Entre os dias 13 e 14 de abril, aconteceu a 1ª Conferência Intersetorial sobre Saúde e Trabalho Bancário realizada em Porto Alegre RS, pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e pela Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Fetrafi) do Rio Grande do Sul.
O encontro reuniu cerca de 300 pessoas, entre bancários e bancárias. Everton Espindola, secretário de Relações Sindicais e Saúde do SEEBCG-MS, participou dos dois dias de evento.
Após debates e análises da conjuntura, foi elaborada a “Carta de Porto Alegre”, com as realidades enfrentadas pela categoria junto ao sistema organizacional do trabalho bancário, e, no tema saúde, as dificuldades junto ao INSS, e que tem como objetivo, sensibilizar o atual governo sobre o adoecimento da categoria e dar visibilidade à sociedade sobre o esgotamento físico e mental que tem afligido de forma evolutiva os empregados do sistema financeiro.
“O adoecimento na categoria atinge percentuais expressivos sendo preponderante os afastamentos por esgotamento físicos e mentais, decorrentes das pressões para atingimento de metas e os objetivos empresariais estabelecidos em metas abusivas e crescimento constante”, disse Everton Espindola, secretário de Relações Sindicais e Saúde do SEEBCG-MS.
Apesar de representar apenas 1% do emprego formal no Brasil, a categoria bancária representa 24% dos afastamentos acidentários (B91) por doenças mentais e comportamentais no país. Em 2012, esse percentual era de 12%.
Nos últimos 5 anos, o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%, ou seja, entre os bancários a variação foi 1,7 vezes maior do que na média dos outros setores. Nos afastamentos Acidentários (B91), as doenças mentais e comportamentais saltaram de 30% em 2012 para 55% em 2021 e as doenças nervosas saíram de 9% para 16%.
“Infelizmente, em muitos casos, os bancários têm transformado antidepressivos e ansiolíticos em ferramentas de trabalho e o registro de suicídios na categoria infelizmente, é uma realidade alarmante. A precarização do trabalho, o enfraquecimento das organizações sindicais e das fiscalizações do Estado têm implicado ainda mais na piora das condições de trabalho”, destacou Everton.
Na ocasião, foi lançado o documentário “Além do limite: quando a meta é sobreviver”, dirigido pelo jornalista Marcelo Monteiro. A obra traz à tona a triste e cruel realidade do adoecimento e morte do bancário com relatos reais.
“Temos uma dura e árdua tarefa, de humanizar a gestão, despatologizar o indivíduo e patologizar a organização. Parodiando uma fala do filme ‘As luzes das velas da vida estão se apagando em nós e nos que nos rodeiam e não percebemos’, então que possamos fazer uma reflexão sobre o que queremos como projeto de vida e o que estamos dispostos a pagar por isso”, finalizou Everton.