Pelo segundo dia consecutivo, os bancários protestaram contra o desmonte das empresas públicas. Desta vez, foram os empregados da Caixa que retardaram em 1 hora a abertura da agência que fica na Rua Barão do Rio Branco, no centro de Campo Grande.
O ato é um protesto contra a reestruturação, anunciada no final de janeiro, sem qualquer diálogo com o movimento sindical, e o desmonte do banco público, que precariza ainda mais as condições de trabalho nas agências e no atendimento ao público. Durante a mobilização, foram distribuídos exemplares de informativo que destaca a importância da defesa da Caixa 100% pública. CLIQUE AQUI E LEIA.
Esta reestruturação vai acarretar problemas como mudança brusca de atividades, cobranças de metas abusivas, descomissionamentos sumários, fim de postos de trabalho e transferências compulsórias. “Essa reestruturação lançada pelo banco não foi dialogada com o movimento sindical, com a comissão de empregados da Caixa ou até mesmo com os próprios funcionários. Temos um acordo coletivo que tem que ser respeitado e qualquer tipo de movimentação no banco deve ser conversada e negociada com o movimento sindical”, afirmou a presidente do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues.
Na última terça-feira, dia 11, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em conjunto com a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa e os sindicatos dos bancários de todo país, conseguiu uma liminar que impede, temporariamente, a Caixa de dar continuidade aos procedimentos de reestruturação que estão sendo implantados pelo banco. A suspensão segue até que haja a realização de reunião e de tratativas no âmbito da Mesa Permanente de Negociação
Ainda de acordo com a presidente, as entidades representativas dos bancários esperam uma negociação com o banco para tratar sobre a reestruturação. “É necessário que o banco dialogue com o movimento sindical, nós estamos na mesa de negociação esperando que tenha um avanço para que possamos dar uma segurança maior para os trabalhadores”, pontuou.
Para o secretário de Relações Sindicais e Saúde do sindicato e funcionário da Caixa, Everton Gaeta Espindola, o enfraquecimento do banco público pode trazer consequências para o desenvolvimento do país e para a população que utiliza os serviços da Caixa.
“A gente se preocupa não só com a categoria bancária, que vai ser prejudicada com esse desmonte, mas também o que muda para a população em geral. O banco público atende toda a sociedade, de todas as classes. A gente precisa discutir a instituição pública a partir do seu desenvolvimento para a população, que é: asfalto, água, esgoto, habitação, financiamento estudantil e agronegócio. A Caixa é uma agente de políticas públicas, e está presente em praticamente todos os municípios do Brasil”, destacou.
Ainda segundo secretário de Relações Sindicais, são 159 anos de existência de um banco que é público e que continua tendo recordes de lucros todos os anos.
“O desmonte representa uma perda do papel social da Caixa, muda o perfil do cliente, a trajetória da empresa, o objetivo, os bancários passam a ter uma cobrança muito maior em venda de produtos e serviços, que não é o foco da Caixa, isso os bancos privados já fazem. O papel da Caixa é estar presente para todas as bases e níveis da sociedade. Temos uma história de sucessivos recordes de faturamento, mesmo exercendo a função de banco social, então para que privatizar?”, finalizou.
Nos nove primeiros meses de 2019, o lucro da Caixa foi de R$ 16,2 bilhões, aumento de 40,9% comparado o mesmo intervalo do ano anterior. E mesmo com os ótimos resultados, a Caixa fechou, em 2019, 1.341 postos de trabalho em relação ao mesmo período de 2018. Foram fechadas ainda cinco agências, 41 postos de atendimentos, 68 lotéricas e 463 Correspondentes Caixa Aqui.
Por: Daiana Porto/Assessoria de Comunicação do SEEBCG-MS
Fotos: Reginaldo de Oliveira/Martins e Santos Comunicação