Foram inscritos para o 4º Congresso 355 delegados de todo o país
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São Paulo - Na abertura do 4º Congresso da Contraf-CUT, realizada nesta sexta-feira 20 em São Paulo, predominou a avaliação de que o país atravessa uma difícil conjuntura política e econômica, com uma ofensiva das forças conservadoras capitaneada pela grande mídia, e que é necessário intensificar a mobilização para defender os direitos dos trabalhadores, a democracia, a reforma política e a democratização dos meios de comunicação.
Participaram da mesa de abertura o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro; o presidente da CUT, Vagner Freitas; a presidenta do Sindicato de São Paulo, Juvandia Moreira; o chefe mundial da UNI Finanças, Márcio Monzane; o presidente da Fetec SP, Luiz César de Freitas (Alemão); o presidente da Fetraf RJ/ES, Nilton Damião Esperança; o presidente da Fetec Centro Norte, José Avelino Neto; o presidente da Fetraf Nordeste, Carlos Eduardo Bezerra Marques; o presidente da Fetec PR, Júnior César Dias; o diretor da Fetrafi RS, Juberlei Bacelo; a presidenta da Fetraf MG, Magaly Fagundes; o secretário-geral da Contraf-CUT, Carlos Souza; o presidente do Sindicato de Campinas, Jeferson Boava; o presidente da Associação Bancária da Argentina e da UNI Américas Finanças, Sergio Omar Palazzo; e o presidente da Central Sindical Internacional (CSI), o brasileiro João Felício.
Em defesa da democracia
O presidente da CUT denunciou o caráter golpista da campanha pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. "Estamos sendo julgados pelo que fizemos de importante. Além do preconceito de classe, nós incomodamos porque conseguimos mudar a ordem econômica do país. Fizemos uma transformação que antes não tinha sido feita. Tiramos milhões da miséria. Isso incomodou a burguesia, os reacionários", disse.
Vagner também criticou o ajuste econômico que o governo federal quer implementar, às custas dos trabalhadores. "Ganhamos a eleição, mas o ministro da Fazenda está aplicando a agenda do mercado, que cria desesperança e não aponta horizontes, sendo colocada em nosso governo, com as desculpas que a conjuntura do país não é mais a mesma."
"Mas agora temos que lutar para que seja cumprida a agenda que ganhou a eleição. Somos contrários a essa política econômica que está retirando direito dos trabalhadores. Estamos construindo um calendário. Dia 7 é dia nacional de luta contra o PL 4330 para impedir a votação deste projeto que prejudica os trabalhadores. A nossa exigência também é retirar as MPs 664 e 665. Queremos apontar para o governo que, se há necessidade de ajustar as contas, que vá cortar dos ricos, das grandes fortunas, é preciso estabelecer uma reforma tributária. E há condição de fazermos isso", concluiu Vagner.
Humildade e coragem para enfrentar a conjuntura
O presidente da Contraf-CUT reforçou a necessidade de os trabalhadores intensificarem a mobilização para enfrentar a conjuntura extremamente difícil, "para a qual precisamos dar respostas", além de buscar sempre a unidade e "enfrentar a direita para ser de fato a referência dos trabalhadores'.
"Mas é preciso ter a humildade e a coragem de fazer a leitura desse momento, senão vamos continuar perdendo, como perdemos as eleições na Funcef, na Previ e no Caref. Por isso nesse momento de crise da sociedade e do movimento sindical, especialmente da Contraf, precisamos repensar para não botar água no moinho dos banqueiros", disse Cordeiro.
"Somos dirigentes sindicais para combater todas as injustiças. Não podemos permitir que os valores de ódio que estão aí na sociedade cheguem ao movimento sindical. E quando falamos em democracia, temos que ser democráticos também em nossas entidades. Se não, perdemos autoridade", acrescentou, citando uma frase do antigo dirigente sindical Avelino Ganzer, fundador da CUT: "Dirigente sindical precisa aproximar a prática do seu discurso".
"Tenho orgulho de ser da CUT, da Contraf-CUT e do Sindicato de São Paulo, que tem uma história belíssima. Não temos o direito de colocar em risco esse patrimônio da classe trabalhadora. Temos que construir aqui a unidade, sem ódio, para enfrentar as lutas importantes que temos pela frente, como o combate ao PL 4330", concluiu Cordeiro.
'Precisamos fazer a reforma política e democratizar a mídia'
Para a presidenta do Sindicato de São Paulo, "esse momento que estamos vivendo é bastante oportuno para falar de democracia, que é incipiente e está ameaçada. Vivemos o oligopólio da comunicação de massa, TVs e rádios na mão de seis famílias, de milionários, que tentam manipular a informação e a opinião pública e estão disseminando o ódio".
Juvandia lembrou que a CUT e os movimentos sociais organizaram a grande marcha no dia 13 de março, sem deixar de criticar o arrocho fiscal do governo que atinge os trabalhadores, e em defesa da democracia. "Não vamos aceitar o retrocesso da volta da ditadura, muito menos o golpe contra a vontade da maioria do povo que elegeu Dilma", disse.
"Só estaremos defendendo a democracia se fizemos a reforma política. Hoje a maioria no Congresso é de brancos, representantes dos interesses de grupos econômicos empresariais e não do povo brasileiro. Temos que lutar pelo financiamento público de campanha, pela democratização da mídia e pelos direitos dos trabalhadores", acrescentou.
Delegações estrangeiras
Participaram ainda da abertura do 4º Congresso 24 dirigentes sindicais estrangeiros de várias partes do mundo. Veja relação abaixo:
ÁFRICA
Cabo Verde - Aníbal Augusto dos Reis Borges, do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Financeiras de Cabo Verde (STIF).
Moçambique - José Sevene Saute, do Sindicato Nacional dos Empregados Bancários (SNEB).
AMÉRICAS
Argentina - Sergio Omar Palazzo, presidente da Associação Bancária e da UNI Américas Finanças; Andrés Ramón Castillo, Aldo Daniel Acosta, Eduardo Luis Negro, Guillermo Marcelo Marcos Maffeo e Eduardo Dimas Berrozpe, diretores da Associação Bancária da Argentina
Colômbia - Abdenago Aguilar Luna, Víctor Manuel Moreno, da Asociasón Nacional de Empleados Del Banco de La República (Anebre); Sofia Trindad Espinosa Ortiz, Enrique Hernandez Contreras e Maria Camila Espinosa Bernal, da União Nacional de Empleados Bancarios (Unebe).
Costa Rica - Oriette Zonta, do Sindicato de Trabajadores Del Banco Popular (Sibanpo).
Guatemala - Lesbia Amezquita, do Movimento Sindical Indigena e Campesino (MSICG).
Paraguai - Jose Caballero e Rigoberto Urbieta, da Federación de Trabajadores Bancarios y Afines del Paraguay (Fetraban).
Uruguai - Gustavo Pérez, da Asociación de Bancarios Del Uruguay (AEBU).
EUROPA
Espanha - Jose Antonio Gracia Guerrero, da FES-UGT; Francisco Jose Garcia Utrila e Manuel Rodrigues Aporta, de Comisiones Obreras.
Itália - Angelo di Cristo, da Federazione Autonoma Bancari Italiani (FABI); Mario Ongaro e Annamaria Romano, da FISAC-CGIL.
Fonte: Contraf-CUT