Ligações anônimas, o mesmo pedido de socorro. Do outro lado da linha a denúncia era de ameaças recorrentes de demissão por parte da gestora que ainda fazia outros bancários e bancárias extrapolarem a jornada de trabalho, se preciso fosse, para bater metas.
“Infelizmente esse tipo de denúncia é comum nos bancos públicos e privados, mais ainda nos privados. Não é apenas o Santander, mas especificamente nós estamos aqui à frente do Santander, na manhã desta sexta-feira, para denunciar que apesar também das metas abusivas que estão sendo cobradas aqui, também há uma questão do assédio moral, esse assédio que causa adoecimento a toda a categoria bancária, e isso está acontecendo dentro do Santander. E nós do Sindicato dos Bancários não vamos aceitar esse tipo de postura do banco, esse tipo de postura que o gestor que vem trazer prejuízo para o bancário e bancária”, revela o diretor do Sindicato dos Bancários do Pará, Sandro Mattos, que recebeu as ligações anônimas.
O dia escolhido não foi à toa, hoje (28) também é o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho e Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho. “Assédio moral adoece, assédio moral é crime, e a cobrança por metas abusivas é uma forma de assédio moral, ao ponto de adoecer os trabalhadores. Quem está passando aqui na frente da Av. Nazaré, não sei se vocês já conheceram um trabalhador adoecido por causa do seu trabalho. Ele nem consegue mais passar em frente ao banco que trabalhava de tanta repulsa, vontade de chorar, vontade de não sair da cama por conta das humilhações e das pressões que sofre dentro das agências bancárias. É muito triste ver um trabalhador, depois de 10, 20 anos contribuindo com o lucro do banco, o trabalhador ficar quebrado, literalmente quebrado de não conseguir passar na frente mais de uma agência, de não conseguir ver a logomarca do banco de tanto adoecimento”, conta a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Tatiana Oliveira.
Segundo levantamento feito pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, nos últimos cinco anos, o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%. Os bancos se enquadram entre as empresas com maior risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional no Brasil.
Foi também no mês de abril que Contraf-CUT e sindicatos filiados lançaram a campanha nacional ‘Menos Metas, Mais Saúde para evidenciar o cenário de adoecimento físico e mental dos trabalhadores e trabalhadoras do ramo financeiro. O tema da campanha estampou a fachada da agência Nazaré e camisas usadas pelos dirigentes sindicais durante o ato.
“Temos grandes problemas a respeito em atender a tudo que os bancos vêm a exigir dos bancários: essas metas, venda de produtos dos mais diversos. Hoje o bancário está na agência mais como vendedor do que atendente, do que aquela pessoa que vem a produzir e melhorar a qualidade de vida, tanto dos clientes como a sua própria. As metas abusivas que estão impondo a todos os colegas têm sim causado adoecimento e afastamento dos mesmos”, denuncia o dirigente sindical e bancário do Santander, Márcio Saldanha.
O Sindicato dos Bancários do Pará possui um canal direto para envio de denúncias de assédio moral: bancarioassediomoral@gmail.com ou pelas redes sociais e ainda Whatsapp Bancário (91) 98426-1399; o anonimato é garantido.
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Fonte: Bancários PA com Seeb-SP