Os bancários de todo o país resistem de forma heroica à intransigência e à pressão dos banqueiros, completando nesta sexta-feira 30 a quarta semana de uma greve nacional que já é a maior em tamanho de paralisação em pelo menos duas décadas e meia. Por orientação do Comando Nacional, os sindicatos de bancários realizam assembleias em de todo o país nesta segunda-feira 3 de outubro, 28º dia da greve, para discutir e organizar a ampliação do movimento e forçar os bancos a apresentarem uma proposta decente que atenda às reivindicações econômicas e sobre emprego, saúde e condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades.
Nesta sexta-feira, a paralisação bateu recorde histórico nas 12 bases sindicais da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN), com o fechamento de 1.911 agências, um crescimento de 127% em relação ao primeiro dia, em 6 de setembro. Segundo levantamento da Contraf-CUT, no Brasil todo estão paralisadas 13.358 agências e 34 centros administrativos, o que significa 57% das unidades bancárias do país.
A Fetec-CUT/CN tem recebido informações de vários sindicatos de suas bases dando conta de que gerentes médios de vários bancos estão se organizando para aderir à greve por considerarem que tabém se consideram desrespeitados pelos bancos com a proposta de rebaixamento salarial.
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Na décima rodada de negociação realizada com o Comando Nacional dos Bancários nesta quarta-feira 28 em São Paulo, a Fenaban propôs um acordo para dois anos: reajuste de 7% e abono de R$ 3.500, em 2006, e inflação mais 0,5% de aumento de real em 2017, com correção pelos mesmos índices dos vales e auxílios.
O presidente da Fetec-CUT/CN, José Avelino, que integra o Comando Nacional, considera essa proposta um golpe contra os bancários porque, em 2016, reajusta o salário 2,39 pontos percentuais abaixo da inflação, e mesmo com o 0,5% de aumento real em 2017 a categoria entraria em 2018 com uma perda de 2,12%, mais a inflação.
“Os banqueiros, que ajudaram a dar o golpe que destituiu uma presidenta da República legitimamente eleita porque têm interesse na pauta econômica anunciada pelo governo Temer de retirar direitos dos trabalhadores, querem já nos impor essa derrota este ano. Mas os bancários resistem e não aceitam esse ataque. Por isso é importante que todos participem das assembleias e das atividades do sindicato, para ampliarmos ainda mais a greve e forçar a Fenaban a atender nossas reivindicações”, convoca Avelino.
> Veja aqui a galeria de imagens do 25º dia da greve nos sindicatos da Federação Centro Norte e confira ao lado como foi o índice de paralisação.
As principais reivindicações dos bancários
˃ Reajuste salarial de 14,78%, o que significa 5% de aumento real acima da inflação.
˃ PLR de três salários mais R$ 8.317,90 fixos para todos.
˃ Piso salarial de R$ 3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
˃ Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$ 880,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
˃ Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
˃ Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
˃ Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
˃ Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
˃ Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, como determina a legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
˃ Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Fonte: Fetec-CUT/CN