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São Paulo – Reunidos por praticamente toda a tarde desta sexta-feira (23), lideranças de nove partidos de oposição (PT , Psol, PSB, PDT, Rede, PV, PCdoB, Cidadania e UP), associações, movimentos sociais, estudantes, juristas, lideranças religiosas e parlamentares do DEM, PSL e PSDB definiram manifesto pela unificação dos mais de 100 pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro protocolados na Câmara. A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) e o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), líderes de seus partidos na Câmara, serão os autores do manifesto. A ideia do chamado superpedido é aumentar a pressão sobre o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para que coloque o tema em pauta.
A primeira reunião do grupo contou com cerca de 170 participantes. Além do manifesto, ficou acertada a organização de um ato público e será criado um grupo de trabalho para analisar e formatar a junção dos pedidos de impeachment em uma única peça. A ideia da Plenária Nacional do Impeachment foi definida em reunião entre líderes das legendas realizada no dia 13 de abril. O grupo pretende ainda desenvolver ações que envolvem a aceleração da vacinação da população contra a covid e também debater a retomada do auxílio emergencial de R$ 600.
Além de lideranças de esquerda (PT, PDT, Psol, PSB e Rede), participaram do encontro de hoje ex-bolsonaristas e parlamentares de direita. Entre eles, junto com Kataguiri, fundador do movimento de direita MBL, estiveram Joice Hasselmann (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP).
À coluna Painel, da Folha de S.Paulo, Talíria destacou que a gravidade geral em que o país vive sob Bolsonaro está acima das diferenças partidárias e ideológicas entre os integrantes do grupo. “Há abismos que separam os partidos, parlamentares e campos políticos que estavam lá. Não são pequenas diferenças que me separam do Alexandre Frota (PSDB), do Kim, da Joice. Mas tem algo que nos unifica neste momento, que é a necessidade do impeachment do Bolsonaro para que o país possa respirar. Há um entendimento comum sobre a necessidade de interrupção do ciclo de barbárie no país”, afirmou.
Ex-bolsonarista, Joice Hasselmann sugeriu, ainda, a criação de um grupo de trabalho para tratar da comunicação do grupo. A proposta é redigir um manifesto ao país denunciando os crimes cometidos pelo ocupante do Palácio do Planalto e convocando o povo a se mobilizar pelo “Fora Bolsonaro”.
“A ideia é juntar parlamentares, sociedade civil, mercado financeiro, artistas, para mostrar que existe demanda da sociedade civil para que o impeachment de Bolsonaro seja pautado”, disse Kataguiri, que defendeu “união intransigente na Câmara dos Deputados” a favor da destituição do presidente.
Entre as lideranças de esquerda, as falas foram no mesmo sentido. “Um presidente genocida por ação e por omissão, na pandemia, com a fome e a miséria se alastrando pelo país, precisa ser afastado. Precisamos pressionar pela abertura do processo de impeachment. Essa pauta nos unifica”, afirmou a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann.
A reunião também contou com a presença de lideranças religiosas, juristas e ativistas sociais, como Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares (CMP), e Douglas Belchior, da Coalização Negra por Direitos. “Precisamos dessa união e de toda movimentação popular para pressionar pela abertura do impeachment de Bolsonaro”, atestou Bonfim. “Destacamos o genocídio do povo negro, além do genocídio na pandemia, atos antidemocráticos e ações que atentam a vida dos brasileiros”, destacou Belchior.
Com Fórum e Folha de S.Paulo