De um lado, governo do Pará em parceria com as prefeituras de Belém, Região Metropolitana decretaram lockdown para frear o número de casos e evitar um colapso na rede pública estadual, que até a noite de ontem (17), estava com 62,95% dos leitos clínicos para adultos ocupados e 78,32% das vagas em UTI com pacientes internados. Toda a rede privada e leitos clínicos da rede municipal na capital estão sem vagas para receber novos doentes.
Do outro lado, para evitar um segundo colapso, o da economia, governo do Estado e prefeitura de Belém liberam, no mesmo período de lockdown, empréstimos (Fundo Esperança) e auxílios (Renda Pará e Bora Belém), o que tem provocado exatamente o que as autoridades tentam impedir: aglomeração, em filas quilométricas nas agências do Banpará. Próximo mês serão as agências da Caixa, a repetirem as longas filas, quando voltar o pagamento do auxílio emergencial.
E no meio de tudo isso, tentando proteger a si, e a família, de uma contaminação ou reinfecção, estão os bancários e bancárias do Banpará e da Caixa, que diariamente precisam atender aqueles que buscam os respectivos pagamentos emergenciais.
“Temos plena consciência de que esse tipo de socorro é necessário, pois é a única forma de garantir que famílias que estão desempregadas, sem nenhuma renda, possam ficar em casa com algum tipo de ajuda financeira, que infelizmente não é capaz de garantir ainda o básico, é essa. Já para as empresas, o empréstimo vem para ajudar nas despesas e controlar assim o aumento do desemprego. E isso mostra o quanto os bancos públicos são fundamentais e estratégicos para o país. Mas a categoria bancária também não pode ser esquecida nesse momento, e aí entram o compromisso e responsabilidade dos bancos em garantir o máximo possível de prevenção dentro e fora das agências, e a nossa, enquanto representantes da categoria, de fiscalizar e cobrar os bancos. Queremos vacina para proteger a categoria e os milhares de clientes que são atendidos nos bancos, em ambientes fechados”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários e empregada da Caixa, Tatiana Oliveira.
Em ofício encaminhado nesta terça-feira (17) à direção do Banpará, o Sindicato solicitou ao banco a adoção de algumas medidas viáveis para enquanto perdurar o período de lockdown e toque de recolher, como forma de proteger o funcionalismo e também de contribuir no combate ao coronavírus:
1. A submissão imediata dos empregados, que não fazem parte do quadro de atendimento ao público, ao regime de teletrabalho;
2. Nas agências, adotar o regime de revezamento, com antecipação de horário de atendimento e autorização de almoço como despesa da matriz;
3. O afastamento de todos os empregados que não fazem parte do quadro de atendimento ao público e que suas atividades não podem ser realizadas sob o regime de teletrabalho;
4. O afastamento de todo o quadro de apoio terceirizado, conveniado à APPD.
Como alternativa ao banco, em caso de impossibilidade do cumprimento das sugestões apresentadas pelo Sindicato, a entidade pede que seja estabelecido então um “regime de revezamento entre os empregados, dentro de todos os setores da empresa, como forma de corroborar com os trabalhos de contenção da pandemia”.
Por conta da mudança de bandeiramento na capital, o Sindicato suspendeu as atividades presenciais na sede e nas duas subsedes de Marabá e Santarém, mas continua atendendo a categoria pelas redes sociais e dependendo da emergência do caso, o atendimento presencial poderá ser realizado, sempre mantendo todos os cuidados de prevenção.
“O principal meio de comunicação em tempos de pandemia é o whatsapp e é por esse aplicativo que recebemos a maioria das demandas da categoria, algumas em forma de desabafo ou de pedido de ajuda, e todos, sem exceção alguma, tentamos resolver. Quando não é possível, ouvir e se solidarizar com o justo temor dos colegas é uma forma de estar junto. Desde o início da pandemia estamos reunindo semanalmente com a diretoria do Banpará em busca de sempre avançar na prevenção dos colegas, pois a vida sempre vale mais que o lucro, e uma das principais reivindicações nossa, no pior momento dessa crise sanitária que todo o país vive da mesma forma, é a inclusão da categoria no plano de imunização diante de todos os riscos que eles correm diariamente quando saem de casa, no trabalho presencial e quando retornam pra casa”, afirma a vice-presidenta do Sindicato e bancária do Banpará, Vera Paoloni.
“Esses sentimentos de medo, preocupação e angústia causam prejuízos à saúde física e mental, que infelizmente não é novidade para a categoria que sempre sofreu pressão psicológica com a cobrança de metas. Porém a pandemia agravou quadros já existentes ou desencadeou novos casos, como ansiedade e depressão, além das doenças ocupacionais, como as LER/DORT, inclusive também naqueles que estão em regime de teletrabalho. Tais patologias impactam diretamente na qualidade de vida e produtividade; mas seguimos em reuniões virtuais com os bancos, além de lives em busca de minimizar todos esses transtornos”, comenta a diretora de saúde do Sindicato e bancária do Bradesco, Heládia Carvalho.
No início do mês, o Sindicato realizou a live “Pandemia e adoecimento mental no trabalho” com a psicóloga, Laura Nogueira, e na próxima terça-feira (23) a Contraf-CUT promove a “Live: Pandemia, o que você precisa saber e como agir”, que terá a participação do médico sanitarista, professor e ex-ministro da Saúde do governo da presidenta Dilma Rousseff, Dr. Arthur Chioro, além da presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Tatiana Oliveira.
A transmissão será através das páginas da Confederação no Youtube e Facebook a partir das 18h.
Fonte: Bancários PA com Sespa e Contraf-CUT