Originada no francês Solidarité, solidariedade significa se identificar com o sofrimento do outro e, principalmente, se dispor a ajudar a solucionar ou pelo menos, amenizar o problema, e a fome é muito mais que um problema, a fome mata.
De acordo com o documento ‘O Vírus da Fome: como o coronavírus está potencializando a fome em um mundo faminto’ divulgado pela Oxfam em julho do ano passado, o Brasil está entre os prováveis epicentros da fome no mundo, juntamente com Índia e África do Sul, onde milhões de pessoas estão à beira da grave insegurança alimentar e pobreza extrema.
A previsão era de que até 12 mil pessoas poderiam morrer por fome diariamente, até o final de 2020, devido às consequências da pandemia de Covid-19.
Com o aumento do desemprego (a taxa média anual do país em 2020 foi de 13,5%, a maior de toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), auxílio emergencial nos valores de R$ 150 a R$ 375 e os auxílios municipal de até R$ 450 e o estadual de R$ 100; milhares de famílias não conseguem sequer garantir o básico.
Segundo Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, feita mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Belém é uma das cinco capitais que registrou aumento no valor da cesta básica (1,11%). O café em pó, por exemplo, teve um reajuste de 4,86%.
“A fome é gritante e exige solidariedade ativa contínua e imediata, a par de outras lutas e formas de resistência, pois hoje já existe um número grande de famílias cozinhando o pouco que tem no carvão”, afirma a dirigente sindical Heidiany Moreno, que atua mais diretamente nas regiões Sul e Sudeste do Pará.
Ainda de acordo com o Dieese, com base no custo da cesta básica mais cara, a de Florianópolis, um trabalhador remunerado teve que gastar 54,23% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta.
“Imagina quem não tem emprego e depende exclusivamente dos auxílios? É humanamente impossível garantir o mínimo para toda a família, alguém, geralmente o adulto, vai ficar sem comer, e provavelmente o restante da família especialmente as crianças, terão deficiência de alguma vitamina, uma vez que a cesta básica não contempla frutas e verduras, ou seja, é muita gente necessitada que precisa de nós trabalhadores e trabalhadoras para não passar fome”, destaca a diretora do Sindicato em Santarém, Rafaela Carletto.
Os R$ 150 do auxilio emergencial que voltará a ser pago mês que vem só compram 29% da cesta básica em Belém, a ajuda de R$ 250, 49% de uma cesta; e o benefício de R$ 375 terá o poder de comprar 73% da cesta básica na capital paraense. O cálculo foi feito pelo jornalista Leonardo Sakamoto, em seu blog no UOL.
No último dia 8 deste mês, o Sindicato dos Bancários doou 20 cestas básicas ao grupo de voluntariado “Amigos dos Anjos de Deus”, que atende principalmente crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer e também em situação de vulnerabilidade social. Atualmente são 105 famílias atendidas pelo projeto.
No final do ano passado, a entidade sindical também fez chegar 50 cestas básicas aos lares de famílias atendidas por 5 instituições que fazem esse tipo de doação, entre elas, a do Slam Dandaras do Norte que atua em comunidades da periferia de Belém com a campanha ‘Ajude a Ajudar’.
Até final do mês, o Sindicato vai doar 20 cestas básicas a duas entidades que atendem famílias em vulnerabilidade social em Marabá.
O Sindicato integra o Grupo de Trabalho de Combate à Fome e à Carestia, GT iniciado pela CUT-PA e que reúne diversas organizações e entidades solidárias, que promoveram ação emergencial de doação de cestas básicas a famílias chefiadas por mulheres, em Belém, no 8 de Março. E agora, inicia a estruturação de um projeto piloto de compras coletivas.
Belém
Doações para novas ações solidárias podem ser feitas via Pix da presidenta da CUT-PA: 58060685287
O telefone para contato do Slam Dandaras do Norte é (91) 99145-1535. A chave Pix é josyfteles@gmail.com
Santarém
A sede do projeto, que funciona na casa da Aldenora, está localizada no Residencial Salvação – Rua Amarelinho, 2154 (entre Pardal e Gavião Real). O telefone para contato é o (93) 99114-6592.
Fonte: Bancários PA com Oxfam, Dieese e UOL