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1 de Agosto de 2023 às 15:22

As mudanças profundas no trabalho bancário promovem a gestão pelo medo nos bancos, atesta Mauro Salles


As mudanças profundas no mundo do trabalho bancário, causadas por reestruturações constantes nos bancos públicos e privados, por serviços de saúde e gestão de pessoas a serviço da área comercial e jurídica (gestão dos indesejados), pelo clima organizacional crítico e pela atuação de instituições financeiras hostis promoveu a chamada “gestão pelo medo” que gerou a incerteza no futuro entre os trabalhadores bancários. É o que atesta Mauro Salles, Secretário de Saúde da Contraf-CUT em sua palestra sobre Saúde e Condições de Trabalho no 13º COBAN.

De acordo com ele, que é também dirigente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, os bancários estão “com permanente medo de perder o emprego, de não atingir as metas, de não dar conta da demanda, de não ser bom o suficiente nas diferentes tarefas e medo das humilhações”.

Técnico em Segurança do Trabalho e membro titular da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CISTT) do Conselho Nacional de Saúde, Mauro detalha que esse mecanismo adoecedor, composto por metas abusivas, remuneração variável, sistemas de avaliação individual, a pressão por resultados/assédio moral, cargas de trabalho (metas inatingíveis) aliadas à escassez de trabalhadores, é o maior responsável pelo adoecimento dos trabalhadores, principalmente com transtornos mentais que, em algumas vezes, promovem até mesmo os suicídios.

“Precisamos dar visibilidade ao problema. Precisamos sair da nossa bolha e banalizar os problemas que nossos colegas estão enfrentando”, acrescentou Mauro.

 

MUDANÇAS

O dirigente menciona as mudanças que estão acontecendo no mundo, com crise ambiental e social e até mesmo uma guerra (Rússia x Ucrânia) que afeta todos os países.

“Está acontecendo uma mudança profunda no modo de trabalhar dos bancários, no modelo de gestão e de negócios dos bancos. Está em transformação, com utilização intensiva da tecnologia e também se aproveitando da famigerada reforma trabalhista, que permite a terceirização em que pessoas fazem o mesmo trabalho dos bancários, mas ganham muito menos. Essas mudanças persistem e precisamos enfrentá-las, e Rondônia dá um exemplo importante neste enfrentamento, inclusive com a representação das cooperativas de crédito. É um desafio nosso unificar as categorias. Atualmente temos aproximadamente 450 mil bancários, mas tem 1,5 milhão trabalhando no sistema financeiro. Uma discrepância enorme. Outro desafio é pressionar o novo governo para que as instituições voltem a funcionar, que o Ministério do Trabalho volte a fiscalizar os ambientes de trabalho, que a Vigilância de Saúde do Trabalhador funcione, que a Previdência Social não prejudique os trabalhadores. Teremos que estar muito organizados e mobilizados para que os bancos não nos imponham retrocesso e, pelo contrário, que avancemos na nova conjuntura”, concluiu Mauro Salles.


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