Brasília - O BRB passa por um momento de inflexão. Ou deslancha ou se perde na indefinição de um futuro que ainda não foi apontado pela não tão nova gestão.
Desde 2013 o banco vem em uma espiral de decréscimo perigoso, com resultados decrescentes ano a ano, muito em função de erros da alta administração, que gerou dificuldades de alavancagem desde então.
A nova administração, que já não é tão nova assim, em que pese ter reduzido a aberração de 15 diretorias para oito, ainda não teve a capacidade de mostrar inovação nem criatividade para propor caminhos que tirem o banco desta situação. Com exceção do “mobile”, que aliás chega tarde, nada de novo se vê, a não ser o “feijão com arroz” diário incapaz de levar o BRB a um outro patamar no concorridíssimo mercado financeiro, agravado por uma grave desaceleração econômica que por si só é um grande desafio, pois afugenta o tomador de crédito, fonte principal do resultado dos bancos.
Diante desta situação, eleger o trabalhador como inimigo, e nele concentrar os esforços de tentativa de equilíbrio da situação do banco, representa um grave equívoco de gestão, que vai ao encontro dos desastres perpetrados pelas gestões anteriores que legaram ao BRB este desajuste estrutural que ele apresenta.
Em empresas de serviços, em especial no ramo financeiro, o principal “insumo” e fonte de maior despesa é o pessoal. E o BRB não difere do que apresenta o sistema como um todo. Quando se vê os indicadores de qualidade e eficiência, se percebe que o custo de pessoal é compatível com as despesas totais do banco e está em linha com o que ocorre no sistema como um todo, pois há de se levar em consideração que não se pode comparar as despesas de pessoal do BRB com as de bancos que têm grandes escalas como BB, Caixa, Itaú e Bradesco, cujo custo se dilui em função de seu gigantismo.
Os funcionários do banco são sua solução, e qualquer saída da atual situação implica, necessariamente, uma união da alta administração do banco com seus trabalhadores, e não o contrário. Como esperar dedicação e envolvimento com um corpo funcional absolutamente desmotivado? E o momento adequado de se mostrar que se respeita este corpo funcional é nos momentos de dificuldade, onde se busca alianças estratégicas com este em busca de novos caminhos, o que passa, necessariamente, por reconhecer nos trabalhadores a necessidade de uma boa remuneração, em que pese o piso do BRB ser apenas ligeiramente superior a três salários mínimos.
O governo não dá demonstrações claras do que quer com o banco, e causa estranheza a presença do ex-secretário da fazenda do GDF Leonardo Colombini como consultor da presidência, sobre quem surgem informações de que estaria preparando uma proposta de um novo banco. Vindo de quem vem, com histórico de dedicação aos governos tucanos de Minas Gerais, com forte viés de desrespeito aos trabalhadores e favorável à privatização, causa no mínimo desconforto esta situação, ainda mais se considerando que a atual diretoria tenta massificar um discurso de necessidade de contenção de despesas, e “contrata” um consultor, sem necessidade, com salário semelhante ao de superintendente, R$ 25 mil.
Caso haja interesse, e boa vontade da diretoria, apoiada pelo seu segundo escalão, os superintendentes, e ainda com o decisivo apoio dos gerentes das unidades de negócio do BRB, os gerentes gerais, o banco pode, e muito bem, apresentar uma proposta inteligente e criativa para resolver o impasse da campanha salarial. Proposta que contemple a reposição das perdas e ainda agregue ganhos, e que contribuirá sobremaneira para um chamamento ao conjunto do BRB: VAMOS SAIR DESTA CRISE.
Cabe também aos superintendentes e gerentes gerais do BRB um papel ativo e proativo neste momento. Um papel que vá muito além da mera obediência a ordens descabidas de confronto com o funcionalismo em greve. Um papel estratégico que esteja à altura de suas responsabilidades: fazer ver à diretoria a incoerência de sua postura. É óbvio que não se quer que estes atores saiam por aí de forma estridente, mas, de maneira inteligente, calma, porém firme, cobrar da diretoria uma ação objetiva e certeira na busca de uma solução que, repetimos, pode chegar a bom termo, havendo boa vontade, equilíbrio, criatividade e inteligência.
Agora, se por um questão de concepção, esta diretoria apostar no confronto, é importante saber que ficará marcada, de forma indelével, pelas piores páginas de uma belíssima história construída há mais de 47 anos pelos trabalhadores e trabalhadoras que passaram e estão a serviço de criar e manter uma instituição de enorme importância para a sociedade do DF: o nosso BRB.
Coletivo do BRB do Sindicato dos Bancários de Brasília