Todos os direitos da categoria foram conquistados com organização e muitas lutas nesses 100 anos. Da jornada de 6 horas em 1933 à 13ª cesta-alimentação e igualdade de oportunidades já no século 21, passando pela conquista da PLR em 1995.
O 28 de agosto foi escolhido Dia do Bancário em homenagem à greve heroica de 1951, que começou exatamente nessa data e durou 69 dias.
Os índices oficiais do governo na época apontavam um aumento de 15,4% no custo de vida. Os bancários refizeram os cálculos e o próprio governo teve que rever seus índices, que saltou para 30,7%. Depois de 69 dias de paralisação, os bancários conquistaram 31% de reajuste. Foi a maior greve da história da categoria.
Nos anos 50, os bancários já estavam minimamente organizados nacionalmente e fizeram, em julho, uma Convenção Nacional no Distrito Federal (na época Município do Rio de Janeiro), em que definiram a reivindicação de reajuste de 40%. Os banqueiros ofereceram 20% de aumento, o que foi rejeitado por várias assembleias da categoria.
Vendo o movimento enfraquecer, os bancários de São Paulo decidiram ignorar a lei e deflagraram a paralisação no dia 28 de agosto. Nos primeiros dias, governo e banqueiros ameaçaram enquadrar os bancários na Lei de Segurança Nacional, mas nada fizeram. Assim, trabalhadores de outras capitais foram aderindo à paralisação.
A greve acabou sendo fortemente reprimida em todo o Brasil e tanto os banqueiros quanto o governo ajuizaram o dissídio, já que os bancários se recusavam a seguir a Lei de Greve. Com promessas de não perseguição e não demissão, porém sem garantias, os trabalhadores dos bancos pelo Brasil foram aceitando a proposta de 20%. Porém, as promessas não foram cumpridas e ocorreram diversas demissões.
Em 5 de novembro, a Justiça decretou o fim da paralisação com um reajuste de 31%.
Mas, além do reajuste, a greve de 1951 também fez surgir sindicatos de bancários em vários pontos do país. Assim, também é indiscutível a importância da greve para a organização da luta da categoria, que de lá para cá obteve muitas outras conquistas, entre elas a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) nacional.
Outro mérito da greve de 1951, foi a contestação dos dados oficiais do governo. A partir desta contestação surgiram as bases para a criação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com o objetivo de municiar os trabalhadores com dados estatísticos confiáveis.
69 anos depois daquela histórica greve, os bancos querem na campanha nacional retirar alguns desses direitos conquistados com luta.
“Hoje é o Dia do Bancário, um marco que simboliza todas as nossas conquistas em um século de muitas mobilizações e lutas da categoria. Não abriremos mão dos nossos direitos conquistados e não aceitaremos nenhum direito a menos. A distância não nos limitará”, avisa Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN.
“Nessa data, precisamos fazer uma reflexão sobre o nosso papel e a forma como estamos sendo tratados pelos banqueiros. Somos uma categoria forte, organizada, de respeito, que contribui para melhorar a vida dos brasileiros. Em nome da Federação, homenageio todos os bancários e bancárias por seu dia”, afirma Cleiton.