Esgoto a céu aberto, calor, horas em pé: essas são as condições desumanas de espera por atendimento nas filas quilométricas em frente à agência da Caixa Econômica em Cametá, nordeste paraense. Mas na manhã da última sexta-feira (11), além de clientes, usuários, terceirizadas e terceirizados que fazem a triagem da fila; funcionárias da prefeitura e advogados da OAB-Seção Cametá realizavam a Blitz da Dignidade Bancária.
“Nossa Caravana estava quase retornando para Belém quando soubemos dessa ação. Mudamos os planos, prorrogamos a volta e retornamos à Caixa para conversarmos com os advogados, trocar contatos para reunirmos mais provas e esforços em busca de uma solução efetiva para esse problema que prejudica não só a população, mas também nossos colegas que estão adoecendo por conta da extrapolação da jornada, cobranças e ameaças de pessoas que acreditam que a culpa pela demora no atendimento é dos bancários e das bancárias, o que definitivamente não é. A responsabilidade é da Caixa que mais uma vez será cobrada em nível local e nacional, precisamos dar um basta nesses transtornos de décadas que só pioram”, destaca a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira, que também é bancária da Caixa.
Segundo a OAB-Seção Cametá, a Blitz pretende coibir a venda de senhas e identificar os suspeitos. No mês passado, oito pessoas foram presas durante a operação “Fura Fila”, acusadas de extorsão e ameaça.
Segundo a Polícia Civil, os detidos abordavam os clientes e coagiam os usuários cobrando valores que variavam de R$ 50, R$ 100 a R$ 200, de acordo com a proximidade da porta de entrada. Quem se recusava a pagar era constrangido publicamente, ameaçado e até agredido. Um dos acusados, identificado como “Maracú”, foi apontado como líder do bando. Ele foi preso um dia antes da operação, após ferir no braço um homem com uma arma branca em frente a agência.
Já a prefeitura, por meio do Centro de Referência à Assistência Social, realiza entrevista junto aos clientes e usuários para traçar um perfil dessas pessoas e subsidiar os órgãos de defesa do consumidor, como a OAB-Seção Cametá, que também buscam alternativas para a solução ou redução dos transtornos nas filas.
“Todas as iniciativas são bem-vindas e vamos nos somar; pois infelizmente recai pro bancário e pra bancária a culpa, e nós quanto entidade representativa estamos aqui para defendê-los. Conversando com algumas pessoas na fila, ouvimos relatos de gente que acredita que nossos colegas são coniventes com a venda das senhas. Pelo contrário, justamente para garantir o atendimento de todos e todas, o funcionalismo da Caixa extrapola jornada além do limite de duas horas, pois é humanamente impossível cerca de 12 trabalhadores e trabalhadoras atenderam um universo de mais de 1200 pessoas por dia em semanas de pagamento de benefícios”, defende Tatiana Oliveira.
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Fonte: Bancários PA