Mas entidade sindical luta para que toda a categoria bancária, essencial na pandemia, seja vacinada o mais rápido possível
“Esperança, não sinto alegria. A vacina traz esperança, uma esperança ainda pequena, porque eu sei que a maioria da população, dos trabalhadores, dos meus colegas ainda não recebeu a vacina”, assim define a primeira diretora do Sindicato que também é bancária do Banpará, Odinéa Gonçalves, ao receber a primeira dose do
imunizante contra a Covid-19 na manhã deste domingo (21), na capital paraense.
“Esse momento é muito importante pra mim, mas ele seria ainda mais importante se já tivéssemos com um plano de vacinação em massa, principalmente se na fila aqui hoje comigo, estivessem principalmente os colegas e colegas bancários que estão na linha de frente, garantindo o pagamento dos auxílios a quem também precisa, e dessa forma colocam em risco a própria saúde, por muitas vezes a vida, diante do colapso que estamos enfrentando em toda a rede particular, parte da rede municipal e que já sobrecarregam a rede estadual”, afirma Odinéa.
O desejo da Odinéa é o mesmo de toda a direção do Sindicato dos Bancários do Pará que desde o início do ano, antes mesmo de ser anunciado um calendário de vacinação e de sequer as primeiras doses chegarem ao Pará, protocolou ofício ao Governo do Estado, Prefeitura de Belém e de outros 13 municípios, reivindicando a inclusão da categoria bancária como grupo prioritário de vacinação.
“A atividade que estes funcionários exercem é essencial, pois deles dependem o recebimento do auxílio emergencial de milhares de famílias”, destaca o parlamentar.
Na semana passada foi a vez da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), que também representa a categoria do Pará, fazer o mesmo pedido ao Ministério da Saúde.
“Precisamos que as autoridades tenham a mesma sensibilidade que tiveram de incluir os agentes de segurança como prioridade. Bancários e bancárias também estão na linha de frente, a da economia, mas não no sentido de salvar a economia, até porque nenhuma vida vale mais do que qualquer dinheiro; estão na linha de frente ajudando aqueles que já necessitavam e nessa pandemia necessitam ainda mais de saúde e de políticas públicas para sobreviverem. Mas para continuarem trabalhando, nossos colegas precisam estar vivos, precisam estar protegidos e a proteção que precisamos nesse momento é a vacina. Não há máquina que substitua tudo que os bancários e bancárias estão fazendo, aliás, quando os caixas eletrônicos falharam, quando os aplicativos travaram, quem esteve e está na linha de frente é a categoria, que corre risco diariamente, tem adoecido e toda essa exposição tem gerado angustia e afetado também a saúde mental”, destaca a presidenta do Sindicato e bancária da Caixa, Tatiana Oliveira.
Ontem (21), mais de 200 economistas, incluindo empresários, banqueiros e ex-presidentes do Banco Central, assinaram uma carta aberta cobrando mais vacinas, máscaras gratuitas e medidas de distanciamento social e refutaram o “falso dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável”.
“Na realidade, dados preliminares de óbitos e desempenho econômico sugerem que os países com pior desempenho econômico tiveram mais óbitos de covid-19. A experiência mostrou que mesmo países que optaram inicialmente por evitar o lockdown terminaram por adotá-lo, em formas variadas, diante do agravamento da pandemia”, apontam os economistas, citando o caso do Reino Unido.
A esperança que a primeira dirigente do Sindicato a ser vacinada se refere, é a mesma que o patrono da educação brasileira, Paulo Freire, escreveu: “… esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, é ir atrás, é construir, é não desistir, é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”.
A esperança sempre esteve presente na vida de Odinéa seja em defesa da categoria bancária em busca de melhores salários e condições de trabalho, seja na vida pessoal, quando foi diagnosticada com câncer de mama em 2010, quando já era dirigente sindical.
“Tive que me afastar das atividades presenciais do Sindicato, na época, por conta do meu tratamento que felizmente deu certo e estou curada. Hoje estou afastada novamente, porque faço parte do grupo de risco, mas não ausente da luta que nós do Sindicato temos empenhado desde o início da pandemia para proteger a vida de nossos colegas de todas as formas possíveis. Eu sei que é uma situação muito difícil para todos e todas, principalmente para quem não pode ficar em casa e assim se proteger um pouco mais. Eu peço para que meus colegas continuem resistindo, usem duas máscaras, álcool em gel toda hora, que nós do Sindicato estamos aqui em busca de que incluamos a categoria como prioridade na imunização. A vacina já tem e vai chegar pra todos, eu tenho esperança”, finaliza Odinéa Gonçalves.
Fonte: Bancários PA com El País