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5 de Julho de 2020 às 08:26

Abertura do 9º Congresso Distrital dos Bancários reforça luta com união e solidariedade em defesa da vida e de direitos


O 9º Congresso Distrital dos Bancários do DF e Entorno foi aberto na noite desta sexta-feira (3) em ambiente virtual marcado pela emoção dos participantes por estarem separados em razão da trágica situação criada pela pandemia do coronavírus e, ao mesmo tempo, unidos pelo forte sentimento de solidariedade e pela disposição de luta em defesa da vida e dos direitos dos trabalhadores e da população, em especial dos setores sociais desprotegidos.

As intervenções dos convidados a comporem a mesa virtual do evento foram marcadas por forte apelo à união e à solidariedade como ingredientes indispensáveis ao enfrentamento dos desafios colocados para os trabalhadores e a sociedade nesse momento de profundas crises sanitária e econômica.

Conduzido pelo presidente do Sindicato, Kleytton Morais, e pela secretária-geral da entidade, Fabiana Uehara, o fórum de debates e deliberações da categoria bancária recebe o nome de Congresso Herbert de Souza (Betinho), em homenagem ao saudoso sociólogo que liderou a emblemática campanha de combate à fome e à miséria no Brasil nos anos 1990.

O presidente do Sindicato explicou o sentido da homenagem a Betinho como forma de exaltação à vida e à dignidade humana no processo de construção de uma sociedade em que fome, miséria e insegurança quanto ao futuro sejam apenas marcas de um passado sem espaço na contemporaneidade.

Kleytton lembrou a campanha “Quem tem fome tem pressa”, do Comitê de Solidariedade Bancária para combate ao coronavírus, criado pelo Sindicato com o intuito levar alimentos, itens de higiene e também incentivo à preservação da autoestima e da esperança aos que vivem em situação de vulnerabilidade social. “A solidariedade é o elo e o fio de continuidade entre o que estamos sendo chamados a realizar agora e ações inspiradoras de Betinho e de outros lutadores sociais em momentos históricos igualmente adversos para a classe trabalhadora e o povo”, salientou.

SOS Xavante

A defesa da vida foi realçada na abertura do 9º Congresso também pela presença entre os convidados das lideranças indígenas Lúcio Xavante, secretário executivo da FEPOIMT, e Indiana Petsirei’Ö Dumhiwe, da Terra Indígena Parabubu. Ao apresentá-los, Fabiana Uehara destacou como emblemática a campanha SOS Xavante, que busca assegurar atendimento à saúde e segurança alimentar aos indígenas. “A solidariedade aos povos originários, que se encontram em situação de vulnerabilidade extrema frente à pandemia da Covid-19, sob risco de serem dizimados, é a demonstração maior de respeito à vida, de apreço à nossa ancestralidade”, pontuou a secretária-geral do Sindicato. 

A campanha é organizada pela Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN), pela Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt), pelo Condisi Xavante (Conselho Distrital de Saúde Indígena Xavante) e pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, e conta com a parceria dos Expedicionários da Saúde, da Operação Amazônia Nativa (Opan), da The Nature Conservancy Brasil, da Revista Xapuri e de inúmeras personalidades nacionais e internacionais. Na noite de seu lançamento, em 24 de junho, foram arrecadados R$ 106 mil, sendo o objetivo de captação de R$ 250 mil, valor estimado para a instalação de uma Unidade Avançada de Saúde próxima às aldeias Xavante e fornecimento de material sanitário e de alimentos, para que os indígenas possam se manter em isolamento.

O presidente do Sindicato comunicou que formalizará cobrança à Caixa para que o pagamento do auxílio emergencial aos indígenas seja feito de forma alternativa, para eliminação da necessidade de se exporem ao risco de contágio nas cidades.

Defesa da vida, do emprego e dos direitos

As intervenções dos convidados marcaram a abertura do 9º Congresso como ato defesa da vida, do emprego e dos direitos dos trabalhadores e da sociedade.

A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, destacou a importância do foco da Campanha Nacional dos Bancários na defesa da vida em meio a uma pandemia, com a esperança de que “o novo normal traga um mundo mais solidário”. A dirigente lembrou que a primeira ação do governo diante da pandemia foi proteger os bancos, enquanto a adoção do auxílio emergencial teve que ser arrancada no Congresso com pressão social. E apontou também o fato de que o teletrabalho implicou aumento da jornada e de produtividade no trabalho realizado em home office. “Estou certa de que realizaremos uma grande campanha, com garantia da mesa única e de nossos direitos, e em reforço à luta em defesa da democracia e da soberania nacional”, concluiu.

Para o presidente da Fenae, Sérgio Takemoto, a solidariedade e a luta social devem permear os processos de mobilização dos trabalhadores pela garantia do emprego, dos direitos e das empresas públicas.

Já o presidente Fetec-CUT/CN, Cleiton dos Santos, destacou a importância de as entidades sindicais terem cobrado urgência na proteção ao trabalhador bancário assim que a pandemia foi decretada, iniciativa que resultou em avanços nas negociações, entre os quais a interrupção das demissões no período da pandemia. O dirigente abordou também as consequências do teletrabalho para a classe trabalhadora e o desafio de garantir a vida, o emprego e condições de trabalho.

Hermelino Neto, dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), destacou que “o governo não encontra respostas para a crise porque ele é a própria crise” e apontou unidade e sabedoria como elementos centrais no enfrentamento aos desafios que estão colocados para o movimento dos trabalhadores.

O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, apontou os retrocessos trabalhistas e sociais como responsáveis por trazerem de volta a fome e a miséria, num processo que vem de antes da pandemia e que foi acelerado com a crise sanitária. O dirigente destacou o home office como um grande desafio e apontou a categoria bancária como referência para a luta da para a classe trabalhadora.

A avaliação de que já havia uma profunda crise antes da pandemia foi feita também pela deputada Erika Kokay (PT-DF). “Basta citar o ‘pibinho’ de 1% e o fato de mais da metade da força de trabalho não encontrar ocupação”, disse a parlamentar. Erika destacou ainda a luta que tem sido a aprovação de medidas de enfrentamento às crises sanitária e econômica por conta das resistências e do negacionismo do governo Bolsonaro. Segundo ela, menos de 30% dos recursos para combate à pandemia foram disponibilizados e menos de 6% dos investimentos previstos para socorro a pequenas e médias empresas foram liberados. Para a deputada, o país está à deriva, “com a democracia dançando à beira do abismo”.

O ato de abertura do 9º Congresso foi encerrado com uma crônica política dos youtubers Helder Maldonado e Marco Bezzi, do canal Galãs Feios.

Assista à integra da abertura no vídeo abaixo:

Evando Peixoto
Colaboração para o Seeb Brasília


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