Enquanto os lucros bilionários dos bancos forem alcançados às custas da saúde física e mental dos bancários, haverá protesto e resistência. Essa é a tônica da campanha lançada nesta terça-feira (11) por bancários e bancárias de todo o país que, em coro, cobram o fim das metas abusivas. No DF, o ato de lançamento reforçou a relação entre a cobrança de metas e o bem-estar dos trabalhadores.
A atividade, que nesta manhã se concentrou nas agências do Setor Comercial Sul e no edifício Matriz I da Caixa, com distribuição de material temático, apontou para as drásticas consequências das metas cada vez maiores cobradas pelos bancos. Além das LER/Dort, que acometem a categoria historicamente, o adoecimento psíquico é uma realidade cruel a que muitos trabalhadores estão expostos. Sobreposta à integridade dos trabalhadores do ramo financeiro, as metas só beneficiam os banqueiros. Até clientes e usuários são afetados negativamente com essas cobranças.
“A gente sabe e vê no dia a dia que as metas abusivas provocam o adoecimento da categoria e impulsiona o assédio moral, às margens. É uma escalada preocupante: com as metas excessivas, a pressão dos gestores para que os bancários as alcancem é maior, o que gera quadros de ansiedade, depressão, crise de pânico, além da desmotivação. É um absurdo que o lucro se sobreponha à saúde dos trabalhadores”, dispara a secretária de Saúde do Sindicato, Vanessa Sobreira.
No ano passado, enquanto negociavam a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho, os representantes dos bancários frisaram que o adoecimento e o consequente afastamento dos trabalhadores têm relação com as metas abusivas estipuladas pelos bancos. A Fenaban tentou negar a conexão, mas os dados confirmam: os bancos são responsáveis por menos de 1% do estoque de empregos e 3% do total de afastamentos por doenças.
Secretária de Saúde e Condições de Trabalho da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), Rafaella Gomes comentou que “as metas abusivas a que os bancários são expostos extrapolam qualquer senso de dignidade ou mesmo de humanidade. As pessoas com deficiência estão sendo cobradas da mesma forma que pessoas sem deficiência, por exemplo. A meta abusiva adoece, oprime, julga e humilha todos os dias”.
Outras questões que envolvem as condições de trabalho também impactam diretamente na saúde dos bancários e bancárias. Durante a atividade de lançamento da campanha #MenosMetasMaisSaúde, que também ganhou as redes, o Sindicato identificou graves problemas para o funcionamento regular de uma agência do Itaú. “Observamos que a quantidade de clientes e usuários dentro da agência é superior à máxima permitida. Isso porque o banco fechou quatro unidades na região, precarizando o atendimento e ampliando sobremaneira a carga de trabalho dos colegas. Ao cobrar metas abusivas, demitir bancários e fechar agências, os bancos expõem seus trabalhadores a um contexto extremamente adoecedor”, comenta o diretor da Fetec-CUT/CN Washington Henrique.
Joanna Alves
Do Seeb Brasília