Uma nova meta está sendo imposta aos caixas do Banco do Brasil. Agora, além de suas funções próprias, eles são assediados a cumprirem a tarefa de vender o Ourocap, o título de capitalização do banco, nas salas de autoatendimento ou nos guichês das agências.
As convocatórias são disfarçadas e veladas em textos encaminhados aos bancários, com material de apoio que “visam auxiliar e otimizar as ofertas de capitalização”. Neles, a direção do banco ressalta que “as campanhas e mobilizações possuem grande reflexo em nosso trabalho e, além disso, a nossa capacidade em contribuir e apoiar efetivamente os negócios já foi testada e aprovada pela UOP e demais diretorias/superintendências.
E acrescenta: “Mantenham as ofertas regularmente e estejam atentos às oportunidades que surgem em nossas SAA e nas demais interações com os clientes”.
O Sindicato critica a postura do banco, ressaltando que a função de caixa não é vender produtos. Essa é uma função dos gerentes de contas, especialistas em oferta de produtos e serviços bancários.
“Essa atitude do banco é totalmente descabida e é um retrocesso administrativo, pois além de ser um desvio de função, sobrecarrega e constrange o trabalhador, que é obrigado a prestar informações diárias dos produtos vendidos, e ainda cria um clima de insatisfação e descontentamento para os caixas”, aponta o presidente da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN).
O dirigente sindical observa que, na verdade, essa medida faz parte do desmonte do BB e demais bancos públicos, prioridade do governo ilegítimo de Temer.
Incoerência
Ao mesmo tempo em que impõe metas de vendas a caixas, um problemas que os bancários e clientes enfrentem diariamente é ignorado: as longas filas, que aumentam ainda mais o estresse e a tensão entre clientes, usuários e funcionários, situação que chega às vezes à agressões e tumultos dentro das agências.
O mais controverso é que esse é o sistema pelo qual os caixas são cobrados pela “demora” no atendimento. Isso sem contar os riscos de diferenças no caixa que o próprio funcionário tem que pagar, se houver.
O Sindicato também questiona a incoerência do BB que, enquanto pressiona os caixas a venderem títulos de capitalização e oferecer empréstimos aos clientes como parte de metas a serem cumpridas em agências físicas, investe em escritórios digitais.