Mesmo obtendo um lucro líquido ajustado de R$ 11,227 bilhões nos primeiros nove meses de 2014, um crescimento de 24,7% em relação ao mesmo período do ano passado, o Bradesco cortou 1.640 empregos, o que é totalmente injustificável.
"A redução de postos de trabalho mostra que o banco anda na contramão da economia brasileira que entre janeiro e setembro deste ano gerou 904.913 novos empregos com carteira assinada", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
Se forem comparados os últimos 12 meses, o banco promoveu o fechamento de 2.561 vagas. Assim, o número de empregados da holding em setembro de 2014 caiu para 98.849 ante 101.410 em setembro de 2013, o que representa uma queda de 2,5%, segundo análise da Subseção do Dieese da Contraf-CUT com base no balanço do Bradesco, divulgado nesta quinta-feira (30).
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"Não tem cabimento que com todo esse resultado bilionário o Bradesco continue demitindo e extinguindo postos de trabalho, além da prática da rotatividade de mão de obra", salienta Cordeiro.
"Queremos que o país volte a crescer a um ritmo mais acelerado, com geração de empregos e redução das desigualdades, mas para isso os bancos têm que fazer a sua parte, oferecendo contrapartidas como emprego, crédito mais barato, redução de tarifas, atendimento de qualidade e segurança", defende o presidente da Contraf-CUT.
Menos agências e PAs, mais correspondentes
O banco também fechou as portas de 38 agências e 263 postos de atendimento (PAs) nos últimos 12 meses, sendo 15 agências e 89 PAs entre janeiro e setembro de 2014.
Ao mesmo tempo, a terceirização se intensificou através da ampliação das unidades do Bradesco Expresso. O número desses correspondentes bancários cresceu em 3.406 dependências, dos quais 2.156 somente este ano, totalizando 49.020 em setembro.
"O fechamento de agências e PAs mostra a política equivocada de redução de custos e de precarização do atendimento, com o objetivo de aumentar ainda mais os lucros do banco", enfatiza Andréa Vasconcelos, funcionária do Bradesco e secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT. "Queremos mais agências e PAs para garantir atendimento de qualidade aos clientes".
Mais operações de crédito
As operações de crédito cresceram 7,7% em 12 meses, atingindo um montante de R$ 442,2 bilhões. As operações com pessoas físicas evoluíram 8,6% em relação a setembro de 2013, chegando a R$ 138 bilhões, o que representa 31% do total das operações de crédito.
Já as operações com pessoas jurídicas alcançaram R$ 306,2 bilhões, com elevação de 7,2% em comparação ao 1º trimestre de 2013, totalizando 69% do total do crédito.
"Esse crescimento das operações traz mais serviços e, com a redução de funcionários, aumenta ainda mais a sobrecarga e a pressão no trabalho, afetando a saúde dos bancários e a qualidade de atendimento dos clientes", ressalta Andréa.
"Queremos o fim das demissões, da rotatividade e do corte de empregos. O banco tem que fazer mais contratações e melhorar as condições de trabalho", propõe a diretora da Contraf-CUT.
O índice de inadimplência superior a 90 dias manteve-se estável em relação ao terceiro trimestre de 2013, ficando em 3,6% (subindo 0,1 ponto percentual no trimestre). O banco elevou as suas despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) em 3,2% em 12 meses, atingindo R$ 10,7 bilhões.
Receitas de tarifas x Despesas de pessoal
A receita com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias cresceram 11,9% em 12 meses, totalizando R$ 16 bilhões. Já as despesas de pessoal subiram 12,3%, chegando a R$ 10,8 bilhões. Com isso, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco ficou em 148,46% no 3º trimestre de 2014.
"O banco paga a folha de pagamento dos funcionários somente com essa receita e ainda sobra praticamente outra metade para pagar a folha", conclui Andréa.
Fonte: Contraf-CUT com Dieese