Brasília - Trabalhadores, seus representantes sindicais, parlamentares e especialistas lotaram o auditório Petrônio Portela, no Senado Federal, nesta terça-feira (3), para discutir a proposta de reforma da Previdência de Bolsonaro. Presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), a audiência pública referendou a posição da classe trabalhadora contra o direito de se aposentar. Os trabalhadores bancários foram presença expressiva no evento e aproveitaram a ocasião para protestar.
Bancários, professores, vigilantes, servidores públicos, trabalhadores rurais, da saúde, dos Correios, de asseio e conservação, urbanitários, jornalistas e outros trabalhadores do DF e de outros estados, convocados pela CUT e pelas demais centrais sindicais, definiram como estratégia pressionar os três senadores de cada estado para que votem a favor do povo e contra o açoite dos direitos previdenciários. O encontro foi organizado pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social.
A audiência, que ocorre um dia antes da discussão da PEC 6/2019 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, engrossa o coro de resistência e mobilização da classe trabalhadora um mês antes da votação na Casa, onde a tramitação é encaminhada “a toque de caixa”, seguindo a vontade da equipe econômica de Bolsonaro.
Na tribuna, o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, destacou que o debate no Senado se faz necessário, considerando principalmente a rapidez com que uma pauta tão importante foi tratada na Câmara Federal. “Enquanto bancários, não temos dúvidas de que este projeto visa destruir a nação e precarizar as condições de vida dos brasileiros e brasileiras nos municípios em troca de uma concentração ainda maior de renda para os grandes rentistas do país”, declarou Kleytton.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) também participou da audiência e afirmou que “tentam se apoderar e rasgar tudo que foi tecido na Constituição brasileira no que diz respeito à proteção social. A reforma da Previdência expressa isso e vem aliada a uma série de atentados contra o direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e contra qualquer projeto de desenvolvimento nacional”. Erika disse ainda que “o Brasil está sob domínio de um segmento capitalista, improdutivo e rentista que não tem qualquer tipo de diálogo com o mundo do trabalho, com a infraestrutura, nada que diz respeito a mercado interno ou insumos que são fundamentais para o desenvolvimento de cadeias produtivas para que nós tenhamos um modelo de Brasil”, reforçou a deputada, que é empregada aposentada da Caixa.
Para o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, o argumento do governo de que a reforma resolverá a crise por que passa o país é uma falácia. “É mentira que o Brasil precisa fazer uma reforma como esta para retomar o crescimento econômico. O país precisa de uma reforma tributária, para tributar a fortuna e não o salário”, frisa Vagner.
“A gente precisa se mobilizar agora. Vamos reforçar o trabalho de convencimento dos senadores sobre os prejuízo que esta reforma representa para o conjunto dos trabalhadores. Ou fazemos isso agora ou veremos a tragédia assolar nosso país”, destacou na tribuna o sindicalista, vigilante e deputado distrital, Chico Vigilante.
De acordo com a Auditoria Cidadã da Dívida, o rombo nas contas públicas, principal argumento do governo para pautar a reforma, está no sistema da dívida, e não na Previdência Social. Os dados apresentados pela coordenação nacional apontam que o orçamento federal pago em 2018 foi de R$ 2,621 trilhões, enquanto o valor previsto havia sido de R$ 3,527 trilhões, uma diferença de R$ 1,065 trilhão que deve ser investigada.
Contra as correntes
Mulheres campesinas fizeram um protesto durante a audiência. Carregando uma enorme corrente, as trabalhadoras entoaram um grito contra a proposta de Bolsonaro e receberam o apoio total dos presentes. Ecoou no auditório que “essa reforma é opressora, tira direito da mulher trabalhadora”. As mulheres são os principais alvos da proposta de reforma previdenciária.
Joanna Alves
Do Seeb Brasília