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São Paulo – O Brasil superou hoje (2) a marca de 615 mil mortes por covid-19 com as 615.176 novas vítimas registradas nas últimas 24 horas. Isso sem contar a ampla subnotificação. Os dados são do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). No mesmo período, foram contabilizados 12.910 novos casos, totalizando 22.118.782 desde o início do surto, em março de 2020. Destes, ao menos cinco foram confirmados como sendo da mais recente variante, a ômicron.
A disseminação da cepa, possivelmente mais contagiosa, provocou uma disparada nos casos na África do Sul, primeiro país a reportar a variante. A ômicron possui alto número de mutações na proteína Spike, o que pode torná-la mais infecciosa; entretanto, faltam estudos a respeito. Na terça-feira, os sul-africanos notificaram 8.600 casos, diante de 1.300 no mesmo dia da semana anterior. Autoridades locais apontam que a variante já corresponde a 74% dos sequenciamentos genéticos feitos no país.
Embora cientistas da África do Sul tenham descoberto a variante, ainda existem dúvidas sobre sua origem. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou não saber ao certo a procedência. Na Holanda, autoridades identificaram infecções pelo vírus mais de dez dias antes do alerta sul-africano, o que revela que o vírus pode estar circulando na Europa há bem mais tempo. No velho continente, o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle das Doenças prevê que a cepa será dominante nos próximos meses.
Diante deste cenário, a OMS afirmou que fechar fronteiras para determinados países não é correto. Trata-se de uma medida “preguiçosa”, de acordo com especialistas. “As medidas (de restrição) podem incluir triagem de passageiros antes da viagem e/ou na chegada, e uso do teste para SARS-CoV-2 ou quarentena de viajantes internacionais após avaliação de risco completa”, informa a entidade. Mais correto também seria cobrar comprovante de vacinação para a entrada no país; entretanto, o presidente Jair Bolsonaro é contra, inclusive às vacinas. Ele mesmo não se vacinou.
Além de disseminar mentiras sobre a segurança e eficácia das vacinas, Bolsonaro afirma que não se vacina pois já foi infectado. Trata-se de outra desinformação. Pessoas infectadas anteriormente podem desenvolver a doença. Em especial a variante ômicron. “Achamos que um contágio anterior não protege contra a ômicron”, disse Anne von Gottberg, especialista em doenças infecciosas do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD).
Contudo, acredita-se que as vacinas sigam conferindo imunidade contra a variante. Estudos ainda estão em andamento, mas já existem resultados preliminares que apontam neste sentido. Logo, o correto é acelerar com a vacinação, em especial, combater a desigualdade vacinal. Enquanto países mais ricos possuem vacinas de sobra, menos de 5% dos habitantes do continente africano estão imunizados.
No sentido de acelerar a vacinação, o governo de São Paulo anunciou a redução do intervalo entre a segunda dose e a terceira, de reforço, de cinco para quatro meses. A valer a partir de hoje. “Além do cenário epidemiológico ao redor do mundo, a medida levou em consideração que São Paulo é porta de entrada, via portos e aeroportos, de pessoas de todo o mundo e o Brasil ainda não tem a obrigatoriedade da apresentação de comprovante de esquema vacinal completo para os viajantes”, informou o governo em nota.
Também pesa a proximidade de eventos tradicionais que contam com aglomerações, como o Natal e o Réveillon. “O estado tem hoje condições logísticas e técnicas de ampliar a vacinação e reduzir o intervalo de aplicação das doses para que todos possam estar ainda mais protegidos. Vale ressaltar também a necessidade de quem não tomou ainda a segunda dose, retorne aos postos de saúde para se imunizar”, disse o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn. No mesmo dia deste anúncio, o governo recuou na desobrigação do uso de máscaras em locais abertos.