A Fetec-CUT/CN vai realizar com os bancários e bancárias das bases dos sindicatos filiados à Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Centro-Norte uma pesquisa sobre os adoecimentos no trabalho e suas causas, com o objetivo de realizar um diagnóstico mais preciso que forneça dados para negociar com os bancos soluções que ponham fim a essa verdadeira epidemia que assola hoje a categoria.
A pesquisa, que também incluirá oficinas de capacitação de dirigentes sindicais para entender melhor o fenômeno, será coordenada pela psicóloga Ana Magnólia Mendes, professora da Universidade de Brasília e pesquisadora do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da UnB, onde coordena o Projeto de Atendimento Trabalhadores no Divã e o Grupo de Pesquisa Psicanálise e Crítica Social do Trabalho. É autora de vários livros, entre eles “Trabalho e Sofrimento: Práticas Clínicas e Políticas” e “Clínica Psicodinâmica do Trabalho: O Sujeito em Ação”.
“Estamos assistindo a cada dia mais os bancários adoecerem em razão dos modelos de gestão dos bancos baseados na pressão e no assédio por cumprimento de metas. Precisamos conhecer melhor essas causas e atuar de forma mais incisiva para combater essa violência. O conhecimento que já acumulamos sobre o tema foi muito importante na mesa de negociação da campanha nacional deste ano”, destaca Rodrigo Britto, presidente da Fetec-CUT/CN.
“As pesquisas nacionais que foram feitas até agora pela Contraf-CUT ficaram muito centradas no Sul e Sudeste, onde se concentra o sistema financeiro privado. Na pesquisa do ano passado, por exemplo, só 3% dos bancários pesquisados eram do Centro-Oeste e do Norte. Precisamos ter um olhar específico para nossas regiões e fazer um diagnóstico mais preciso sobre a realidade da categoria nas nossas bases sindicais”, acrescenta Wadson Boaventura, secretário de Saúde e Condições de Trabalho da Fetec.
A Direção Executiva da Fetec-CUT/CN apresentou o projeto da pesquisa aos sindicatos filiados em reunião virtual realizada na terça-feira 19 de novembro (foto).
Hoje também pesquisadora associada ao Centre de Recherche du Travail et du Développement (CRTD) do Conservatoire des Arts et Métiers (CNAM), de Paris, Ana Magnólia é a maior especialista brasileira nas relações de trabalho da categoria bancária. Ela começou a estudar o tema em 2003, quando já era professora da UnB e coordenou uma pesquisa para o Sindicato dos Bancários de Brasília.
Magnólia também participou da coordenação da pesquisa realizada no ano passado pela Contraf-CUT em todo o país. “Essa pesquisa nacional teve como eixos as relações competitivas e produtivistas do trabalho nos bancos, os discursos e práticas de controle no trabalho bancário, as patologias da sobrecarga e da violência desse trabalho bancário e os sintomas de adoecimento”, conta a pesquisadora.
“A conclusão a que chegamos é que os adoecimentos são consequência dos modelos de gestão dos bancos baseados no assédio organizacional, na intimidação e na violência”, acrescentou ela, em reunião virtual realizada nesta terça-feira 14 com a direção executiva da Fetec e com dirigentes de todos os sindicatos da base da Federação.
Além de aprofundar o conhecimento sobre as realidades específicas do trabalho bancário nas regiões Norte e Centro-Oeste, Magnólia adianta que o objetivo agora com a pesquisa para a Fetec-CUT/CN é aprofundar a compreensão “dessa lógica perversa que está provocando tantos adoecimentos”.
A pesquisadora Ana Magnólia
Fonte: Fetec-CUT/CN