Do lado de fora, uma equipe de emissora de TV mostrava a reclamação dos clientes e usuários na fila de espera para atendimento. Do lado de dentro, dirigentes sindicais ouviam a insatisfação de bancários e bancários. O lugar comum? A agência da Caixa em Canaã dos Carajás, sudeste paraense, onde há 6 meses existe uma vaga aberta para gerente de pessoa física.
“Só de olhar a fachada da unidade é possível imaginar a resposta de o porquê nenhum colega se dispor a uma vaga aberta de gerente. Paredes sujas e impossibilitadas de serem limpas por causa da fiação elétrica muito próxima, com risco iminente de descarga elétrica. Passando a porta de vidro, mais problemas à vista, piso desgastado, escada que dá acesso ao pavimento superior sem iluminação. De longe e infelizmente, a pior agência da Caixa que visitamos”, conta a diretora do Sindicato na região sudeste do Pará, Heidiany Moreno, que esteve no município na ultima quarta-feira (23) junto com os dirigentes Wellington Araújo, Eliana Lima e Márcio Saldanha, na Caravana Bancária pela região.
Mas os problemas por lá não são só físicos e estruturais, além da vaga para gerente de pessoa física que sobra, faltam bancários e bancárias para atender toda a demanda diária e pesada. “Se o quadro funcional estivesse completo, os colegas não precisariam extrapolar jornada de trabalho exaustiva para não deixar nenhum cliente e usuário sem atendimento. Escutamos relatos de que já houve dias que alguns bancários e bancárias levaram o expediente até às nove horas da noite. Dos treze empregados da unidade, apenas oito estão trabalhando presencialmente, os demais estão afastados por licença-médica, licença-interesse e ou em home office. Colhemos todas as reclamações para darmos o encaminhamento mais do que necessário e urgente junto à superintendência do banco em Belém”, afirma Wellington Araújo.
Dos cinco afastados, três são por licença-médica e para que eles consigam atendimento com especialistas precisam se distanciar ainda mais do local de trabalho. “É que em Canaã não há nenhum médico credenciado ao Saúde Caixa; aliás a escassez em encontrar profissionais da área da saúde que atendam pelo plano é em toda a região. Há pouco mais de dois anos, o Sindicato dos Bancários travou uma batalha em busca de que o único hospital particular de Marabá, uma das cidades-pólo mais próximas de Canaã, firmasse convênio com o plano de saúde do funcionalismo do banco”, lembra Heidiany Moreno.
Em 2020, quase que no mesmo período do surgimento do coronavírus, o hospital Climec que pertencia a Unimed Sul do Pará, e tinha convênio com o Saúde Caixa, foi vendido para a Unimed Fama. Por conta dessa transição, todos os contratos com planos de saúde foram quebrados, alguns retomados, menos o Saúde Caixa.
Mesmo diante de várias tentativas de retomar o convênio, seja através de reuniões, troca de e-mails e envio de documentação, a licença estadual, exigida pelo Saúde Caixa nunca foi enviada pela Unimed Fama.
No início do ano passado, o único hospital particular de Marabá, após mais uma tentativa do Saúde Caixa, informou que não tinha interesse em firmar parceria com o plano de saúde da Caixa.
“Agora em 2022, mais uma tentativa foi feita e a Unimed Fama alegou que diante da alta demanda da covid-19 e influenza, estava impossibilitada de atender qualquer outra questão; mas chegou a dar uma esperança ‘no fim do túnel’ de que caso o cenário epidemiológico desse sinais de melhoras, poderia incorporar o Saúde Caixa. Mas para nós, está mais do que claro que não existe nenhum interesse real da Unimed Fama em fechar convênio com o Saúde Caixa”, explica a presidenta do Sindicato que é bancária do banco federal, Tatiana Oliveira.
Enquanto isso, há mais de 2 anos, bancários e bancárias da Caixa em Marabá e região precisam recorrer ao atendimento particular, dependendo da especialidade médica como ginecologia e obstetrícia que não há um credenciado sequer, e depois solicitar, e esperar dias ou até meses a fio, pelo reembolso.
“Essa burocracia em busca de um atendimento médico digno precisa ser resolvida, e para o Sindicato, o que começou como uma luta se torna agora um apelo para que representantes do Saúde Caixa possam vir pessoalmente até Marabá para se reunirem com representantes da Unimed Fama em busca de fechar parceria ou alternativas que facilitem a vida do bancário e da bancária dos serviços médicos necessários, já que o município dispõe apenas desse único hospital da rede particular”, finaliza Tatiana Oliveira.
Fonte: Bancários PA