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São Paulo – A primeira dose da vacina contra a covid-19 foi aplicada em apenas 13,2% dos brasileiros com até 60 anos e que tenha pelo menos uma comorbidade. Eram 230.742 imunizadas parcialmente em 4 de maio, e 4.177.491 no dia 25. Já o número dos que receberam as duas doses passou de 32.556 para 103.530 no mesmo período. Apesar da aparente grande quantidade de imunizados com a primeira dose, o avanço é tímido. Isso porque nesse grupo prioritário estão 31 milhões de pessoas, conforme estimativa da Pesquisa Nacional de Saúde/IBGE. No entanto, o dado não é o mesmo adotado pelo Ministério da Saúde no Plano Nacional de Vacinação, que aponta cerca de 17,7 milhões de pessoas.
Os dados são do mais recente levantamento de pesquisadores do Instituto de Medicina Social da Uerj, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ e Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP. E chamam atenção para o pequeno número de imunizados entre os grupos prioritários como um todo.
São consideradas comorbidades a pressão alta, diabetes, doenças do coração, como infarto, angina e insuficiência cardíaca, entre outras. Acidente vascular cerebral, asma, doenças pulmonares crônicas, como enfisema e bronquite, entre outras. Além dessas condições, o câncer, insuficiência renal crônica e obesidade. Todas essas condições aumentam o risco de complicações da infecção pelo novo coronavírus e de morte.
Embora parte das pessoas com comorbidades tenha 60 anos ou mais – grupo dos idosos – muitas têm de 18 até 59 anos e podem estar no grupo dos profissionais de saúde.
Como ainda não foi alcançada a cobertura vacinal satisfatória entre idosos e profissionais de saúde, muitas delas não foram até agora imunizadas. E as da faixa etária de 18 a 59 anos que não integra outra população prioritária já vacinada, a perspectiva de imunização ainda é incerta, segundo os pesquisadores.
Em 27 de maio, o Ministério da Saúde alterou o Plano de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, determinando uma nova estratégia de imunização, conforme faixa etária em ordem decrescente de idade.
E decidiu passar à frente, em relação ao ordenamento antes estabelecido, os trabalhadores de educação de todos os níveis de ensino dos setores público e privado, estimados em 3,4 milhões de pessoas pelo governo federal, ou seja, demandam 6,8 milhões de doses de vacinas.
“Enquanto isso, a vacinação, bem como o registro de informações sobre doses aplicadas, seguem lentos ou até mesmo paralisados em muitos locais, demonstrando dificuldades de alcançar as populações mais vulneráveis anteriormente definidas pelo Ministério da Saúde.
41% dos idosos com mais de 80 anos ainda não completaram a segunda dose. Nesta população, houve aumento de apenas 4% na cobertura de segunda dose ao longo da última semana.
41% dos idosos com mais de 80 anos ainda não completaram a
segunda dose. Nesta população, houve aumento de apenas 4% na
cobertura de segunda dose ao longo da última semana.
33% dos profissionais de saúde ainda não foram imunizados com
a segunda dose. Nesta população, houve aumento de apenas 3% na
cobertura de segunda dose ao longo da última semana.
37% dos idosos de 70 a 79 anos ainda não receberam a segunda dose. Houve aumento de apenas 7% na cobertura de segunda dose ao longo da última semana neste grupo.
Mais de 3,8 milhões de pessoas que tomaram a primeira dose da vacina Coronavac ainda não receberam a segunda dose, mesmo após os 28 dias preconizados entre uma dose e outra.
Mais de 560 mil pessoas que receberam a primeira dose da vacina Covishield (AstraZeneca-Oxford) não tomaram ainda a segunda dose, considerando o intervalo de 90 dias preconizado entre as duas doses.
Até 25 de maio, foram aplicadas 56,5 milhões de doses no país, sendo 65% da vacina CoronaVac. Entre a população de 60 a 69 anos, 79% tinham recebido a primeira dose da vacina e apenas 25% a segunda; de 70 a 79 anos, 91% receberam uma dose e 73% completaram a segunda dose; e entre aqueles com 80 anos ou mais, 92% foram vacinados com a primeira e 59% com a segunda dose.
As recentes dificuldades na distribuição de doses das vacinas CoronaVac e Covishield (AstraZeneca-Oxford) impedem o avanço na cobertura vacinal com duas doses no país. É urgente a ampliação da oferta de vacinas e a adoção de medidas de busca ativa, convocação e garantia do acesso dos grupos prioritários à imunização completa, com duas doses”, diz trecho do relató