Apesar dos lucros recordes, os bancos privados e públicos que operam no Brasil fecharam 2.347 postos de trabalho no Brasil entre janeiro e abril de 2018. Desse total, 326 empregos foram eliminados na região Centro-Norte. É o que mostra nova rodada do estudo elaborado pela seção do Dieese da Contraf-CUT, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
“Somente os cinco maiores bancos do país tiveram lucro líquido de R$ 77,4 bilhões no ano passado e mais R$ 17 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2018, mesmo em uma conjuntura de crise que está devastando a economia e produziu quase 14 milhões de desempregados. Portanto, não há razão para essas demissões nos bancos. Por isso, a preservação do emprego será uma das prioridades da Campanha Nacional deste ano, como nós bancários do Centro-Norte já definimos em nossa Conferência Regional e vamos levar como proposta para a Conferência Nacional”, afirma Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN.
O saldo negativo de emprego do período resultou de 6.607,35 admissões contra 11.280 desligamentos. Do total de fechamento de postos de trabalho, 326 ocorreram na região Centro-Norte, sendo que quase a metade somente no Distrito Federal, com 157 demissões. Em três Estados da região houve saldo positivo de geração de emprego: 95 no Pará, 7 em Roraima e 1 no Amapá.
Confira aqui os gráficos e quados no estudo do Dieese/Contraf-CUT.
Primeiros reflexos da reforma trabalhista
As demissões sem justa causa representaram 51,1% do total de desligamentos no setor bancário entre janeiro e abril de 2018. As saídas a pedido do trabalhador representaram 41,4% dos tipos de desligamento. Nesse período foram registrados, ainda, 18 casos de demissão por acordo entre empregado e empregador. Essa modalidade de demissão foi criada com a aprovação da reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), que entrou em vigor em novembro de 2017. Os empregados que saíram do emprego nessa modalidade apresentaram remuneração média de R$ 8.120,83.
Número de Desligados e valor da remuneração média por tipo de desligamentoBrasil – janeiro a abril de 2018
Tipo de Desligamento |
Desligados |
||
Nº de trabalhadores |
Part. (%) |
Rem. Média |
|
Desligamento por Demissão sem Justa Causa |
5.769 |
51,1% |
6.880,56 |
Desligamento por Demissão com Justa Causa |
378 |
3,4% |
4.850,01 |
Desligamento a Pedido |
4.665 |
41,4% |
6.785,23 |
Desligamento por Aposentadoria |
48 |
0,4% |
6.532,02 |
Desligamento por Morte |
64 |
0,6% |
6.940,27 |
Desligamento por Término de Contrato |
80 |
0,7% |
2.871,48 |
Término Contrato Trabalho Prazo Determinado |
258 |
2,3% |
840,98 |
Desligamento por Acordo Empregado e Empregador |
18 |
0,2% |
8.120,83 |
Total |
11.280 |
100,00% |
6.607,35 |
Fonte: MTE/SPPE/DES/CGET-CAGED. Elaboração: Dieese – Rede Bancários
Rotatividade achata salários
Os bancos continuam concentrando suas contratações nas faixas etárias até 29 anos, em especial entre 18 e 24 anos. Foram criadas 3.301 vagas para trabalhadores até 29 anos. Acima de 30 anos, todas as faixas apresentaram saldo negativo (ao todo, -5.648 postos), com destaque para a faixa de 50 a 64 anos, com fechamento de 3.112 postos no período, conforme demonstra a Tabela.
A renda média dos bancários admitidos entre janeiro e abril foi de R$ 4.007,28, o que representa 60,6% a menos que a renda média dos trabalhadores desligados, que foi de R$ 6.607,35. “Ou seja, a rotatividade continua sendo um instrumento perverso dos bancos para reduzir a massa salarial da categoria”, denuncia o presidente da Fetec-CUT/CN.
Admitidos e desligados, por faixa etáriaBrasil – janeiro a abril de 2018
Faixa Etária |
Admitidos |
Desligados |
Saldo |
Diferença da Rem. Média (%) |
||||
Nº de trabalhadores |
Part. (%) |
Rem. Média |
Nº de trabalhadores |
Part. (%) |
Rem. Média |
|||
Até 17 anos |
49 |
0,5% |
913,39 |
10 |
0,1% |
2.407,00 |
39 |
37,9% |
18 a 24 anos |
3614 |
40,5% |
2.650,30 |
874 |
7,7% |
2.274,04 |
2.740 |
116,5% |
25 a 29 anos |
2418 |
27,1% |
3.698,71 |
1.896 |
16,8% |
4.436,39 |
522 |
83,4% |
30 a 39 anos |
2182 |
24,4% |
5.286,01 |
3.467 |
30,7% |
6.306,65 |
-1.285 |
83,8% |
40 a 49 anos |
512 |
5,7% |
7.912,11 |
1.684 |
14,9% |
9.250,74 |
-1.172 |
85,5% |
50 a 64 anos |
155 |
1,7% |
10.513,84 |
3.267 |
29,0% |
7.985,91 |
-3.112 |
131,7% |
65 ou mais |
3 |
0,0% |
5.293,67 |
82 |
0,7% |
7.007,34 |
-79 |
75,5% |
Total |
8.933 |
100,0% |
4.007,28 |
11.280 |
100,0% |
6.607,35 |
-2.347 |
60,6% |
Fonte: MTE/SPPE/DES/CGET. Elaboração: Dieese – Rede Bancários
Mulheres já entram ganhando menos
As 4.341 mulheres contratadas pelos bancos entre janeiro e abril de 2018 foram admitidas com uma remuneração média de R$ 3.390,23, o que corresponde a 73,9% da remuneração média auferida pelos homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 4.590,60.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres é maior na demissão. As mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e outubro deste ano recebiam R$ 5.679,18, que representou 75,8% da remuneração média dos homens desligados dos bancos, de R$ 7.492,44, conforme a tabela abaixo.
Rem. Média dos admitidos e desligados por sexoBrasil – janeiro a abril de 2018
|
Masculino |
Feminino |
Dif.% da |
||
Nº de trab. |
Rem. Média |
Nº de trab. |
Rem. Média |
||
Admitidos |
4.592 |
4.590,60 |
4.341 |
3.390,23 |
73,9% |
Desligados |
5.774 |
7.492,44 |
5.506 |
5.679,18 |
75,8% |
Fonte: MTE/SPPE/DES/CGET. Elaboração: Dieese – Rede Bancários
Fonte: Fetec-CUT/CN, com Contraf-CUT