A Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN) orienta os sindicatos filiados a desenvolverem todos os esforços visando mobilizar os trabalhadores para as manifestações que serão realizadas nesta quinta-feira, 31 de março, em todo o Brasil em defesa da democracia e do Estado de direito.

As manifestações estão sendo convocadas pela Frente Brasil Popular, que reúne dezenas de entidades representativas de todo o país, entre elas a CUT e outras centrais sindicais, movimentos estudantis e sociais, como UNE, MST e MTST. O ato mais importante será realizado em Brasília e terá a participação da Fetec-CUT/CN.

A Frente é apartidária e integrada por entidades e pessoas dos mais diversos posicionamentos políticos e sempre deixou claro que o objetivo não é defender o governo, mas defender a democracia e o Estado de direito, ameaçados por uma investida de forças conservadoras e patronais que, com o discurso do combate à corrupção, está preparando o terreno para retirar direitos sociais e trabalhistas.

A Federação Centro Norte, a exemplo de todo o movimento sindical, sempre condenou a corrupção. E defende o princípio de que todos os desvios de dinheiro público precisam realmente ser investigados e os responsáveis punidos exemplarmente.

Como os bancários de nossas bases sabem, a Fetec-CUT/CN também tem muitas críticas ao governo Dilma Rousseff, sobretudo à sua política econômica, que em vários momentos se rendeu ao mercado e às forças conservadoras e neoliberais. E já fizemos muitas manifestações contra essas medidas equivocadas.

Mas não podemos ser ingênuos de acreditar que o que está em jogo é apenas uma campanha contra a corrupção. Não merece crédito um movimento conduzido por uma parte do Judiciário claramente partidarizado agindo em sintonia com a grande mídia, com os conglomerados empresariais e com a parcela mais reacionária da população, que se diz anticorrupção mas que é conduzido por grandes e notórios corruptos, protegidos no entanto pela operação Lava Jato.

A Fetec-CUT/CN não pode compactuar com a quebra do Estado democrático de direito e com o golpe que está sendo tramado a olhos vistos. Precisamos ter a clareza, e a coragem de fazer essa discussão com os trabalhadores, de que o alvo da escalada golpista não são apenas o PT, a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula. O objetivo final dos golpistas é anular todos os avanços políticos, econômicos e sociais dos trabalhadores dos últimos anos, criminalizando o movimento sindical e os movimentos sociais.

As forças que apoiam o impeachment são as mesmas que patrocinam no Congresso Nacional, junto com os partidos conservadores, uma série de iniciativas que afrontam o interesse nacional e retiram direitos trabalhistas e sociais.

Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostra que estão em tramitação no Congresso 55 iniciativas que ameaçam esses direitos. Entre elas estão a regulamentação da terceirização sem limite, redução da idade para início da atividade laboral de 16 para 14 anos, suspensão de contrato de trabalho, prevalência do negociado sobre o legislado, instituição do Acordo extrajudicial de trabalho permitindo a negociação direta entre empregado e empregador, redução da jornada com redução de salários, privatizações selvagens (o que inclui Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobrás), entrega do pré-sal às multinacionais do petróleo etc..

Veja aqui a lista completa dos direitos ameaçados compilada pelo Diap. 

Esses setores conservadores querem trazer de volta as políticas neoliberais da década de 1990 e destroçar os programas sociais que na última década beneficiaram dezenas de milhões de brasileiros historicamente excluídos, como o aumento real do salário mínimo, o Bolsa Família, o ProUni, o Minha Casa Minha Vida, o Mais Médicos, dentre outros.

Os mais jovens não se lembram, mas muitos de nós já vivemos sob uma ditadura e sob governos neoliberais. Lutamos muito para reconquistar a democracia no Brasil.

Por todas essas razões a Fetec-CUT/CN apoia a agenda da Frente Brasil Popular e se posiciona contra o impeachment e convoca todas as suas entidades  filiadas para mobilizarem os trabalhadores para as manifestações desta quinta-feira 31 de março (veja aqui relação dos locais das mobilizações por estados e internacioanais), visando barrar o golpe em andamento e defender a democracia.

Fonte: Fetec-CUT/CN - Atualizada às 18:25