Terminou sem avanços a segunda rodada de negociação sobre as reivindicações específicas da Campanha 2016 realizada nesta terça-feira 30, em São Paulo, entre a direção do Banco do Brasil e o Comando Nacional dos Bancários, assessorado pela Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil e que tem a participação da Federação do Centro Norte (Fetec-CUT/CN). O BB recusou ou postergou a discussão das demandas do funcionalismo. Não há nova rodada de discussão agendada.
“Com a rejeição das reivindicações o BB demonstra que não está disposto a discutir a sério, desrespeitando seus funcionários. Por isso é importante que todos os bancários participem da assembleia desta quinta-feira, 1º de setembro, quando a categoria decidirá sobre a proposta rebaixada dos bancos apresentada na mesa da Fenaban, o que inclui o BB, de 6,5% de reajuste mais abono. Somente a mobilização e a unidade da categoria, e se preciso irmos à greve, farão os bancos a apresentarem propostas para nossas demandas”, afirma Rafael Zanon, representante da Fetec-CUT/CN na Comissão de Empresa do BB e diretor do Sindicato de Brasília.
Em assembleia extraordinária realizada nesta terça-feira em Brasília, a Fetec-CUT/CN decidiu orientar os sindicatos filiados a rejeitarem a proposta da Fenaban. Veja aqui.
A pauta específica, entregue no dia 11 de agosto ao presidente do banco Rogério Caffarelli, foi aprovada no 27º Congresso Nacional dos Funcionários do BB, realizado entre 16 e 19 de junho, em São Paulo.
Veja abaixo o que foi discutido com o BB nesta terça-feira.
Melhoria na carreira de mérito e PCR
Na negociação desta terça-feira, o Banco do Brasil disse que não pode atender essas reivindicações, mas os representantes do funcionalismo insistiram no tema.
Os trabalhadores querem alteração no Plano de Cargos e Remuneração (PCR), com piso equivalente ao salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24 em valores de junho), corrigindo os 11 níveis seguintes do PCR com o interstício de 6%, sendo 90 dias para ascender ao nível A-2 e três anos para ascender aos demais níveis. E a carreira de mérito deve ser composta por 25 níveis com o valor de R$ 299,19 e o último nível de R$ 7.479, com as promoções definidas por pontuação computada diariamente.
Agências digitais
Os dirigentes sindicais voltaram a cobrar da direção do BB soluções em relação à piora das condições de trabalho para os funcionários envolvidos na implementação do modelo digital, mas o banco diz que ainda não tem resposta efetiva para essa demanda.
Ascensão profissional
O BB informou que está estudando a reivindicação de melhoria dos processos de ascensão interna, com mais objetividade e transparência nas seleções.
Incorporados
O Banco do Brasil também não aceitou realizar mesa específica para discutir os problemas envolvendo os funcionários dos bancos incorporados. Mas os dirigentes sindicais reiteraram que é preciso encontrar uma solução na atual campanha nacional que garanta isonomia salarial e de direitos para os funcionários incorporados.
Isso inclui o direito de esses funcionários se associarem à Cassi e Previ, além da possibilidade de aumento de contribuição desses trabalhadores para a previdência complementar com contrapartida patronal.
Jornada de 6 horas
Os negociadores do BB disseram mais uma vez que a empresa não tem resposta sobre a reivindicação de jornada de 6 horas para todos, inclusive das unidades estratégicas.
Utilização das folgas
O banco disse que está estudando a cláusula da pauta específica de reivindicações que regula a utilização de folgas adquiridas em dependências que funcionam em caráter ininterrupto, com aumento do tempo para utilização, que hoje é de duas semanas.
Pagamento das substituições
O BB disse que não irá atender a demanda pelo retorno das substituições para todos os cargos, mas vai estudar o tema em relação a situações específicas.
Em vários locais de trabalho têm acontecido constantes desvios de função, quando um funcionário faz o trabalho de um cargo superior sem receber a devida remuneração. Os dirigentes sindicais defendem que a ampliação das substituições, além de diminuir o passivo trabalhista, contribui muito no processo de formação dos funcionários.
Fim do ato de gestão
O BB também não atendeu a reivindicação do fim do ato de gestão, que permite descomissionamentos arbitrários. Mas os representantes sindicais reforçaram a demanda, lembrando que o fortalecimento do Banco do Brasil público passa pelo atendimento dessa questão.
Reestruturações
Os negociadores do BB repetem que o banco estuda medidas de proteção aos funcionários envolvidos nas reestruturações, mas ainda sem resposta efetiva.
Os representantes dos funcionários reivindicam a criação de uma verba de caráter pessoal específica para proteção salarial nas reestruturações, o VCP-R.
Auxilio-alimentação para licença saúde e maternidade
O BB disse que está estudando essas cláusulas da minuta referente à pauta das mulheres, que reivindicam a continuidade dos auxílios alimentação e refeição durante todo o período de licença maternidade e outras licenças.
Mais contratações e condições de trabalho
Os dirigentes sindicais cobraram mais contratações e a melhoria nas condições de trabalho dos funcionários de agências, com mais oportunidades, fim do desvio de função e adequação de remuneração em determinadas agências, como é o caso das privates e agências de nível 6.
Faltas de greve
O BB diz estar estudando a reivindicação de reclassificação das faltas das greve das campanhas anteriores, para proteção dos funcionários.
Ações do MPT
O BB não aceita discutir as ações do MPT sobre os técnicos e Cassi e Previ para os incorporados.
Para lembrar: o Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressou com ação para instituir concurso público para carreiras de nível superior no BB. A decisão da Justiça acatou argumento do MPT e ainda proferiu na decisão que os trabalhadores nas funções de advogados, engenheiros e analistas de TI deveriam ser descomissionados. Os representantes sindicais querem reunião específica sobre o tema com o objetivo de atuação junto à Justiça para evitar os descomissionamentos.
Saúde e assédio moral
O BB só aceitou a reivindicação apresentada pelos dirigentes sindicais de instalação de mesas temáticas sobre saúde e sobre conflitos no ambiente de trabalho.
As principais reivindicações do BB
˃ Alteração no Plano de Cargos e Remuneração (PCR), com piso equivalente ao salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24 em valores de junho), corrigindo os 11 níveis seguintes do PCR com o interstício de 6%, sendo 90 dias para ascender ao nível A-2 e três anos para ascender aos demais níveis.
˃ Carreira de mérito composta por 25 níveis com o valor de R$ 299,19 e o último nível de R$ 7.479, com as promoções definidas por pontuação computada diariamente.
˃ Defesa do banco público, contra a privatização.
˃ Jornada de seis horas para todos, sem redução de salário.
˃ Vale-alimentação e refeição na licença-saúde e maternidade.
˃ Não constar nenhum registro no ponto eletrônico sobre falta de greve.
˃ Fim do desvio de função, pagamento das substituições.
˃ Critérios transparentes e objetivos de ascensão profissional.
˃ Mais contratações.
˃ Redução para 10 anos do prazo de elegibilidade no Previ Futuro.
˃ Prazo amplo para utilização de folgas adquiridas.
˃ Isonomia: licença prêmio e férias de 35 dias para os pós-98.
˃ Fim dos problemas decorrentes da implantação do modelo BB Digital.
˃ Melhoria das condições de trabalho nas PSOs.
˃ Fim dos descomissionamentos imotivados (fim do ato de gestão).
˃ Pagamento de 7ª e 8ª horas.
˃ Maior prazo para cumprimento de horas negativas.
˃ Manutenção de remuneração e praça dos trabalhadores em caso de reestruturações.
˃ Comitês de ética paritários.
˃ Fim da imposição de metas e combate ao assédio moral.
˃ Reivindicações específicas para o Sesmt e Ouvidoria.
Cassi e Previ
O funcionalismo do BB reivindica ainda mais autonomia na estrutura do Sesmt e implantação na Cassi do modelo de assistência integral à saúde. Na Previ, a luta é pela manutenção da participação de associados na gestão, ameaçada pelo PLP 268, pelo fim do voto de minerva, melhoria dos benefícios para os participantes, redução das taxas de carregamento e administração e contribuição 2B a todos, inclusive incorporados.
Confira aqui a íntegra da minuta específica dos funcionários do BB.
Fonte: Fetec-CUT/CN com SEEB/Brasília