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21 de Novembro de 2016 às 06:21

Comissão da Verdade da Escravidão Negra no DF e Entorno apresenta relatório dia 28


Crédito: Denise Porfírio

Brasília - A Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno convida sociedade civil e ativistas pelos direitos da população negra e quilombola para participar da sessão solene de apresentação de seu relatório preliminar. 

O evento que faz parte da programação do mês da consciência negra, acontecerá no dia 28 de novembro, no teatro do Sindicato dos Bancários, à partir das 18h30 e contará também com o lançamento do livro Quilombo Mesquita: história, cultura e resistência de Manoel Barbosa Neres. 

Criada no âmbito do Sindicato dos Bancários de Brasília, a comissão possui hoje 19 membros entre advogada(os), bancários, historiadores, sociólogos, jornalistas, educadores, militantes de direitos sociais, líderes religiosos cristãos e de matriz africana.

Depois de oito meses de atuação, o trabalho da CVN/SBB contemplou 13 comunidades quilombolas e visitou outras nove na região do Distrito Federal e entorno para buscar informações mais detalhadas sobre o período da escravidão por meio de pesquisas bibliográficas, documentais e entrevistas.

Pesquisa e Comunidades históricas – Nossa Senhora Aparecida, Moinho, Jardim Cascata, Almeidas, Flores Velha, Boa Nova, Ana Laura, Mesquita e os Kalungas de Tinguizal, Vão de Almas, Engenho II, Riachão e Diademas, são as comunidades quilombolas que fizeram parte dessa primeira fase do projeto. 

Durante as visitas, foram encontrados diversos documentos nos acervos das bibliotecas públicas, museus e igrejas de Luziânia, Formosa e Planaltina respectivamente chamadas de Arraial de Santa Luzia, Arraial dos Couros e Distrito de Mestre D’armas no início do século XVIII. Tais documentos se referem à sesmarias (terrenos sem culturas ou abandonados que os reis de Portugal determinavam que fossem entregues a quem se comprometesse a cultivá-los), livros de certidões de nascimento, casamento, óbito, mapas, publicações, jornais e revistas datados a partir de 1780.

Perspectivas futuras - Eduardo Araújo, presidente do Sindicato dos Bancários e funcionário do BB, adianta que a ideia é investir todo conteúdo pesquisado na criação de um projeto para a divulgação do trabalho da comissão, a partir da coleta de dados e de pesquisas acerca das atividades desenvolvidas. 

“Esse é um trabalho pioneiro, histórico. Nossa atuação junto a esta iniciativa demonstra nosso compromisso em conquistar a tão sonhada igualdade racial, como uma ferramenta do movimento social que rejeita qualquer manifestação de desigualdade entre negros e brancos”, ressalta.

Araújo destacou ainda a importância da CVN/SBB como instrumento de apuração e reparação dos crimes de racismo fora e dentro da própria categoria. A parceria com o Sindicato se deu pela demanda dos próprios bancários que apontaram a falta de políticas afirmativas de combate ao racismo dentro de seus locais de trabalho.

Militância negra bancária – Vice-presidente da CVN/SBB, Jeferson Meira, também é coordenador do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato dos Bancários de Brasília, criado com o objetivo de ampliar o debate na busca pelo fim do preconceito, da discriminação e do racismo nas instituições bancárias. 

Jefão como é conhecido, também é funcionário do Banco do Brasil e acredita que a criação da CVN/SBB possibilitará uma maior visibilidade à situação dos negros no sistema financeiro. 

Segundo ele, são os negros e as mulheres que possuem menos cargos de comissão e menor salário. “Ainda há muita desigualdade entre os não negros e os negros que em sua maioria são os preteridos na ascensão de carreira. A comissão tem a missão de alertar sobre os aspectos negativos referentes ao histórico de racismo e seu reflexo no sistema financeiro”, destaca. 

Manoel Duque, funcionário do BRB desde 2004 e consultor da CVN/SBB, avalia todo trabalho desenvolvido como um importante passo para dar visibilidade as reais condições socioeconômicas dos negros vizinhos do poder do país. 

“Com o relatório em mãos, a população negra do Distrito Federal poderá dispor de um instrumento sócio político de transformação social”, afirma Duque.

Na sua opinião, a Comissão tem mostrado que a escravidão não acabou, embora exista movimentos que lutam pela igualdade racial, a população negra ainda está a margem do acesso integral aos serviços públicos de educação, cultura, oportunidade de emprego, moradia e serviços básicos como água, esgoto e energia elétrica.

Denise Porfírio
Colaboração para o Seeb Brasília 


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