teve a participação de mais de 230 bancários de todo o país.
A presidente da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, explicou que as negociações com os bancos acontecem diariamente para garantir proteção à saúde e aos direitos trabalhistas dos bancários. “Nós estamos diariamente em contato com a Fenaban ou com algum banco específico. Nessa terça (7), por exemplo, tivemos reunião com a Caixa, exatamente para fazer um check list de tudo que está sendo feito, para cobrar a aplicação das medidas, falar das aglomerações e da preocupação com o pagamento do auxílio emergencial por causa das filas”, esclareceu a presidente da Contraf-CUT.
As demandas são apresentadas a partir das situações relatadas pelos sindicatos em todo o país ao comitê de crise criado para debater as questões relacionadas à pandemia.
“Os sindicatos são muito importantes nesse momento. Tem categorias que não tem sindicato forte e estão perdendo direitos, perdendo empregos. Então, é muito importante ter uma organização nacional como nós bancários temos, uma união de norte a sul, que faz com que a gente conquiste, por exemplo, a garantia de empregos, Itaú e Santander já se comprometeram a não demitir durante a pandemia e o Bradesco também anunciou recentemente em uma entrevista”, ressaltou Juvandia Moreira.
Durante a transmissão ao vivo, foram abordadas as denúncias de bancos que ainda estão cobrando metas e fazendo demissões, o pedido feito pelo Comando de adiamento da Campanha Nacional dos Bancários e a ultratividade do acordo coletivo 2019/2020, entre outros assuntos.
Confira abaixo os principais esclarecimentos da Contraf-CUT:
Após pedido do Comando Nacional dos Bancários, os bancos autorizaram o home office para todas as pessoas do grupo de risco, como trabalhadores acima de 60 anos, diabéticos, hipertensos, cardíacos, asmáticos, em tratamento contra câncer ou com qualquer doença crônica ou imunodepressiva, independente da função que exercem dentro do banco.
“Conseguimos incluir as gestantes e as lactantes nesse grupo, alguns bancos adotaram, outros resistem. Mas a gente luta e cobra para que todos incluam também essas mulheres”, explicou Juvandia.
O Comando também solicitou que bancários que coabitam com pessoas do grupo de risco sejam liberados.
Em relação aos trabalhadores que continuam nas agências, a orientação é que o banco faça um rodízio de funcionários, independente da função.
As pessoas que estão em home office não podem ter salário reduzido porque continuam desempenhando suas tarefas. Quem está no rodízio e aqueles que são do grupo de risco e tem uma função que não pode ser desempenhada em casa, como o caixa, também não podem ter desconto no salário.
Em casos de suspeita ou confirmação de coronavírus, o bancário deve ser afastado e ficar de quarentena, assim como os demais funcionários que tiveram contato com o trabalhador. Também é preciso fazer a sanitização do ambiente de trabalho.
“Se o banco não quiser liberar aqueles que tiveram contato com a pessoa, nós solicitamos que seja feito o teste rápido nessas pessoas. Os três grandes bancos privados disseram que vão doar 5 milhões de testes. Se vão doar, então que também apliquem o teste para o bancário saber se está contaminado ou não. Ninguém pode estar no local de trabalho correndo risco”, explicou a presidente da Contraf.
Escalonamento de clientes e a formação de filas com distância mínima de 1,5 metros estão entre as medidas cobradas pelo Comando Nacional desde o início da pandemia e, de acordo com Juvandia, tem sido aplicada pelos bancos, mas ainda com dificuldades em algumas regiões do país.
“Estamos vendo filas enormes, aglomerações do lado de fora das agências. Nós pedimos que fosse feita a marcação para que pessoas não se aglomerassem, que o poder público atue para que as pessoas mantenham distância uma das outras e que não tenha bancário no autoatendimento, para que ele não fique exposto. Mas temos problema em relação a isso, porque, em alguns estados, o Procon pede a presença de um funcionário. Se tiver que ficar, que seja com muita proteção”, relatou Juvandia.
Também está sendo cobrada a implantação de protetores de acrílico nas áreas de atendimento. Medida que já foi anunciada, por exemplo, pela Caixa Econômica Federal.
Juvandia Moreira abordou ainda a preocupação com a MP 927, que permitiu a implantação de medidas pelos bancos sem negociação com os sindicatos como, por exemplo, o Banco do Brasil com a antecipação compulsória das férias e o Santander que adotou o banco de horas e ampliou a compensação para 18 meses.
“Estamos conversando com o Congresso Nacional para reivindicar emendas que tirem dessa MP a possibilidade de qualquer negociação sem o sindicato. O ministro Ricardo Lewandowski do STF deu uma liminar dizendo que tem que avisar o sindicato antes, mas nos casos de redução de jornada e salário”, afirmou a presidente da Contraf.
Por conta do alto número de perguntas referente à pandemia, a Contraf fará outra live na próxima semana para responder outras dúvidas dos bancários. Os interessados podem enviar suas perguntas previamente pelo chat, disponível no canto inferior direito do site da Contraf.