Entre os aposentados a situação é ainda pior, 6 em cada 10 deles dizem ter dificuldades com a atual situação financeira. Cerca de 66% dos aposentados possui algum tipo de comprometimento financeiro e entre esses, mais da metade considera ter um nível alto de endividamento.
Arrimos de família, 61,2% deles ajudam, principalmente, familiares, filhos, pais e irmãos. O aposentado da Caixa tem 40% da renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas e cerca de 20% dos seus proventos implicados com o pagamento dos equacionamentos da Funcef.
Os 40% restantes são insuficientes para pagar por moradia, alimentação, remédios, gastos com dependentes e todo o resto, o que explica o alto endividamento e a necessidade de retornar ao mercado de trabalho. Cerca de 60% dos aposentados que voltaram a trabalhar afirmam que o motivo foi a necessidade financeira.
Para a realização da pesquisa foram ouvidos dois mil funcionários da Caixa, entre ativos e aposentados, em amostra aleatória. Os dados foram coletados entre os dias 8 e 14 de janeiro de 2019 e a margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
O cenário é preocupante e leva em consideração uma série de fatores determinantes para a qualidade de vida e bem-estar dos trabalhadores. Em quase 70% dos casos, o aposentado possui até quatro dependentes e 57,4% ajudam financeiramente algum membro da família como pais ou filhos, situação que não deve se alterar no curto prazo, tendo em vista o cenário de recessão econômica em que o número de desempregados atinge 13,4 milhões de brasileiros.
Os empréstimos consignados são os principais comprometimentos financeiros dos entrevistados, sendo que 50% revelaram dever linhas de créditos que são descontadas diretamente da aposentadoria.
Além disso, o plano de equacionamento, contribuição descontada do pagamento dos participantes, representa um grande peso no fim do mês. Segundo a pesquisa, 96,9% dos aposentados e 21,6% dos ativos dizem pagar, em média, R$ 1,6 mil por mês só de equacionamento.
A diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus, explica que problemas financeiros, representam hoje, um dos principais motivos para o adoecimento dos trabalhadores, já que podem causar estresse, preocupação e ansiedade. “Quando analisamos a situação dos empregados da Caixa, percebemos um verdadeiro quadro de adoecimento crônico na categoria. Não dá para negligenciar essa situação”, diz.
Emergência e poupança
Apesar dos dados, os empregados apresentam uma preocupação em manter uma reserva ou poupança emergencial. Entre os ativos, que possuem idade média entre 35 a 44 anos, 39% responderam que conseguem poupar dinheiro “sempre” ou frequentemente, no fim do mês.
Já os aposentados possuem novamente o cenário mais crítico, apenas 15,5% relatam conseguir guardar algum dinheiro para possíveis eventualidades.
Seminário Não Sofra SozinhoNo dia 25 de setembro a Fenae realizará o I Seminário sobre Saúde Mental dos Trabalhadores da Caixa. Com o tema “Não Sofra Sozinho”, o objetivo é conscientizar e alertar para os altos índices de suicídio e adoecimento mental dos trabalhadores da Caixa. Além de incentivar a prevenção, cuidados e políticas direcionadas aos fatores que contribuem com esse quadro, dentro do ambiente de trabalho.
O evento contará com a participação dos trabalhadores, das entidades representantes dos trabalhadores e profissionais de saúde.