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8 de Outubro de 2015 às 10:38

Proposta dos bancos faz parte de estratégia do capital de retirar direitos dos trabalhadores


A proposta da Fenaban apresentada à categoria bancária na sexta-feira 25, com reajuste de apenas 5,5% (inferior 4% à inflação) e abono de R$ 2.500 (que não é incorporado ao salário), representa um perigo muito maior para os trabalhadores do que apenas um acordo rebaixado em ano de crise econômica, como alegam os banqueiros. Para a Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN), os bancos estão lançando um balão de ensaio e tentando criar um novo paradigma de relações de trabalho no Brasil, semelhante ao que ocorreu na década de 1990, com arrocho salarial e retirada de direitos dos trabalhadores.

Os bancos querem interromper a trajetória dos últimos 11 anos, em que a categoria bancária, com muita mobilização e greves, conquistou aumentos reais de salários em todas as campanhas, acumulando 20,7% de reajuste acima da inflação no salário e 42,1% no piso salarial desde 2004.

“Os bancos estão se aproveitando da situação econômica difícil, mas não para eles, que continuam batendo sucessivos recordes de lucro. A proposta faz parte de um movimento mais amplo do grande capital e está em consonância com o ajuste fiscal do governo e com a pauta antitrabalhista que tramita no Congresso Nacional”, adverte José Avelino, presidente da Fetec-CUT/CN.

“O objetivo central desse projeto neoliberal é anular os avanços econômicos e sociais do Brasil da última década e meia e ressuscitar o famigerado arrocho salarial dos anos 90, quando os bancários do Banco do Brasil e da Caixa, por exemplo, ficaram oito anos sem reajuste salarial, recebendo apenas abonos salariais eventuais. A proposta dos bancos faz parte de uma estratégia planejada de ataque coletivo aos direitos da classe trabalhadora, com consequências sombrias para o futuro”, acrescenta Avelino.

“Por isso temos que rechaçar essa proposta, intensificar a mobilização e fazer uma grande greve em todo o país para mostrar aos banqueiros que os bancários não aceitarão perder direitos como no passado”, conclui o presidente da Fetec-CUT/CN.

 

As perdas com a proposta da Fenaban

O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez um estudo mostrando que a proposta rebaixada da Fenaban provocará perdas significativas nos salários dos bancários.

Incluindo salários, 13º, férias, FGTS e a PLR, a remuneração média do bancário hoje é de R$ 6.208 mensais. Se a proposta dos bancos não melhorar, o bancário que tem esse ganho teria uma perda de R$ 2.144,81 em um ano, em comparação a uma proposta que apenas repusesse a inflação. Quem recebe R$ 5 mil mensais perderia anualmente R$ 1.272,32. Veja no quadro abaixo. 

“Não podemos aceitar a política de abono salarial que os bancos querem reintroduzir como instrumento de redução salarial. Além de não se incorporar ao salário, porque é pago uma única vez, o abono também não incide sobre férias, 13º salário, FGTS e aposentadoria. E ainda desconta no imposto de renda”, lembra José Avelino.

De acordo com o Dieese, a aplicação do ganho real nos salários possibilita a ampliação do nível de rendimentos das famílias, que tem sido o pilar da melhoria da distribuição de renda no Brasil nos últimos anos.

Em um cenário em que a economia não cresce, o governo reduz os seus gastos. Se o salário não tiver ganho real, a conjugação desses fatores levará a uma redução ainda mais forte no consumo, conduzindo a economia a uma espiral negativa, puxada pela redução da demanda agregada. 

Veja aqui essa avaliação do Dieese. 

“Por tudo isso, temos que intensificar a mobilização e fazer uma greve nacional forte para assegurar os direitos dos trabalhadores  e a retomada do crescimento econômico do país”, conclui o presidente da Fetec-CUT/CN.

Fonte: Fetec-CUT/CN


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