RBA
Fabio M Michel
São Paulo – O Brasil registrou nesta terça-feira (18) mais 2.513 mortes causadas pela covid-19 em um período de 24 horas. Com a atualização, o país chega a 439.050 óbitos e está, portanto, a um dia de passar a marca das 440 mil vítimas desde o início do surto, em maio de 2020. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), no período foram notificados 75.445 novos casos da infecção respiratória causada pelo novo coronavírus, totalizando 15.742.836 registros oficiais de contaminação. No entanto, cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estimam que o número é certamente ainda maior uma vez que as subnotificações são uma realidade no país, que não realiza testagem em massa.
Os números de hoje confirmam que a curva de novos casos de covid-19 no Brasil segue ascendente e indicam piora do cenário também nas mortes diárias nos próximos dias. Uma semana atrás, no dia 11, foram 72.715 casos registrados em um período de 24 horas, com 2.311 óbitos.
Outro dado que indica que a velocidade de contaminação voltou a subir é o da média móvel de mortes e de casos, que são calculadas somando-se os números de cada um dos últimos sete dias e dividindo o total por sete. Tanto em um caso como no outro, os resultados mostram crescimento. Ontem, a média diária de mortes por covid no Brasil era de 1.901 óbitos, mas saltou para 1.930 hoje. Em relação ao número de casos, eram 63.914 por dia até ontem, passando para 64.304 nesta terça.
Os reflexos da alta já estão sendo registrados em São Paulo. Pesquisa divulgada hoje pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios (SindHosp), mostra que a taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 cresceu 7,5% na rede hospitalar privada do estado em maio.
Realizada entre 11 e 17 deste mês, o estudo aponta que 85% dos hospitais particulares paulistas já estão com ocupação superior a 80%. Na pesquisa anterior, em 30 de abril, eram 79% dos hospitais com esse nível de lotação. A pesquisa mostra ainda que, entre as unidades mais lotadas, 39% estão com ocupação entre 91% e 100%, enquanto 46% oscilam entre 81% e 90%.
O presidente do SindHosp, o médico Francisco Balestrin, afirma que esse aumento é preocupante, ao lado do ainda baixíssimo percentual da população já imunizado contra a covid no Brasil. “Também nos preocupa o ritmo lento das vacinações e a falta de vacinas, o que obriga a rede de saúde a ficar alerta para atender novos casos”, disse, na divulgação do relatório.
A Fiocruz e demais autoridades sanitárias destacam a necessidade de estados e municípios retomarem as medidas de distanciamento e isolamento social, assim como reforçar campanhas pelos protocolos de segurança, como o uso de máscara e limpeza constante das mãos como medidas para diminuir o contágio pelo coronavírus e as internações pela doença.
Isso porque já se sabe que a covid-19 leva de dez a 15 dias para se manifestar agressivamente depois de contaminar o organismo. Portanto, se hoje o número de mortos é considerado estável na casa dos 1.900 ao dia, mesmo que em patamares muito elevados, o crescimento diário do número de casos será em breve seguido também pelo de óbitos.
A flexibilização generalizada da quarentena pelo país, a partir do fim de abril, é resultado da redução das mortes registradas no mês passado. Por sua vez, essa redução só foi alcançada em razão das medidas de isolamento adotadas pelos estados e municípios, especialmente em março. Naquele momento, o Brasil vivia o pior momento da pandemia de covid, com mortes na casa de 4 mil por dia.
Porém, tais medidas foram suspensas de forma antecipada e com pouco planejamento, com reflexos já claros na atual tendência de elevação dos casos.