Brasília - Os índices de adoecimento mental dos trabalhadores da Caixa têm crescido significativamente. Diante disso, a Fenae lançou nesta quarta-feira (25) um projeto de prevenção desse transtorno psíquico, durante o I Seminário sobre Saúde Mental dos Empregados da Caixa. No evento, também foram debatidos assédio moral e suicídio na categoria bancária.
O projeto vai propor ações sindicais e institucionais que tenham como alvo a prevenção das psicopatologias do trabalho na Caixa, por meio da luta por melhores condições de trabalho.
De iniciativa da pós-doutora, psicóloga e professora da UnB Ana Magnólia Mendes, o projeto faz parte das ações da campanha “Não sofra sozinho”, que visa conscientizar e alertar sobre os altos índices de suicídio e adoecimento mental dos trabalhadores da Caixa. E busca também despertar a solidariedade e fomentar o debate acerca do tema.
A professora alertou para a necessidade de ouvir o grito silencioso dos trabalhadores que sofrem. “As pessoas não têm sido escutadas e é muito grave. Precisamos reconhecer o sofrimento no trabalho como passagem obrigatória para mobilizar as pessoas”, afirmou.
Ana Magnólia é coordenadora da pesquisa sobre o adoecimento dos bancários que deu origem à cartilha ‘Você não está sozinho – Cuidando do sofrimento no trabalho dos bancários’. Resultado da Clínica do Trabalho, criada pelo Sindicato em parceria com a UnB, e lançada em 2016, a publicação tem o objetivo de orientar e possibilitar ao bancário identificar situações de risco que podem levá-lo ao adoecimento.
Patologia da solidão
“O suicídio é a patologia da solidão e o limite em termos de sofrimento. Historicamente os bancários são submetidos a disputas entre os colegas, individualismo, levando os laços de solidariedade a se afrouxarem. Na cultura da solidão é muito mais fácil sucumbir a um processo de assédio”, pontuou Marcelo Finazzi, autor do livro ‘Patologia da solidão: o suicídio dos bancários no contexto da nova organização do trabalho’.
Cenário alarmante
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que o suicídio é responsável por 800 mil mortes anuais em todo o mundo. E de acordo com o Ministério da Saúde, em 2016, o Brasil registrou 11.433 casos de interrupção da vida por conta própria — em média, um caso a cada 46 minutos.
De acordo com informações apresentadas durante o seminário, cerca de 47% dos empregados da Caixa já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas. Mais da metade (51,7%) dos entrevistados conhece colegas que passaram por sofrimento contínuo em virtude do trabalho.
“Diante desse cenário assustador, um problema de saúde pública mundial, que vem crescendo entre a categoria bancária, é fundamental ficarmos atentos aos sinais de adoecimento e pedir ajuda para evitar maiores consequências, que podem ser fatais”, alerta Vanessa Sobreira, secretária de Saúde do Sindicato.
Vanessa esclarece que o Sindicato está de portas abertas para receber os bancários e as bancárias que estiverem em sofrimento. “Nosso papel é ouvi-los. A Clínica do Trabalho está à disposição de vocês”, afirma. E acrescenta: “Em situações de desesperança, acionem os Bombeiros (193) e/ou a CVV, Centro de Valorização da Vida (188)”.
Peça ajuda
A secretária-geral do Sindicato e empregada da Caixa, Fabiana Uehara, orienta aos trabalhadores que estiverem sendo submetidos a alguma atitude abusiva por parte dos gestores ou presenciarem isso ocorrendo com o colega, a denunciarem imediatamente ao Sindicato, através da Central de Atendimento, pelo 3262-9090 e pelo e-mail centraldeatendimento@bancariosdf.com.br . Todas as denúncias serão tratadas com sigilo.
Fonte: SEEB/Brasília