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24 de Novembro de 2021 às 07:40

OMS teme covid no carnaval, reforça o uso de máscaras e receia força da ‘quarta onda’


RBA
Gabriel Valery

São Paulo – A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou alerta nesta terça-feira (23) de que a “quarta onda” da covid-19 que afeta a Europa deve ser uma tendência global. “O mundo, na verdade, está entrando em uma quarta onda, mas as regiões tiveram comportamento diferente em relação à pandemia“, disse a diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos da entidade, Mariângela Simão. A especialista ainda reforçou a preocupação com grandes aglomerações, em especial com o carnaval no início de 2022.

“Me preocupa bastante quando vejo no Brasil a discussão sobre o carnaval. É uma condição extremamente propícia para o aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar as ações para 2022”, declarou Mariângela. Ela teme uma disseminação descontrolada do vírus. Mesmo com a melhora no quadro geral da pandemia no Brasil após o avanço da vacinação, a transmissão segue forte e de forma comunitária. Existem riscos de novas variantes mais agressivas surgirem com a ampliação da transmissão, mesmo com maioria dos brasileiros vacinados.

Na Europa, países com taxas de vacinação superiores às do Brasil, como a Alemanha, o cenário atual é o pior desde o início da pandemia. No geral, o velho continente passa por uma “pandemia de não vacinados“, já que as mortes estão concentradas majoritariamente entre os negacionistas que rejeitaram as vacinas. Entretanto, não existe vacina 100% eficaz contra nenhuma doença. Como o vírus tem potencial, ainda que reduzido, de ser transmitido entre vacinados, menos mortes ainda serão muitas em um cenário de descontrole generalizado.

2,2 milhões de mortos

Em outro alerta divulgado hoje, a OMS cobrou medidas firmes contra a covid-19. Em situações de ampla disseminação, serão necessárias medidas de isolamento social, uso compulsório de máscaras e estratégias como a do passaporte da vacina para frequentar certos lugares. A Alemanha, por exemplo, estuda uma forma de vacinação obrigatória, diante de uma porcentagem alta de negacionistas, ligados a movimentos conspiratórios de extrema direita, pares ideológicos do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

Em outubro, a Europa registrou 4,2 mil mortes diárias em média, mais que o dobro do notificado em setembro. Em novembro, a situação deve ser ainda pior. O cenário divulgado pela entidade é “dramático”, como já havia dito a chanceler alemã, Angela Merkel. De acordo com previsões da OMS, 700 mil pessoas podem morrer no continente até março, caso medidas fortes não sejam adotadas. Hoje, a Europa tem 1,5 milhão de mortos.

Lá e cá

Durante as ondas anteriores de impacto, países europeus sempre anteciparam em alguns meses o que foi observado no Brasil. A Itália viu o sistema de Saúde colapsar em março de 2020. No Brasil, esta primeira onda atingiu seu pico em julho. Já na segunda onda, a mais letal, países como Espanha e Inglaterra perceberam picos já na virada do ano, enquanto o Brasil sucumbiu de forma agressiva entre março e abril.

“A ressurgência de casos na Europa após a flexibilização das medidas sociais e de saúde pública é uma realidade inescapável. Só a vacinação não basta; com certeza diminui hospitalizações e mortes pelo Sars-Cov2, mas não diminui a transmissão a ponto de eliminar a circulação do vírus”, acrescentou Mariângela.

Logo, a OMS emitiu também hoje uma nota reforçando boas práticas enquanto a pandemia não seja superada. “Limpeza regular das mãos, distanciamento físico, uso de máscara, e a boa ventilação de ambientes provou ser eficaz para prevenir a transmissão do vírus”. Além das vacinas que, comprovadamente, já salvaram centenas de milhares de vidas, as máscaras também seguem a mesma lógica. “A máscara é capaz de reduzir em mais da metade a incidência do coronavírus. Assim, se 95% da população aderir, a estimativa é que mais de 160 mil mortes poderiam ser evitadas até março do próximo ano”, informa a entidade.

Balanço

Em situação mais tranquila, mas ainda instável, o Brasil registrou nas últimas 24 horas 284 vítimas do vírus. Com o acréscimo, o país superou a marca de 613 mil mortes desde o início do surto, em março de 2020. Também foram registrados 10.312 novos casos, totalizando 22.030.182, sem contar a ampla subnotificação. A média diária de mortes está em 227, e de casos em 9.214. Estão vacinados com a primeira dose quase 81% dos brasileiros e com duas, 63%. Mas as aglomerações de carnaval estão aí, as de rua e as nas passarelas.

carnavalNúmeros da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)

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