Campo Grande MS - Caracterizada como “estresse crônico profissional” pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional tem acometido bancários em todo o país. Os sintomas são exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.
Na tradução literal, "burn" quer dizer queima e "out" exterior. O termo está relacionado a um jargão inglês, como aquilo que deixou de funcionar por falta de energia.
A síndrome também pode causar dores musculares, dor de cabeça frequente, problemas gastrointestinais, insônia, negatividade constante, dificuldades de concentração, sentimento de incompetência, derrota e desesperança. A principal causa é o excesso de trabalho ou estresse decorrente da atividade profissional.
A presidente do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues, explica que as condições desgastantes de trabalho deixam os bancários vulneráveis a esse tipo de distúrbio emocional.
“Pressão por resultados, perda de função, sobrecarga de trabalho por falta de novas contratações. Tudo isso prejudica a saúde mental do bancário e aumenta o risco de o trabalhador ter essa síndrome. Temos percebido que os casos estão se tornando comuns em nossa categoria”, explica a presidente do sindicato.
Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) - obtidos pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região - revelam que de 2009 a 2017, a quantidade bancários afastados por transtornos mentais cresceu 61,5%.
De acordo com secretário de Relações Sindicais e Saúde, Everton José Gaeta Espindola, a situação tem se agravado nos bancos públicos, principalmente na Caixa Econômica Federal, que vem passando por reestruturações constantes.
“Nós tivemos redução dos postos de trabalho em decorrência dos PDVs, fechamento de unidades, e ainda o encerramento de áreas-meio que ocasionou transferências, deslocamentos de funcionários, o que mexe com toda a vida familiar e profissional e gera um alto grau de stress, ansiedade e insegurança”, comenta o diretor do sindicato.
Uma pesquisa, encomendada pela Fenae em 2018, revela que um em cada três empregados da Caixa, ouvidos no período de 2 a 30 de maio, diz ter apresentado algum problema de saúde em decorrência do trabalho.
Entre os que tiveram algum problema, 10,6% relataram depressão. Doenças causadas por estresse e doenças psicológicas representam 60,5% dos casos. O estudo aponta que 53% precisaram recorrer a algum medicamento. Os remédios mais usados foram os antidepressivos e ansiolíticos (35,3%), anti-inflamatórios (14,3%) e analgésicos (7,6%).
A Síndrome de Burnout pode resultar em estado de depressão profunda. A orientação do sindicato é que ao identificar qualquer sinal de estresse crônico, o bancário busque ajuda.
“O sindicato tem essa preocupação com a saúde do bancário e queremos conscientizar o trabalhador para que ele não deixe chegar no último estágio, e procure ajuda de um profissional ou procure o sindicato para receber as orientações para este tipo de situação”, destaca a presidente Neide Rodrigues.
O secretário de Relações Sindicais e Saúde do SEEBCG-MS explica que nem sempre o ambiente de trabalho dos bancários é saudável devido a extrema competitividade, a exigência de formação específica (CPA-10, CPA-20, CEA) e a própria estrutura da carreira, que tem como base as metas.
“É um círculo vicioso, nos cargos de chefia, por exemplo, o bancário sobrevive na função não só tendo a pressão das próprias metas, como pela pressão que exerce sobre os demais para que eles também atinjam as metas. Para um ambiente de trabalho saudável, os gestores têm que entender que trabalhamos com pessoas e não máquinas. É preciso humanizar esse sistema de metas”, ressalta Everton Espindola.
De acordo com o diretor do sindicato, o alerta vale também para a toda equipe, para que fiquem atentos à mudança de humor ou estresse permanente nas atitudes de algum colega de trabalho.
Outras medidas de prevenção são sair da rotina, realizar atividades de lazer e praticar atividades físicas. “Programar uma atividade diferente para o final de semana, fazer uma boa leitura, aproveitar o tempo com a família e amigos, assistir a um filme. Permitir se desligar e viver um dia sem compromisso de nada”, destaca o diretor do sindicato.
Fonte: SEEB/Campo Grande MS com informações do Ministério da Saúde