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27 de Junho de 2021 às 21:41

Domingo de emoção bancária no segundo dia de vacina contra Covid-19 em Belém

Os dias 26 e 27 de junho de 2021 ficarão guardados na lembrança dos cerca de 1.500 bancários e bancárias vacinados contra a Covid-19, na sede do Sindicato, em Belém


No colo, a filha do casal, de 9 meses de idade. No peito, a saudade que se ressignifica todos os dias, ontem (26), na sede do Sindicato, ganhou um novo sentido. “É um misto de alívio com tristeza também”, desabafa a bancária do Banco do Brasil, Shelen Rosso.

A pequena Luiza traz no nome uma homenagem ao pai que ela nunca irá conhecer. “Meu marido se chamava Luiz, era caminhoneiro, e infelizmente foi mais uma vítima dessa pandemia, em novembro do ano passado. Entre o diagnóstico da doença e a morte dele foram oito dias, seis em casa e dois no hospital, mas ele nem foi atendido de maneira digna”, lembra.

Mãe e filha resistiram juntas ao coronavírus, um vírus invisível que já levou mais de 511.000 amores de alguém. “Eu tive antes do que ele, ainda grávida, eu pensei que a gente fosse antes dele. Se meu marido tivesse aqui ele também teria sido vacinado nessa última chamada que teve, mas infelizmente não deu tempo”, lamenta.

Para Luiza, tudo isso ainda é desconhecido, mas ontem ela testemunhou talvez um dos dias mais esperados pela mãe dela e tantas outras pessoas que têm resistido a dias tão difíceis, em meio a maior crise sanitária e hospitalar que o Brasil já enfrentou.

Os dias 26 e 27 de junho de 2021 ficarão armazenados na memória do celular, itens arquivados das redes sociais e guardados na lembrança dos cerca de 1.500 bancários, bancárias, da linha de frente e área meio; trabalhadores e trabalhadoras de financeiras e cooperativas; que receberam a vacina contra a Covid-19 na primeira capital do país a imunizar a categoria linha de frente da economia.

Foram 6 meses de luta para a inclusão da categoria bancária na vacinação contra a Covid-19. De lá pra cá, já são 28 cidades do Pará em que bancários e bancárias receberam a primeira dose do imunizante, e o objetivo é que esse mapa da imunização amplie e chegue aos 144 municípios paraenses.

“A sensação é de dever cumprido em relação à Belém, mas seguiremos reiterando o mesmo pedido até que todos os nossos colegas sejam vacinados, porque todos e todas são essenciais. Se nossa categoria foi esquecida pelo governo federal e muitas prefeituras, o Sindicato está aqui para cobrar e defender o que é um direito nosso”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará e bancária da Caixa, Tatiana Oliveira, que também recebeu a primeira dose da vacina na sede da entidade da categoria que ela representa junto com outros 35 dirigentes sindicais.

Reações

Os efeitos colaterais da vacina podem surgir em até 24 horas depois da aplicação do imunizante, mas tem uma reação imediata, em forma de sorrisos e lágrimas, que máscara alguma consegue esconder.

“Eu estou muito feliz, é um dia assim inexplicável pra mim, acho que pra todo mundo né?! Eu estou com expectativa muito boa para o futuro, isso é uma coisa muito bacana, e muito aliviada também por estarmos vivos. Eu me cuidei muito, e os meus também, a gente está bem afastado e inclusive eu estou doida para ver a minha família”, conta emocionada a bancária do Banpará, Fabiane.

A dose de esperança virou sinônimo para a vacina, contra a Covid-19, aplicada por outra categoria de profissionais linha de frente, a dos técnicos de enfermagem. Jéssica Sulamita concluiu o curso em janeiro desse ano, a graduação teve que ser prorrogada por um mês. É que durante esse período, a filha dela de apenas 3 anos de idade teve derrame pleural, foi internada na UTI e durante o tratamento foi infectada com o coronavírus; mas hoje, felizmente, está totalmente recuperada.

Um mês depois com o registro profissional em mãos e colocando em prática tudo aquilo que aprendeu nas aulas, a técnica em enfermagem sentiu na pele a dor de tantas outras pessoas que ela já imunizou desse o início do ano: a de perder um ente querido por complicações da doença.

“Em fevereiro perdi minha tia, assim como milhares de famílias que também perderam alguém que amavam. Mas existem outras milhares de pessoas que querem viver e a vacina está aí pra isso, por isso a gratidão pelo que faço é imensa, abrindo mão de finais de semana com a minha filha, para levar esperança”, afirma.

Aos nossos mortos, um minuto de silêncio, depois toda uma vida de luta

No primeiro trimestre do ano passado, o número de mortes de bancários, de acordo com o levantamento de desligados por morte de trabalhadores com carteira assinada foi de 55, pelos dados do Boletim Emprego em Pauta, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Esse número mantém pequenas variações ano a ano, mas no primeiro trimestre de 2021 saltou para 152, crescimento de 176,4%.

No Pará, desde o início da pandemia, houve 43 óbitos de bancários por complicações da Covid-19, a maioria na Região Metropolitana de Belém. O maior registro dos óbitos ocorreu nos bancos públicos.

E aos familiares e colegas de trabalho deles e de todas as mais de 511.000 vítimas da covid-19, um minuto de silêncio, depois toda uma vida de luta. “Por vacina no braço, comida no prato, porque os efeitos dessa pandemia não terminam quando o amor de alguém se vai, milhares de pessoas ainda não foram vacinadas, outras milhares estão internadas e existem ainda aqueles que se enquadram nesses dois tristes perfis, o da insegurança alimentar, e por isso pedimos que quem viesse se vacinar, se pudesse, trouxesse 1kg de alimento não perecível para a nossa campanha Sindicato Solidário. Informo que a categoria, mesmo sendo chamada em cima da hora, correspondeu”, explica a vice-presidenta da entidade e bancária do Banpará, Vera Paoloni.

Sindicato Solidário

A Campanha Sindicato Solidário surgiu no ano passado, ainda no começo da pandemia do coronavírus. Inúmeras ações de solidariedade movimentam a rede de sindicatos e federações ligados à Contraf-CUT. No Pará, o Sindicato dos Bancários já doou mais de 200 cestas básicas às famílias em situação de vulnerabilidade social ou insegurança alimentar (isso quer dizer que não tiveram certeza se haveria comida suficiente em casa no dia seguinte e/ou que tiveram que diminuir a qualidade e a quantidade do consumo de alimentos e/ou não tiveram nada para comer).

Para ter mais informações da campanha e conhecer a lista de entidades, clique aqui.

 

Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT


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