(Campo Grande-MS) - O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, afirmou que é necessário os dirigentes sindicais do ramo financeiro saírem da atual zona de conforto, para buscarem enfrentar os desafios e combater os problemas de rotatividade de mão de obra, que desgasta os ganhos de campanha, a precarização do trabalho bancário, as questões de segurança bancária, de saúde do trabalhador e desigualdade na distribuição de renda. Indicou para debate a proposta de trabalhar por acordo de dois anos, otimizando a preparação e as formas de atuação para combater todas essas questões. Apresentou dados estatísticos que comprovam a necessidade desse debate em torno das estratégias desenvolvidas até aqui nas campanhas nacionais.
Cordeiro fez a apresentação sobre os Desafios do Ramo Financeiro e Campanha Nacional na manhã deste sábado (5) no 9º Confetec-CUT/CN – Congresso da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte, que está sendo realizado desde sexta em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Segundo o presidente da Contraf, a confederação dos trabalhadores do ramo financeiro, o 9º Confetec-CUT/CN ocorre num momento importante, dentro de um ano complicado, com eventos políticos eleitorais com influências no destino dos trabalhadores. “Esse congresso é tão importante que sete diretores executivos da Contraf estão aqui para acompanhar os debates dos delegados da região Centro-Norte. Precisamos discutir os problemas da categoria e saber se a ação que desenvolvemos até aqui foi capaz de alterá-los a nosso favor”, disse Carlos Cordeiro.
Rotatividade, precarização, assédio...
Em seguida, passou a apresentar dados estatísticos que comprovam alta rotatividade de mão de obra bancária, instrumento que substitui salários altos por menores. A rotatividade é tão perversa, segundo o dirigente da Contraf, que os salários iniciais são 40% inferiores dos que são demitidos. Não bastasse isso, há um crescimento dos correspondentes bancários, com terceirização e precarização do trabalho, e uso de meios virtuais na prestação serviços (correspondem já a 41% dos serviços).
A precarização dos serviços e a exigência de metas são tamanhas que 4 mil bancários se afastaram por motivos de saúde no ano passado, um quarto dos quais com transtornos mentais. As mulheres continuam sendo menos valorizadas, embora sejam mais da metade da categoria, e ganham até 24% menos do que os homens.
Segundo dados do Dieese, em dez anos de Campanha Nacional a categoria conseguiu 16% de reajuste real nos salários e de 38% no piso. É grave, no entanto, constatar com outras estatísticas que a remuneração média dos bancários continua inalterada, por causa da rotatividade de mão-de-obra. Enquanto isso, o PIB subiu 150% e o lucro dos bancos 300%. “Esta estratégia atual de campanha que desenvolvemos é eficaz?” indaga Cordeiro, provocando a reflexão de todos.
Desigualdade na distribuição de renda
Não bastassem esses dados, Carlão, como o presidente da Contraf é conhecido, mostrou que um caixa do Itaú leva 16 anos para ganhar a renumeração mensal de um executivo do banco e um caixa do Bradesco leva 9 anos para igualar o ganho do executivo de sua instituição. A desigualdade na distribuição de renda é tamanha a ponto de termos no Brasil a sexta maior economia do mundo e sermos o 10ᄎ pior país em distribuição de renda.
Por fim, lembrou que somos capazes de fazer a luta para reverter essa situação. Lembrou da campanha contra o PL 4330 em 2013, quando muitos preferiam não fazer esse enfrentamento alegando ser preferível entregar os anéis a não perder os dedos dentro de uma correlação de forᄃas desfavorável. A Contraf e os dirigentes bancários, ao lado de outras categorias e da CUT, foram à luta e conseguiram barrar o projeto. Carlão conclamou a categoria a manter essa firmeza política e o espírito de luta pois recebeu informações diretas de lideranças parlamentares que a ação empresarial pela aprovação do PL 4330 voltará com tudo após as eleições.
Aprovação das contas
O segundo dia do 9º Confetec-CUT/CN começou com a aprovação por unaminadade das contas da gestão em 2013, após apresentação detalhada dos números pelo tesoureiro Cleiton Silva e pelos membros do conselho fiscal Necimar Gouveia, Arminda Victor e Mariano Bezerra Junior.
A exposição e debate sobre Conjuntura foi adiada para a tarde para atender às mudanças de agenda de Carlos Cordeiro.
Fonte: Fetec-CUT/CN - Robinson Sasaki