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5 de Julho de 2020 às 08:19

COBAN 2020: A luta virtual é novidade, mas a exploração do capital sobre o trabalhador não é, afirma Miguel Pereira


O bancário do Bradesco (ex HSBC) e ex-diretor da Contraf-CUT de 2003 a 2018, Miguel Pereira, foi o segundo palestrante a se apresentar no 11º Congresso Estadual dos Bancários de Rondônia (COBAN) e fez uma vasta Análise da Conjuntura Nacional, principalmente neste momento de pandemia do novo coronavírus.

Para o veterano especialista nas lutas do movimento sindical, mesmo de forma virtual a luta não para e não pode parar.

“Se presencialmente já tínhamos dificuldades, imagina remotamente, com uma pauta entregue de forma virtual. A única coisa que não é inédita, infelizmente para nós, é a exploração do capital do trabalho sobre o trabalhador. A pandemia, apesar de tudo, mostrou como é importante o trabalho humano. Não tem como produzir riqueza que não seja pelo trabalho humano. E não se pode ter isso sem pagamento de salário”, enfatizou logo no início de sua palestra.

Miguel disse que a pandemia trouxe o aumento da concentração da riqueza por meio do desemprego crescente, excluindo uma grande parcela da população mundial.

“Antes mesmo da pandemia, ainda em janeiro de 2020, as condições já eram ruins na economia. Depois do golpe (com a ex-presidente Dilma), todas as medidas dos governos seguintes foram feitas para tirar do trabalhador e dar para os ricos. Com um ano do atual governo a queda da economia, o aumento do desemprego e a queda na produção industrial, já tinha sido ampliada. Quando a pandemia chegou já tinha precarização do trabalho e economia fragilizada. O vírus só agravou o quadro que já estava ruim para o trabalhador e para o mercado. Desde então, sete milhões de pessoas já perderam o emprego, fruto das atitudes de um governo negacionista, que desde o início caminha contra o consenso global. Ou seja, juntamos um quadro de pandemia com um pandemônio (crise política de um governo negacionista e sempre envolvido em escândalos e comportamento…). E por que ele não cai? Porque mesmo num estilo que não era o esperado, a pauta do governo Bolsonaro acaba interessando aos poderosos, à elite, aos bancos, ao capital financeiro como um todo”, continuou.

O dirigente lembrou ainda a questão da postura desumana adotada pelos bancos em plena pandemia, que é a de pressionar os bancários pelo atingimento de metas.

“Ora, se não há produção, não há renda e não há consumo, como é que bancário vai bater meta? Quem vai querer comprar um consórcio se ninguém sabe se estará com emprego no dia seguinte? Como isso será possível se hoje já são 230 mil bancários em home office? E os bancos já deixaram bem claro que querem adotar o home office permanente, pois aumenta a produtividade e reduz os custos com os empregados. O Santander, por exemplo, já mantém este debate diário. Portanto, a pandemia é inédita, mas a exploração no trabalho e o lucro dos bancos não são. Enquanto o mundo se preocupa em salvar vidas e empregos, aqui no Brasil continua a jornada pra retirar mais direitos dos trabalhadores. Os ataques aos direitos trabalhistas vão perdurar”, concluiu Miguel Pereira.


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